sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Não virar costas
Irmão Aly,
Ouvi o teu desabafo,
...dizendo querer desistir,
deixar-nos sós, perdidos...
orfão, das esperanças diárias,
que se renovam na tua leve pluma... prenhes de irreverência,
satiricamente fina,
de acutilante verdade.
Ouvi, mas não acreditei,
conhecendo-te,
faço questão de não te levar a sério,
pois, não me lembro,
ver-te virar costas à luta.
De peito aberto,
teus inimigos,
sempre olhaste de frente,
bazuka apontada, aos teus grandes olhos de espanto,
sem cobardia, soubeste conter-te,
gesto impotente, ... perguntaste apenas,
..., o porquê.
Veio depois,
o imponente Algoz,
...saido do nada, silenciosamente,
benzeu-te com o sinal da decapitação,
vacilaste e, pensaste na morte,
a prudência não é uma demência,
...de mansinho, furtaste-te ao encontro dos finados.
Esse fim mortal, que todos tememos,
sem gloria talvez,
quiça mesmo, um dia ninguém se lembre de ti,
assim, pensaste resignado quizeste desistir
Porém,... digo-te, que estas errado irmão.
Um desabafo como o teu,
virá sempre do comum dos mortais,
e, entre eles, haverá alguns que desistem,
são aqueles que não crêm na justiça,
são aqueles que não acreditam na verdade
Tu acreditas neles,
tu neles foste forjado,
voluntariamente
esses ideais abraçaste,
sem gloria esperar
foi o dom e a missão que o Povo te confiou.
Para, em seu nome,
falares,
contra aqueles que nos estão oprimindo,
contra aqueles que nos tolhem a liberdade,
contra aqueles que nos estão matando
A tua vida é uma luta sem retorno,
essa tua permanente irreverência,
essa tua natural rebeldia,
é uma missão que o Povo te confiou,
para,
com a tua pluma por ele esgrimar.
Um amigo de infância