sábado, 28 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Diplomacia do croquete ou do caviar? Nim!
DAQUI, mas podia servir para os diplomatas acreditados em Bissau:
"E não é que há um país com uma nova espécie de diplomacia, a Diplomacia Voluntária, cujos embaixadores não têm vontade nenhuma, embora alguns sejam involuntariamente embaixadores de boa vontade?"
- Manuel CCXIII Paleólogo©
Verdade ou consequência?
Carlos Gomes Júnior pode cair. A ser verdade, o estrondo deve ser ouvido no Madina do Boé... Consequências.
Tempo de.
Aqui, o tempo dá-me ideia que anda às arrecuas: hoje é domingo, amanhã será sábado.
Ja toquei isto amanhã: percebo tão bem.
Tive de a perder para, finalmente, entender que o sabor das coisas recuperadas é o mel mais doce que podemos experimentar: uma espécie de vertigem feliz e o inchar de um desejo confuso, que me consome, misturado com um espirro. Deve ser isso a que chamam de amor. A ternura e dedicação inigualáveis que o corpo dela acendiam no meu corpo.
AAS
Ja toquei isto amanhã: percebo tão bem.
Tive de a perder para, finalmente, entender que o sabor das coisas recuperadas é o mel mais doce que podemos experimentar: uma espécie de vertigem feliz e o inchar de um desejo confuso, que me consome, misturado com um espirro. Deve ser isso a que chamam de amor. A ternura e dedicação inigualáveis que o corpo dela acendiam no meu corpo.
AAS
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Pensamento do dia(*)
Às vezes choras e ninguém repara nas lágrimas;
Às vezes estás feliz e ninguém repara no teu sorriso;
Mas...
Experimenta dar um peido!
(*) Enviado pelo AM. Democraticamente, publico-o. Experimentem e depois digam qualquer coisa. AAS
Às vezes estás feliz e ninguém repara no teu sorriso;
Mas...
Experimenta dar um peido!
(*) Enviado pelo AM. Democraticamente, publico-o. Experimentem e depois digam qualquer coisa. AAS
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
"Quando a verdade é substituída pelo silêncio, o silêncio é uma mentira".
Yevgeny Yevtushenko, poeta e dissidente soviético
Excitações
- Presidente do Conselho Nacional Islâmico, comentando a baixa de preço do arroz:
"Agora, se Deus quiser, encontras o teu saco de arroz por 15.000 fcfa. O País arrancou... vai arrancar"
- Presidente da Fundepp, divagando sobre o hipotético regresso do contra-almirante Bubo Na Tchuto:
"Bubo Na Tchuto não pode querer um regresso com o aparato que deseja"
- Comunicado do Tribunal de Contas, que nada mais tem para comunicar:
- "O TC comunica que o seu presidente, Francisco Fadul, foi hoje para Macau"
- Presidente do Sinaprof, provando do seu próprio veneno:
- "Hoje, quando se fala de Administração, muita gente pensa que se trata de um outro País do mundo"
Recolha de AAS
telexgrama
tombali STOP sul e primatas STOP no 'República' também gostamos de 'chimps' STOP no governo também STOP quatro dias STOP
sábado, 21 de fevereiro de 2009
O domínio GW foi vendido? Não, foi comprado!
O Governo de iniciativa presidencial de 'Nino' Vieira, chefiado por Aristides Gomes vendeu o domínio web GW (Guiné-Bissau). Perguntarão: porquê (que palavra!)? Porque o .com vai acabar, sucedendo-lhe - adivinharam! - a Global Web (GW).
Por quanto? Si bô marra nhu Aristidi son, bô na sibi bardadi... AAS
Garrafa no jogo de pedras?
O passeio matinal - «distindi perna», - de hoje do nosso 1º Ministro, levou-o directamente à «garagem», na Rua de Moçambique - local onde qualquer poítico devia pensar duas vezes antes de lá meter os pés...
E lá estava o Aly, com três companhias: o seu amigo de longa data que dá pelo nome de Johnnie Walker - (djon iandadur para os amigos; é um americano bêbado que caiu nem se sabe como na Guiné...) - pousado sobre a mesa, o indispensável maço de Marlboro que me distrai e, de certeza, me vai matar e o Nokia E61. Digamos que a cartucheira estava cheia.
Carlos Gomes Júnior entrou, cumprimentou toda a gente com afabilidade (estavam lá um ministro, dois secretários de Estado, pelo menos um ex-secretário de Estado). Mas assim que viu o F., atirou: «eh pá, andas desaparecido», ao que o outro respondeu prontamente: «Sr., 1ª Ministro, estou à espera que acabem as nomeações para aparecer...» - gargalhada geral. Cadogo também ri.
