quinta-feira, 8 de novembro de 2012
DITADURA DO CONSENSO - Parar ou não, eis a questão
DITADURA DO CONSENSO, vai a caminho dos 5 milhões de visitas. Desde 2004, tirando um ano sabático, editei o blog com paixão, com irreverência, mas sobretudo com responsabilidade de cidadão e acutilância jornalística. Agora, achei ter chegado a hora de parar para pensar. E, pensando, questiono-me: Será que devo deixar-me matar por causa do blog? Não me parece. E estar sempre a fugir do país por causa de ameaças reais? Também não. Não quero ser herói, nem coisa que o valha. Não corro por condecorações, fujo de homenagens a sete pés, não quero a glória. Não me interessa para nada.
Eu gosto do meu país, a Guiné-Bissau. Gosto muito mesmo. Apenas quero viver, morrer e ser enterrado LÁ. Mas não quero ser assassinado por alguém que confunde a caneta com a catana. Portanto, e seja qual for a decisão que vir a tomar, espero que me entendam. Empatei muito, mas muito dinheiro no blog; fui preso e espancado e desapossado dos meus bens de trabalho. Sacrifiquei um casamento de 10 anos, com um filho maravilhoso, e a presença junto dos meus dois filhos - algo que não me posso perdoar. Gostava de editar um livro: Ditadura do Consenso, o livro.
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Ainda hoje, falava com um amigo que vive e trabalha nos EUA. Deste lado, e quase por entre lágrimas, confidenciei-lhe o que verdadeiramente vinha sentindo de um tempo a esta parte: O fim do blog está próximo. Sinto-o. É por demais palpável. Quero apenas regressar ao meu país e viver em paz, ainda que revoltado, junto do milhão e meio de guineenses que, como eu, deixaram de ter voz.
Até lá, até chegar ao número mágico dos 5 milhões de visitantes, continuarei determinado, lutando ao lado - ainda que agora esteja longe - da maioria do povo guineense na busca pela democracia e pela liberdade. Até lá, continuem a contar comigo. Depois disso, deixarei que outros continuem, torcendo - e porque não? - para que tenham igual ou maior sucesso. É que eu não sou egoísta. Boa noite a todos, e muito obrigados pela vossa compreensão. António Aly Silva