sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pansau Ntchama tinha autorização de residência em França


À medida que a investigação sobre a acção de Pansau Intchama no passado dia 21 de Outubro avança, são cada vez mais as interrogações quanto aos reais motivos por detrás do ataque ao quartel dos Pára-Comandos, em Bissau. Sabe-se agora que Pansau Ntchama, desaparecido de Portugal no final do curso de capitães na Escola Prática de Infantaria em Mafra, em 2010, tinha obtido pouco tempo antes uma autorização de residência em França.

Munido desse documento, que permite o trânsito em todo o espaço Shengen, Pansau terá saído de Portugal e entrado em Espanha e depois foi para França. Aliás, seria a partir de França que Pansau, aproveitando as facilidades concedidas pela autorização de residência, terá feito os seus contactos exteriores em Banjul e Luanda, dois dos países que mais se têm oposto às autoridades guineenses saídas do Golpe de Estado de 12 de Abril. As entradas em Portugal tornaram-se cada vez mais raras. Pansau era um elemento conhecido e temido na comunidade guineense. Mas tanto reconhecimento facilitava o trabalho à rede de guineenses que em Portugal tentavam vigiar e transmitir as movimentações militares para o Estado-maior guineense.

Apesar dos cuidados, as constantes viagens de Pansau para as capitais dos países “hostis” à Guiné-Bissau não terão passado despercebidas ao actual CEMGFA guineense António Indjai. Indjai teria tido mesmo conhecimento dos planos de entrada de Pansau em território guineense em Outubro último. Aliás, Indjai terá ordenado que não fossem colocados obstáculos à sua entrada no país. De seguida, elementos de confiança da estrutura militar ficaram encarregues de vigiar todos os passos do capitão Pansau para conhecer os seus objectivos.

Pansau é uma peça chave no mais mediático dos casos jurídicos guineenses, as mortes do ex-CEMGFA Tagme Na Waie e do ex-Presidente da República “Nino” Vieira, assassinados em 2009. Segundo acusações feitas no passado, Pansau terá participado na equipa que assassinou “Nino” Vieira, sendo por isso, um elemento chave para perceber o que se passou naquela noite e determinar quem deu as ordens para a execução. A armadilha de António Indjai estava montada. Tendo sido ele próprio acusado no passado de ser um dos autores morais da morte de “Nino”, o CEMGFA pretenderá usar agora o depoimento de Pansau para ver o seu nome ilibado na Justiça. Indjai sabe também que os nomes que Pansau vier agora a apontar serão os que ficarão para a História da Guiné-Bissau como os assassinos de “Nino” Vieira. PNN