quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Cadogo > "Hoje um homem que tem uma arma pode-me ameaçar, mas não é homem para me enfrentar corpo a corpo"
A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição, na sequência de um golpe de Estado em abril passado, que deverá conduzir o país a eleições em abril de 2013. As atuais autoridades de Bissau não são reconhecidas pela comunidade internacional, mas têm o apoio da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a organização regional da qual o país faz parte.
Carlos Gomes Júnior, que falava em Lisboa numa conferência de imprensa em que também participou o Presidente da Guiné-Bissau deposto, Raimundo Pereira, admitiu contudo que atualmente essas condições ainda não estão criadas. "Quando os políticos são espancados e são proibidas manifestações nas ruas, não estamos num Estado de direito. Nós queremos é repor a Guiné-Bissau no Estado de direito que existia antes de 12 de abril, em que existia liberdade e condições para qualquer cidadão se expressar livremente", disse.
Carlos Gomes Júnior não acredita que seja possível realizar eleições em abril de 2013 e voltou a defender a continuidade da segunda volta das eleições presidenciais, que foi interrompida pelo golpe de Estado de 12 de abril. A hipótese de "fazer uma eleição de raiz será muito remota porque tem custos e quem é que vai custear", questionou. O primeiro-ministro deposto defendeu que "só com o diálogo se podem conseguir resultados concretos" na resolução da crise da Guiné-Bissau e enalteceu o papel da União Africana na tentativa de aproximar as posições das autoridades de transição e do Governo deposto.
"Só com o diálogo podemos conseguir resultados concretos. Não é com insultos, não é com palhaçadas ou com ameaças. Hoje um homem que tem uma arma pode-me ameaçar, mas não é homem para me enfrentar corpo a corpo. Ninguém, seja ele quem for, me pode ameaçar. Estou livre para voltar ao meu país", disse. Carlos Gomes Júnior, que tem feito um périplo por vários países em busca de apoios, adiantou que conta com Portugal e com todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para levar às Nações Unidas "tomar o processo em mãos", considerando que "só meia dúzia de países da CEDEAO não são suficientes para resolver os problemas da Guiné-Bissau". RTP