terça-feira, 27 de novembro de 2012
ABRAM OS OLHOS, CAMARADAS: NA GUINÉ-BISSAU, 67 é MAIOR DO QUE 28
Tenho seguido com particular atenção o desenrolar do braço de ferro no hemiciclo guineense entre o PAIGC e o PRS em mais uma exposição publica dos grandes tenores do poder politico na Guiné-Bissau. Mais uma dando exemplo aos cidadãos de tudo o que pode ser, menos uma democracia respeitada e assente sobre os seus verdadeiros principios.
Os debates iniciais da recém aberta sessão da ANP não deixavam pressagiar nada de bom para o respeito da nossa Augusta Assembleia, hoje tomada de assalto pela ala politica do golpe militar de 12 de abril 2012, o PRS. O extremar de posições dessa ala de cunho tribal-militar dava indícios claros de que esse grupo parlamentar, hoje por hoje, não reconhece a maioria legitima do PAIGC resultante da ultima eleições legislativas. Não o reconhece, porquanto o PRS afirma-se hoje ipso facto como a formação politica que detém realmente a maioria na ANP, resultado da sua pertença ao grupo golpista de 12 de abril. Para eles, esta claro de que existe uma inversão de forças no plano politico nacional na qual emana a sua efetiva "maioria", isto é, A MAIORIA DA FORCA DO GOLPE DE ESTADO.
Foi a partir desta leitura instintiva da situação prevalecente em Bissau, que projetei o meu ceticismo quanto ao desfecho final dessa sessão parlamentar... e não me enganei.
Aparentemente unidos na questão da prorrogação do mandato dos deputados e consequentemente do mandato da atual ANP, os deputados dos libertadores, decerto movidos por interesses pessoais de preservação dos seus salários e mordomias inerentes ao cargo, caíram no engôdo da "nova maioria", quiçá sem darem conta. No fim do debate e decisão sobre os postos a ocupar na Mesa da ANP, os deputados ditos maioritarios, acabaram por aceitar a tirania e a força da aparente minoria. Eles aceitaram com o acto da prorrogação dos seus mandatos e da ANP , por um lado, materializar o jogo de fachada da CEDEAO que exigiam que a ANP não fosse dissolvida e, por outro lado, contribuíram com esse fait divers politico, a criar na Comunidade Internacional (normalmente mais atenta à forma que a substância), a ilusão e a aparência de uma normalidade democrática aberta ao dialogo e a inclusão politica, exigência que é unanime de toda a comunidade internacional que segue de perto a crise guineense.
Contudo o "naifiismo" dos libertadores esta ja a custar-lhes caro com a perda do posto chave de Presidente da ANP e de outros lugares nas comissões especializadas e poderá custar ainda mais indo até a humilhação que lhe querera impôr essa minoria, transformada em "maioria em armas". Um custo amargo ja esta concretizado com a recusa do Presidente assaltante da ANP, Ibraima Sory Djalo em entregar a presidência usurpada da ANP, negociando esse status quo com a glutice dos deputados dos libertadores que, cientes apenas dos seus interesses imediatos aceitaram ocupar postos de migalhas que não retratam a escolha democraticamente feita pelos eleitores guineenses.
Os Deputados dos Libertadores aparentemente se acham ganhantes nesse jogo de interesses da Lebre e da Perdiz, mas não tarda muito sentirão o amargo do arrependimento, pois a prorrogação do mandato da ANP em nada lhes servira, mas pelo contrario, ira vai resolver num duplo sentido os interesses e os objetivos dos golpistas, pois por um lado, com a não dissolução desse órgão, "legitima" o status quo do golpe de estado vigente, incluindo a subscrição indireta do Pacto Politico, e por outro lado, com essa legitimação encapotada perpetuarão o assalto do poder... prolongando indefinidamente a transição... até que, por outro golpe de força o poder se transfira definitivamente para quem o detém efetivamente na Guiné-Bissau, Kumba Yala.
Importa porém, chamar à atenção dos Deputados dos Libertadores de que, de ora em diante, perante o presente cenario em que se envolveram, quaisquer tentativa de retracção politica, colocara o Partido por quem foram eleitos na situação de entrave ao processo de normalidade constitucional e força de bloqueio a normalidade politica na Guiné-Bissau. A estas situações deverão estar preparados, pois a "nova maioria" a isso lhes tentarão conduzir para, com ele se servirem e vos indicar como bodes expiatorios da situação de permanente impasse que se ira instalar seguramente no pais.
Finalmente, os meus compatriotas podem querer que, se nada acontecer, de livre e expressa vontade das atuais autoridades golpista, civis e militares, nunca haverá eleições na Guiné-Bissau... e, se nenhuma pressão se se fizer nesse sentido nem daqui a 4/5 anos no mínimo o haverá.
Justino Delgado, apesar de se ter juntado aos golpistas, em bom tempo ja tinha deixado o aviso aos Libertadores : Abram os olhos, Camaradas, ... porém, a ganância e a vista curta dos Deputados Libertadores nos faz constatar de que, hoje em Bissau 67 deputados democraticamente eleitos , vale menos do que 28 Deputados golpistas.
Abdu Camara, "As"