Minutos depois, F. vem sentar-se junto do PM e queixa-se: «Há aí um deputado que anda a prender gente...isso é normal?». Cadogo, sempre afectivo, advoga: «não votaram nele para prender pessoas, pois não?». Claro que não foi para isso.
J., no seu canto, e sem que ninguém estivesse à espera: «Aly, a nós ninguém nos prende não é assim?». Aly: «É. É assim mesmo. Ninguém nos prende». Nova gargalhada na «garagem».
O 1º Mnistro saiu pouco depois. mas tudo indica que voltará não tarda nada. AAS
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
É este o País que temos
Com a 1a edição pronta - e que manchete para deixar o Tribunal de Contas, e o seu presidente em turbilhão...chega a pior das notícias: não há papel para a impressão do semanário República, do qual sou director. Nem para 500 exemplares!!!
Resultado? Ou vou amanhã a Banjul, e trago o papel que encomendamos hoje, ou o jornal corre o risco de falhar a saida, prevista para o dia 24, e para todas as 6ªs feiras que se lhe seguirão. Amanhã saberei mais.
PS - Se o contra-almirante assim o desejar, há boleia na volta e sem quaisquer custos... AAS
Resultado? Ou vou amanhã a Banjul, e trago o papel que encomendamos hoje, ou o jornal corre o risco de falhar a saida, prevista para o dia 24, e para todas as 6ªs feiras que se lhe seguirão. Amanhã saberei mais.
PS - Se o contra-almirante assim o desejar, há boleia na volta e sem quaisquer custos... AAS
Uma missa é uma missa é uma missa
Amanhã, será celebrada uma missa pelos 3 meses do desaparecimento prematuro do PRID. Antes, um cortejo percorre as principais ruas da capital. E passa pela Rua de Angola... Às 19h. AAS
Novelo
Vi o F. no Palace. Observei-o: porte altaneiro, orgulhoso, como quem olha os outros por cima do ombro. Trocamos umas palavritas de circunstância, porém ácidas. Como devia ser.
- Cerca de 600 agentes da Polícia de Ordem Pública foram mobilizados para garantir a segurança nos 4 dias do carnaval. Criaram-se postos avançados, e, pasme-se, ou nao, inventaram mais uma coisa com um nome estranho: Força Muscular Movel...!?
Fiquei sem saber se se referiam à força da Nokia, da Motorola ou mesmo da HTC... E depois queixam-se que as crianças ficam violentas...
- Carlos Gomes Júnior, hoje, na PJ: cada caso é um caso... O homem lê mal, e a falar é um desastre. Pelo contrario: a Directora-Geral da PJ é uma senhora lúcida, forte e com opiniões, enfim, uma mulher como é dífícil encontrar num homem.
AAS
- Cerca de 600 agentes da Polícia de Ordem Pública foram mobilizados para garantir a segurança nos 4 dias do carnaval. Criaram-se postos avançados, e, pasme-se, ou nao, inventaram mais uma coisa com um nome estranho: Força Muscular Movel...!?
Fiquei sem saber se se referiam à força da Nokia, da Motorola ou mesmo da HTC... E depois queixam-se que as crianças ficam violentas...
- Carlos Gomes Júnior, hoje, na PJ: cada caso é um caso... O homem lê mal, e a falar é um desastre. Pelo contrario: a Directora-Geral da PJ é uma senhora lúcida, forte e com opiniões, enfim, uma mulher como é dífícil encontrar num homem.
AAS
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Ai, Cadogo!
O 1º Ministro, Carlos Gomes Júnior, é agora uma espécie de Paulo Bento da nossa politica - a equipa precisa de tranquilidade, o balneario respira tranquilidade, o relvado esta com tranquilidade à espera dos pitons. O chefe do Executivo adora a deixa «cada caso é um caso».
PROPOSTA/EXEMPLO:
Sr. 1º Ministro, especula-se que faltam-lhe familiares com qualificação para dirigir a morgue do hospital Simão Mendes. Quer comentar?
1º Ministro: Quero, sim! Bom, nós dizemos sempre, cada caso é um caso e, se, por acaso, isto for um caso, logo veremos se teremos caso, ou não, para fazer caso...
Temos caso? AAS
PROPOSTA/EXEMPLO:
Sr. 1º Ministro, especula-se que faltam-lhe familiares com qualificação para dirigir a morgue do hospital Simão Mendes. Quer comentar?
