terça-feira, 6 de novembro de 2012
Polícia Judiciária sem poderes
Uma equipa da Polícia Judiciaria chefiada por um inspector de nome Pedro* e mais quatro agentes desta instituição, foi destacada no passado dia 2 de Novembro, para o sul do país concretamente no sector de Cacine, mas passaram as passas do Algarve e estão agora refugiados... na vizinha Guiné-Conacry. O motivo da deslocação destes agentes teve a ver com uma denúncia: uma aeronave de pequeno porte num constante e desenfreado vaivém. As autoridades suspeitaram logo que o aparelho transportava cocaína. Investigando um pouco mais, descobriu-se que aterrava sistematicamente numa das aldeias deste sector, e, pasme-se, sob forte protecção dos militares.
Caçador vira presa
Acontece que assim que o CEMGFA António Indjai foi informado desta missão da PJ, decidiu de imediato despachar o seu esquadrão da morte e de espancamento para seguir a equipa da PJ pela zona sul. A primeira coisa que fizeram foi dividir-se em dois grupos - um seguiu directamente os agentes da PJ enquanto que o outro tomou posições na fronteira junto à Guiné-Conakry.
Por sorte, a equipa da PJ foi informada da perseguição dos militares e a primeira medida que tomaram foi abandonar a viatura em que se faziam transportar. De seguida, embrenharam nas profundezas das matas do sul, em direção à Guiné-Conakry. Felizmente, conseguiram entrar no país vizinho graças ao domínio do terreno pela parte do inspector da PJ, por ser originário desta localidade. Para já, encontram-se a salvo, aguardando a evolução das negociações com o António Indjai com vista a autorizar o seu regresso à Guiné-Bissau.
'Governo' apático
O 'governo de transição' foi de resto informado do sucedido, mas nem o ministro da tutela, menos ainda o 'primeiro-ministro' moveram uma palha para falar com o CEMGFA sobre a situação destes agentes, tudo isto com a agravante de um ministro envolvido no assunto ter dito que a única opção que resta à equipa da PJ "é a sua rendição e consequente entrega aos militares". Aliás, António Indjai terá dito em tom muito nervoso que a PJ anda a perseguir os seus interesses - facto que não toleraria de forma alguma. Anunciou mesmo, em tom acusatório, saber que o Director-Geral da PJ está em Portugal para reunir com o Ex-primeiro-ministro, Carlos Gomes Junior.
Assim, e para esclarecer as verdadeiras razões da ausência do João Biagué do país, desde a semana passada, o ministério da Justiça tornou público, ontem, um comunicado de imprensa informando que este responsável encontra-se de facto na Europa, mas em Itália e não, como disse o CEMGFA, em Portugal, para participar no encontro anual da Interpol que irá culminar com a eleição do próximo director-geral, que pela primeira vez será ocupado por uma mulher, de nacionalidade Francesa. António Aly Silva
(*) Nome fictício.