segunda-feira, 30 de julho de 2012

PÉS QUE NÃO CAMINHAM CRIAM RAÍZES...



"Aly,

Para além de colaborador, sou um leitor assíduo do teu, “nosso” blog. Arrisco a dizer que li todos os artigos editados no D.C. desde 12 de Abril. Não dá para disfarçar... Confesso que sou “ditaconsensodependente”. Isto porque sou apologista de um jornalismo interactivo, com espaço para a qualidade, que relata a verdade e, porque não, com duas costelas de patriotismo.
 
Sou um cidadão muito atento e leitor compulsivo de notícias da nossa querida Guiné, onde dia sim dia não, verdadeiras bombas de vergonha explodem sobre esta nação que deveria ser banhada de bênçãos divinas. São mais do que evidentes os episódios gritantes de irresponsabilidades, actos que vão desde abusos de poder até espasmos de extremo ódio e violência.
 
Ao longo destes meses de incertezas e angústias do povo guineense, constatei que o ditadura do consenso tem também uma componente sociocultural forte. Excelentes críticos, analistas políticos, escritores mostram os seus talentos e descontentamentos, poetas desconhecidos não escondem os sentimentos nos seus versos. Parabéns!
 
Parabéns a todos os “bloguistas”, sites, e cidadãos que fazem as notícia chegarem aos nossos aposentos, principalmente a nós que vivemos na diáspora, com atitude de coragem, profissionalismo e patriotismo! Parabéns aos jornalistas ou não, que disponibilizam os seus espaços virtuais para debates, comentários e até sondagens concernentes a esta conjuntura sociopolítico que a nossa Guiné-Bissau atravessa! São bem-vindas as “nobas di nô terra” críticas construtivas e sugestões, sejam elas da esquerda, da direitas ou do “centro”, desde que respeitem os princípios de ética profissional. Aliás, o exercício da liberdade de opinião, expressão e informação, é um direito humano e factor vital na conquista e fortalecimento da paz.
 
Caros compatriotas, o país só tem a ganhar com a intelectualidade dos seus filhos.
Independentemente das nossas, convicções politicas, divergências de opinião e preferências, temos os mesmos objectivos que é acima de tudo, o bem estar deste povo sofridor e o desenvolvimento do nosso país. É claro que devemos trabalhar para fazer valer o que acreditamos. Mas, isso exige respeito aos demais e o cuidado de observar se o momento é apropriado ou se é hora de se calar. No regime democrático o que se espera é mesmo o debate e a disputa. Mas, devemos tomar atenção e não deixar exaltar os ânimos... Pois, o exercicio da cidadania é coisa séria. Até porque, nós, “fidjus di é tchon sagrado” temos a responsabilidade social acrescida... Temos que admitir que somos os verdadeiros culpados de toda esta zaragata. Confesso que é doloroso assistir a nossa Pátria, a passos longos, caminhar, rumo a um hospício.
 
É hora de unir esforços, usar as nossas inteligências ao serviço do povo e ajudar a resgatar a nossa querida mãe Guiné do labirinto! Temos que reconhecer o papel importante que a informação e a comunicação desempenham no mundo contemporâneo, e sobretudo, na Guiné-Bissau neste período conturbado. Ninguém é merecedor de coronhadas violentas, ataques virtuais e nem tão pouco perseguições alucinantes, por opinar, defender os direitos dos mais humildes, baseando sempre na realidade dos factos.

“Há que encontrar algo que faça carburar o País. Qualquer coisa. O Ultra-nacionalismo, o anarquismo, a desobediência civil, eu sei lá que mais. Qualquer coisa, mas não - nem por sombras! - um cabide onde nos pendurarmos a comer o pó dos dias e à espera de dias piores...”AAS.

Antes de terminar, gostaria de comentar este “emocionado” parágrafo extraído do artigo “Maravilhoso 1973”(AAS). Caro Aly, a Guiné-Bissau, para poder carburar a todo o vapor, carece realmente de acções com muita firmeza. acções como “Desobediência Civil” que o fulano pediu, acções como “Marcha da Liberdade” que o beltrano exigiu... São estas e outras pequenas acções que geram conquistas e mudanças em nós e nos dão a certeza de que somos capazes.
 
Irmãos,” os pés que não caminham criam raízes” deixemos de dizer apenas que amamos o nosso país; Vamos amá-lo em verdade e demonstrar não só com palavras e promessas mas sim, pelas nossas posições e atitudes que revolucionem e que dêem resultados. “Um grande objectivo começa com pequenas acções mas, uma pequena acção, não sai do lugar apenas com grandes promessas”.

A questão é que os guineenses deixam de fazer a sua parte, porque acham que não fará diferença alguma para o país, já que ele se encontra atolado até ao pescoço.
Mas como dizia Madre Teresa de Calcutá: " Sua acção pode ser uma gota no oceano, mas o oceano fica menor sem uma gota”.
 
Que corra sangue de touro nas nossas veias...!!!

Bom dia a todos, com muita leitura e atitudes do bem!
 
Lisboa, 29/07/12
Vasco Barros."