1º Ministro: Quero, sim! Bom, nós dizemos sempre, cada caso é um caso e, se, por acaso, isto for um caso, logo veremos se teremos caso, ou não, para fazer caso...
Temos caso? AAS
Deixem-me com os meus...
Em Moçambique, chegou-me via BBC, os testículos é que estão na moda. E extraídos com os seus (ainda) legítimos proprietários, em vida. Uiiiiii! As autoridades apelidam-no de «tráfico de partes do corpo» por causa de crenças e práticas supersticiosas. E que tal... «Capar à antiga».
Eu, Aly Silva, em Moçambique? Sim, mas de preferência para ser enterrado. Com os meus 'tomates', e tudo o mais! AAS
Tu queres ecus
Não havia necessidade. A União Europeia, enviou uma senhora delegação (sem ofensa para as ditas, bem entendido) à Guiné-Bissau «para apresentar o relatório referente às eleições legislativas» de há três(!) meses. Noventa dias, portanto.
Dezenas de milhar de euros gastos numa semana, ou menos, quando a UE tem no País uma super-delegação que podia fazê-lo sem gastar um quarto desse montante. O pior mesmo é que todas essas despesas serão contabilizadas como sendo de «ajuda à Guiné-Bissau». «Mas gasta por nós, europeus», podia acrescentar-se? - é uma recomendação minha.
Foi então que ouvi o eurodeputado belga Johan Van Hecke, o chefe da Missão de Observadores Eleitorais da UE: solene e malcriadamente, esfregou-nos na cara as notas de euro, fez recomendações que a própria UE sabe vai ter de pagar (e esta, hein?) e deu-nos uma descompostura tal que nos deixou com o orgulho ferido. E talvez até molhado.
Governantes guineenses: abram os olhos na cabeça ou onde quer que os tenham! Que tipo cooperação é esta mesmo? Ah, pois. É do tipo 'eh pá!, ajudas-me e vens tu gastá-lo?'.
E lembrem-se: estamos ainda a tempo de ser a UE a vir comer-nos às mãos. Acreditem, se quiserem; Se quiserem, também, perguntem-me como. AAS
Sobrevivi
Sobrevivi à primeira das três reuniões do Palace. Vi quem não devia/queria ver. O que vai dar no mesmo. Bateu, mas tive de... acorrentar! Antes do próximo mundo, é o que tenho.
NOTA: Por estes dias, o Palace mais parece a mata de Cantanhez. Cheio de vida! AAS/mobile
NOTA: Por estes dias, o Palace mais parece a mata de Cantanhez. Cheio de vida! AAS/mobile
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Quinta coluna
De novo, para o OL
Foi Ernest Hemingway, enquanto agente de informações, primeiro na Guerra Civil de Espanha, quem introduziu na lingua inglesa e noutras linguas a expressão "quinta coluna". Depois ainda em Cuba, durante a II Grande Guerra, onde ajudou a caçar vários espiões alemães. Continuamos nas trincheiras?
Aquele abraço. AAS
Foi Ernest Hemingway, enquanto agente de informações, primeiro na Guerra Civil de Espanha, quem introduziu na lingua inglesa e noutras linguas a expressão "quinta coluna". Depois ainda em Cuba, durante a II Grande Guerra, onde ajudou a caçar vários espiões alemães. Continuamos nas trincheiras?
Aquele abraço. AAS
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Discos pedidos
A pedido, e sob proposta do OL:
"Lubu ka ta kumé lubo, ma preto ta kumé santchu"
N/R - Tudo manera.
"Lubu ka ta kumé lubo, ma preto ta kumé santchu"
N/R - Tudo manera.
Fradique vai resignar? Óptimo.
Será mesmo desta? Em Julho de 2003, um golpe de Estado abalou S. Tomé e Principe. Lusófono clamava em letras garrafais: «Ver Para Crer». E não se viu. Fradique de Menezes escapou ileso e regressou triunfalmente ao poder. Agora, diz que vai embora. Por causa dos búfalos ou lá o que é. Seja. Nove chefes de Governo em sete anos de Fradique? Como é que pode? AAS
Ó Gama, obrigadinho pá!
Jaime Gama e Ansumane Mané, na base aérea, quartel da Junta Militar: na altura em que as bombas falavam. FOTO: EXPRESSO
"Tenho ao meu lado o homem (Ansumane Mané) que foi o grande artífice dessa vitória militar" - A frase pertence a Jaime Gama, na altura Ministro português dos Negócios Estrangeiros, durante uma conferência de imprensa conjunta, e antes de Ansumane Mané ser condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, sob proposta do Governo de António Guterres.
