sexta-feira, 16 de novembro de 2012
GUINÉ-BISSAU: UM PAIS SEM ESTADO
A CEDEAO (Comunidade Economica dos Estados da Africa do Oeste) decidiu pelo envio de 3.300 soldados para o Mali tendo em vista o restabelecimento da autoridade do Estado em Bamako e pôr fim à rebelião dos grupos terroristas islamistas no Norte do pais. Esta missão militar durara um ano. Os membros desta organização regional chegaram a um consenso apos discusões maratonas que duraram muitas semanas. No entanto, não é so no Mali onde os islamistas imperam a sua lei. Da Somalia à Nigeria, para não citar que estes dois paises do mesmo continente, porquanto o numero de islamistas armados e a sua capacidade de produzir estragos não precisa de apresentação. Para além dessa luta contra os islamistas da Al-Qaïda, não é so no Mali que a autoridade do Estado deve ser restabelicida.
É o caso da Guiné-Bissau, um dos membros da CEDEAO, que se contenta com sanções que não produzem quaisquer efeitos sobre a Junta Militar no poder depois a independência do pais em 1974. Em Bissau, as forças armadas controlam todos os segmentos da vida politica e economica. Esta constatação não é uma novidade nesse pais onde, no espaço de sete meses, assistimos a dois golpes de estado, do qual um contra-golpe de Estado. Porém, tal parece-me não interpelar as Organizações sub-regionais, continentais e internacionais que se contentam com paliativos de comunicados e de discursos ultrapassados para exprimir o seu «descontentamento», assim como algumas sanções que penalizam mais as populações do que os militares no poder.
No entanto, o que se passa na Guiné-Bissau é matéria de muita preocupação e inquietude. Para além do trafico de droga que é directamente «gerido» pelas altos quadros da instituição militar guineense, o pais esta vivendo uma situação dramatica no plano dos Direitos Humanos. Assassinatos premeditados são regularmente cometidos por homens armados, normalmente identificados. Quem ousara levantar o mais pequeno dedo para denunciar esses crimes que as autoridades de transição, isto é a junta no poder, tentar dissimular ou maquilar quando as pessoas assassinadas são opositores ou pessoas proximas dos responsaveis politicos depostos?
O assassinato de Luis Ocante da Silva, empregado de uma companhiae telefônica, esta longe, longe de ser um caso isolado. O assassinado não é um simples empregado de empresa. Ele é também um prôximo do Almirante José Zamora Induta, Chefe dE Estado-Maior das Forças Armadas deposto no dia 1 de Abril 2010. Segundo os médias guineenses, José Zamora Induta foi indicado como o responsavel do ataque de 21 outubro ultimo à caserna dos para-comandos, não longe da capital, Bissau. Segundo a agência oficial chinesa Xinhua que cita o Estado Maior das FA guineense, o Almirante Induta coordenava este ataque a partir da Gambia vizinha onde se encontra neste momento.
Exilado em Lisboa, em Portugal, o antigo Primeiro ministre deposto, Carlos Gomes Junior, destituido por um golpe de estado em abril ultimo e acusado de ser o cerebro do contra-golpe falhado de outubro, não para, no entanto de alertar a opinião publica africana e internacional sobre as violações quotidianas dos direitos Humanos no seu pais que os militares isolaram do resto do mundo para se dedicarem ao trafico de droga na maior tranquildade. «Somente a implantação de forças internacionais sob a égide da União Africana e das Nações Unidas podera pôr fim à vaga de terror que se instalou no pais», afirmou Carlos Gomes Junior, numa entrevista reproduzida pela AFP. «Nos exigimos o prosseguimento do processo eleitoral interrompido pelo golpe de estado em meados de abril apos a primeira volta das presidenciais que ganhei largamente», acrescenta o entrevistado. O seu apelo sera tido em conta ? Nada é seguro nesse sentido. DE certeza néao no seu proprio pais, em todos os casos, onde o povo não dispõe de meios de luta politica para fazer face a uma junta militar que não deixa minimamente se intimidar, nem pelas sançéoes diplomaticas, nem pelos constrangimentos economicos.