quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Tirar lições
Acho que pode servir para publicação.
Vamos lá olhar com a lupa esse artigo intitulado “Alta-tensao nos meios politico militar”. Não para criticar! Mas para tentar melhor compreender e, se possível, procurar entender o perfil de algum meio ou de certos indivuduos da nossa Guiné-Bissau.
A primeira coisa que devemos nos lembrar é que a Guiné-Bissau vive e se entretem de rumores. Sem invalidar o velho ditado: “onde há fumo, há fogo!” que aliàs o país sistematicamente dá força de verdade por confirmá-lo quase sempre, sobretudo a partir do golpe de estado de 14 de Novembro de 1980 com o assassinato e asilo de pessoas responsáveis pelo segredo de estado e a decapitação do sistema até aí montado pelo PAIGC. A partir dessa data, até o cãozinho de quem manda conhece segredos do estado. Isso dá fama, torna importante o bajulador e qualquer outra pessoa a roda do poder. Mas, mostra as fragilidades do poder que deste modo se foi arrastastando sem rumo pelas ruas esborracadas da capital. Todos sabemos, que não precisamos ser ministros, jornalistas ou militante de primeira linha de um partido para ter acesso a informação importante senão capital para o desenrolar de qualquer que seja o assunto no país. Assim vai a Guiné-Bissau...
O primeiro paragrafo desse artigo informa sobre a tensão nos quarteis e nos meios politicos: o estado de nervosismo, de perca de controlo e as alas a querer subir enquanto tenta fazer descer outras. É nisto que estamos desde há uns trinta anos. As alas que podemos interpretar por alianças momentaneas sobre bases deslizantes resultaram no 14 de Novembro, no 17 de Outubro, no surgimento de alguns partidos politicos, como o próprio PRS, ou na constituição de alguns governos, na questão da tráfico de armas e o 7 de Junho e mais outros acontecimentos que se seguiram e, só nossas, sucedendo sucessivamente e sem cessar! Portanto não há novidade!
Em todos esses “eventos” houve sempre uns sacrificados, uns que ascendem ou resistem com o tempo, dependendo da capacidade estratégica de estar com esta ou com aquela ala fazendo o “matchundade” e o malabarismo aqui e acolá mas com fito bem claro: sobreviver no circulo das decisões e quiçá, nos tempos actuais, amealhar dinheiro.
Pareceu-nos que o engenheiro Serifo Nhamadjo era uma pessoa lúcida até ouvi-lo dizer, numa dessas emissões televisivas de campanha eleitoral que o falecido presidente Malam Bacai Sanhá (e sua ala ou vice versa – é a mesma coisa) o teria desejado como seu sucessor e, até ter sido nomeado Presidente da República pelos senhores supremos da CEDEAO. Tudo isso, também, como resultado de existência de alas no seio do PAIGC, de conflitos mal resolvidos, de indisciplina partidaria e do contexto no qual esse partido vive há muito e que o levou ao leilão após o sete de Junho. Uma coisa o senhor Presidente de Transição deve saber: “kim ku djunta ku purku farel ki ta kumé”.
Não vale a pena resmungar ou ripostar, pois o senhor Presidente sabe: o outro tinha muito mais carisma, foi chefe deles mas viu a triste e inadmissivel sorte que o coube? De uma coisa estamos certa, o engenheiro homem de paz, esta onde esta para servir quem o colocou lá. Vou lhe lembrar também uma: cagado em cima de uma árvore foi porque alguém o colocou lá. Humilhação? Foi aquilo que a CEDEAO fez com o povo guineense com a sua ajuda também!
Indjai preocupado? Tem faca e queijo na mão! Porque se preocupar? Ele sabe que é o senhor dos céus, da terra, do mar e de tudo o que respira na Guiné-Bissau. Esta mais que provado. E, que a CEDEAO nunca foi solução para nenhum país. E, mais. Os guineenses estão como que anestesiados. Acabou “corta, nanci. Raça banana” ???!
Não vos incito a guerra! Longe de mim tal intenção, já tirei lição do sucedido com o amigo Aly. Os mais lúcidos sabem que sempre é melhor ser “pursumido na gasadjo di guinti” em vez de andar por aí colocando a vida em perigo, como essa de andar a chamar por uma Angola sensata ou pelo proprio Indjai que acudiu e impôs ordem a sua maneira.
Mas constato a falta de liderança e de uma visão estratégica, a avareza pelo poder e, enfim a pequenez do espírito que acompanham os factos e que finalmente levam a criar, a aceitar e a se conformar com rumores.
Em jeito de conclusão: guineenses aprendam a tirar lições!
Quinha