terça-feira, 27 de novembro de 2012
Guiné-Bissau trágica
- Estão confirmadas execuções extra-judiciais, atribuídas a um esquadrão criado no Estado-Maior General das Forças Armadas.
- Exemplos dessas execuções num número de quatro, talvez cinco jovens entre os 27 e os 30 anos, cujos corpos terão sido devolvidos pelo mar na região de Bolama esta semana, e recolhidos pela população.
- Tratar-se-á de um grupo de pessoas que terão sido assassinadas na altura em que militares foram a Bolama capturar (ou recolher?) o Capitão Pansau Intchama, já identificados como Ama Du Baldé, Ensa Dabo, Carlos, Baba (29 de outubro) e Edgar (30 de outubro).
- Os mortos na noite de 21 de outubro foram já identificados, não sendo na sua maior parte militares e sendo Felupes, do Norte do país e não Casamansenses.
- Estão identificados como Ussumane Djata (militar do regimento de para-comandos), João Mendes (presidente da Associação de Felupes em Bissau e professor no Liceu Agostinho Neto), Morel Djata (vigilante de uma empresa de segurança privada), Cucano Manga (taxista), Ananias Djata (militar no Tribunal Militar Supremo) e Inussa (não há mais informações sobre este último).
- É referido também o desaparecimento de oficiais de etnia felupe.
- É referida como crescente uma fractura entre os próprios balantas (os que estão à frente deste processo serão os do norte do país, com fidelidade ao Kumba Yalá).
- Estas informações, recolhidas pelo ditadura do consenso, falam de uma crescente etnização do conflito com divisões dentro dos próprios balantas.
- Após os “exemplos” dos dois dirigentes políticos espancados, Iancuba Indjai e Silvestre Alves, aumentaram nesta semana as intimidações, com ameaças por parte de militares a alguns responsáveis políticos, membros da sociedade civil, jornalistas nacionais e estrangeiros e comentadores de rádios, criando um clima de medo, estancando a investigação jornalística ou a publicação, emissão ou mesmo a saída de informação do país.
- O anúncio de conferência de imprensa por parte do Capitão Pansau Inchama e o seu posterior cancelamento faz surgir interrogações sobre se não havia sido assim planeado desde o seu anúncio, de forma a pôr a circular a “notícia” da existência de uma ”lista de envolvidos”, que iria ser denunciada, com nomes de nacionais e estrangeiros, civis e militares.
- Mesmo que não estivesse prevista a divulgação de tal lista, o efeito pretendido seria o de criar medo generalizado, conhecida como é a técnica de elaboração de listas desde há muitos anos, que dão origem a boatos incontroláveis e denúncias oportunistas.
- É referida a montagem recente, pelo Irão, de um sistema de escuta sofisticado e que levou várias pessoas a pedir para que não sejam feitos contactos telefónicos. Não é possível até agora confirmar esta informação, mas o actual Presidente interino esteve no Irão recentemente e foram feitas declarações públicas de apoios no valor de 18 milhões de dólares.
- Em face desta situação, é-nos referida a necessidade de iniciativas a nível internacional, já que a partir de lá serão muito perigosas, com vista ao envio de uma força multinacional de estabilização e protecção dos cidadãos, face à evidente incapacidade ou falta de interesse por parte da CEDEAO em as garantir, o que passa por pressionar as Nações Unidas a assumir a direcção do processo.
- Ter em conta que o único interlocutor no terreno é a CEDEAO, que é a única ligação do actual poder com o exterior, pelo que devem ser usadas diversas formas de pressão sobre a CEDEAO para de imediato assumir responsabilidades de protecção.
- Criar uma comissão de inquérito internacional aos acontecimentos.
- Propor publicamente a criação de um tribunal Ad Hoc ou a abertura de um processo no TPI, como forma de estancar os assassinatos e pôr fim à impunidade institucionalizada, por forma a que a actual situação de ameaças não se prolongue. AAS