sábado, 26 de maio de 2012
Sarabandeando
SARABANDA. Ou, A Primorosa de Alvalade. Frequento esta casa desde os anos '90, e, de cada vez que venho a Lisboa, visito-a. Aqui, sinto-me bem, sou bem acolhido, tanto pelo dono como pelos empregados. E apetece-me, hoje, falar do Henrique. Há sítios onde nos sentimos bem, confortáveis. Não nos incomodamos com nada, e o ambiente favorece. Comecei a frequentar o Sarabanda por influência de um amigo e quase-irmão: o Tó-Manel. À sexta-feira, e ao sábado era fatal. Um telefonema avisa: vamos. E temos a mesa. Eram duas garrafas de bom whisky. Bebíamos, felizes, sem nos importarmos com o passar das horas: a casa era mesmo ali ao lado, na Óscar Monteiro Torres.
O Sarabanda era frequentado por muitos guineenses, compatriotas nossos, gente sedenta de diversão. Hoje, passados mais de vinte anos, é a ÚNICA casa que eu frequento quando venho a Lisboa. Gosto, e os gostos não se discutem. Ponto. Sou bem recebido, a começar pelo porteiro. Um senhor simpático e afável, conhecedor da noite e dos clientes. Sorri para nós. Sempre que me vê à porta, larga um grande sorriso. "Bem-vindo, há que tempos!". Sabe bem. Fortalece-me por dentro.
Voltei ao Sarabdanda, ontem. Volvidos mais de dos anos (o tempo que já não vinha a Lisboa), o porteiro ainda se lembra da minha cara, o que é bom. Agradecido, retribuo animado. E contente. Frequento esta casa desde os anos '90 e não tenho razões para não voltar. Volto sempre, voltarei as vezes que forem necessárias. Uma, duas, as vezes que forem. Sinto-me bem ali. Nada me preocupa. Os clientes, ainda que os não conheça, sorriem, cumprimentam. É a alma do Sarabanda.
Mas apetece-me falar do Henrique. Um velho conhecido, do 'bar dos fumadores', que me cumprimenta com um aperto de mãos, de homem. Um amigo dos idos tempos. E, não, nunca falamos do Tó Manel. O Henrique sabe que o Tó deixou-nos faz tempo, mas que eu continuo a frequentar a casa, talvez pelo Tô, mas certamente pelo Henrique. Hoje, apresentou-me uma marroquina. "Falas francês?" - Oui, bien sure. E ela era simpática, uma senhora.
O prorietário da casa, um senhor 5 estrelas. Conhece-nos pelos nomes. "Vi-o há dias na televisão", disse-me preocupado. "Que tal está?". Tudo bem. Confidenciei-o. "Coragem, aquilo não é fácil". Concordamos. Uma palmada no ombro selou aquele encontro. Estou-lhe agradecido. Sabe bem voltar a casa, pensei. Podem tomar-me por um piquinhas, mas adoro o Sarabanda. Frequento-o sempre que venho a Lisboa - aliás, é a única casa que frequento. Sinto-me bem ali, mesmo junto à praça de Entrecampos, na Av. Estados Unidos da América.
O Saabanda merece uma visita, e dois dedos de conversa. Com o Henrique, ou qualquer dos empregados. Tem duas salas, uma com música ao vivo e outra para dançar. Em qualquer uma sentimo-nos bem. Somos tratados com respeito e amizade. E quem é que não gostaria de se tratado assim. Hoje mesmo, voltarei. Para umas imperiais e dois dedos de conversa com o meu amigo Henrique. Um abraço ao Sarabanda. António Aly Silva