sábado, 26 de maio de 2012
A CULPA É UM ELEMENTO DE IDENTIFICAÇÃO INTRANSMISSÍVEL
Ao assistir parte da declaração do António Ndjai, no absurdo de que Portugal pretende colonizar, por uma segunda vez, o nosso cobiçado território, fiquei com mais pena de tantos outros como ele, e também de Kumba Yalá, o seu provável ideólogo.
Para os que assim aprenderam, a colonização, enquanto durou, entre várias políticas e outras incontáveis práticas nefastas, para melhor dominar os colonizados, procurava negar instrução de qualidade a maioria da população indígena, filtrando com critérios discriminatórios, em todos os diferentes acessos, aos meios oficiais de aprendizagem académica, assim como os de enriquecimento espiritual, facto esse que, de maneira mais que óbvia, favoreceu uma minoria localizada nos grandes centros urbanos, da qual não fazia o grosso, muitas famílias, mas que felizmente, com os mais altos sacrifícios de alguns descendentes daquela minoria antes privilegiada, chegou-se aos anos da ambicionada independência, e com eles, a promoção da plena liberdade, e direitos equitativos para todos.
Portanto, se hoje a nossa sociedade pode contar com demais quadros superiores, provenientes de todos os estratos, foi também porque, os que outrora beneficiaram de uns especializados tratamentos dos colonos, que por isso mesmo, quase sempre, nem eram dos mais adequados aos padrões civilizacionais, souberam, com considerável grau de altruísmo, disponibilizar influência e mobilizar vontades e saberes, ao serviço de uma gloriosa luta de libertação nacional. Por isso é que, tendo em conta estes e mais outros factores, continuo a não entender, porque milhentas cargas de água, mesmo passados todos esses anos, ainda persiste nalgumas mentalidades, e muitas delas, da dita classe dos intelectuais, um vergonhoso, quando não é repugnante, complexo de inferioridade, em relação aos que ainda atribuem o pejorativo de assimilados do colonialismo.
Gente, com Portugal, apesar todos os pesares, mais do que qualquer outra nação do nosso planeta, de fora Cabo Verde, temos uma longa ligação histórica e afectiva, que nada, mas nada e nem mesmo ninguém, conseguirá fazer fracassar, quanto mais fazer desaparecer; Portugal de todas as culpas e mais algumas, é a nossa maior janela para todo um vasto conjunto de oportunidades, no que respeita às necessárias conexões de diversas linhas diplomáticas, para uma cooperação económica internacional, e o seu devido sucesso; Portugal de hoje paternalista e tirano, sempre demonstrou ser o país mais disponível, por via das mais diversificadas ajudas aos polos de desenvolvimento, para a resolução dos nossos problemas conjunturais e estruturais.
E julgo, com certas dúvidas, que devemos registar para todo o sempre, o facto de, nessas últimas eleições, mesmo a lidar com os malefícios de uma grave crise económica e financeira, Portugal ter enviado, e suportando todos os custos, um avião militar de carga, com todos os materiais gráficos necessários, para tentar garantir ao povo, a condigna expressão de uma liberdade fundamental em democracia, que é o simples direito de mandatar, através dos votos singulares nas urnas, os seus legítimos governantes, que apesar de tudo, agora, como de resto tem acontecido na sequência das anteriores eleições, foi lhe negado, por um grupo de prevaricadores.
Aos que com uma hipocresia doentia, tentam a todos os custos, hostilizar Portugal por tudo e por nada, quero vos lembrar a partir daqui e agora, que a vossa frustração será cada vez maior do que o tamanho industrial da vossa ignorância. A verdade dos factos é incontornável, e vocês serão todos os dias das vossas vidas, uma insignificância, muito abaixo desse nível que tanto vos incomoda, por isso mesmo andam inflamados nessa aflição constante, a exaltar uma afirmação ingrata. Sobre pontas dos pés, e sem timbre para encarar nos olhos alguém que seja, sempre caminham os que se sentem pequeninos.
Fiz uma referência ao reputado necrófago político, Kumba Yalá, porque esse, como dos mais conhecidos e destacados pregadores dessa ideia tão retrógrada, como o próprio colonialismo, fundou um partido, cujo o decifrar da sigla, não deixa enganar os mais atentos, que no momento, até representa aparentemente, uma segunda força política, na Assembleia Nacional Popular, mas que de facto, só representa uma tentativa mais que faliada, de enraizar tristes consequências de um superável mal estar na alma, de tantos e tantos quanto ele.
Esse homem com os anos já mais adulto, devia lembrar que em tempos de profundos desesperos, nos múltiplos quadrantes da nossa sociedade, - portanto, justificáveis, com alguma dose de compreensão - conseguiu ascender ao mais importante cargo na hierarquia do Estado. Mas porque não conseguiu impor, pela respectiva consideração, nunca fez por merecer, e jamais merecerá, a nobreza daquela função.
A felicidade, como o mais supremo bem, entre todos os outros possíveis, consegue-se a partir do nada, justamente, porque só se encontra dentro de cada um nós. De nada adianta grandes obsessões, ao longo da vida, sobretudo, quando essas significam lutar para destruir tudo o que julgarmos ser, um dos motivos, para a felicidade dos outros.
Quem com coragem e determinação suficiente, conseguir empreender a mais dura de todas as caminhadas, e de maneira solitária, fazer uma viagem interior, na descoberta da sua felicidade, para sempre será feliz, porque também deixará um eterno legado de felicidade ao nosso mundo.
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.
Flaviano Mindela dos Santos