- Publicado no semanario "O Independente" de 15 de Dezembro de 2000.
NOTA 1: Não sei se o programa da visita de Jaime Gama a Bissau inclui uma visita à campa de Ansumane Mané. Devia incluir.
NOTA 2: uma 'vitória militar' que ainda hoje, 11 anos depois, festejamos com lágrimas...AAS
Ditadura do Consenso: A verdade sobre as mentiras
Caros leitores,
Depois de quatro anos de publicações (com um ligeiro interregno), o blogue Ditadura do Consenso vai ser alvo de uma mudança nos hábitos. Brevemente, para 'ler o Aly' o leitor terá de preencher uma ficha com o seu nome, e-mail e telefone. Ou, em alternativa, poderei ser eu a enviar um convite para que se torne leitor.
E porquê?, perguntará o leitor. Porque sim - seria sempre a minha resposta. De resto, e para mim, o 'porquê' é uma pergunta banal, uma espécie frase feita.
Passo a explicar: Há muita coisa que eu tenho de esclarecer para me sentir em paz comigo mesmo. Tenho o direito à protecção do meu bom nome, bem como das pessoas que me são ou estão próximas. Ou mesmo longe. E não há como eu mesmo para o fazer.
Tenho sido vítima nos últimos dois meses, de calúnias, de mentiras, de todo o tipo de bestialidades; e apelidado de todos os adjectivos que se pode imaginar. Eu mesmo.
Terceiros - gente a quem nada me une, nem simples afinidade - meteram-se na minha vida de forma avassaladora, assustando-me de maneira tal que nem lhes passa pela cabeça o quanto isso, ainda hoje, me custa.
Pessoas (e, nalguns casos mesmo, as suas famílias) cujo nível estão nos antípodas do meu, quase me fizeram perder a fé na humanidade. Encarar certas pessoas por quem cheguei a nutrir afecto e carinho, tornou-se num pesadelo difícil de gerir. Fugi inclusivamente de alguns amigos. Deixei de frequentar certos sítios para evitar olhares mal intencionados, ainda que - tenho quase a certeza - influenciados.
Há muita coisa para esclarecer - e pouco me importam os danos colaterais que os meus esclarecimentos possam fazer. Limpar o meu nome, é a única saída que me resta. Se encurralarem um gato, ele ataca-vos. A minha dignidade nunca terá um preço, e se por acaso o preço tiver que ser a morte, eu estou aqui. E Aly. E em todo o lado. Eu sou vasto, contenho multidões!.
Tenho de confidenciar-vos isto: Estou acabado. Sinto-me como se tivesse 200 Quilos.
Espero a vossa compreensão.
Antonio Aly Silva/mobile
Depois de quatro anos de publicações (com um ligeiro interregno), o blogue Ditadura do Consenso vai ser alvo de uma mudança nos hábitos. Brevemente, para 'ler o Aly' o leitor terá de preencher uma ficha com o seu nome, e-mail e telefone. Ou, em alternativa, poderei ser eu a enviar um convite para que se torne leitor.
E porquê?, perguntará o leitor. Porque sim - seria sempre a minha resposta. De resto, e para mim, o 'porquê' é uma pergunta banal, uma espécie frase feita.
Passo a explicar: Há muita coisa que eu tenho de esclarecer para me sentir em paz comigo mesmo. Tenho o direito à protecção do meu bom nome, bem como das pessoas que me são ou estão próximas. Ou mesmo longe. E não há como eu mesmo para o fazer.
Tenho sido vítima nos últimos dois meses, de calúnias, de mentiras, de todo o tipo de bestialidades; e apelidado de todos os adjectivos que se pode imaginar. Eu mesmo.
Terceiros - gente a quem nada me une, nem simples afinidade - meteram-se na minha vida de forma avassaladora, assustando-me de maneira tal que nem lhes passa pela cabeça o quanto isso, ainda hoje, me custa.
Pessoas (e, nalguns casos mesmo, as suas famílias) cujo nível estão nos antípodas do meu, quase me fizeram perder a fé na humanidade. Encarar certas pessoas por quem cheguei a nutrir afecto e carinho, tornou-se num pesadelo difícil de gerir. Fugi inclusivamente de alguns amigos. Deixei de frequentar certos sítios para evitar olhares mal intencionados, ainda que - tenho quase a certeza - influenciados.
Há muita coisa para esclarecer - e pouco me importam os danos colaterais que os meus esclarecimentos possam fazer. Limpar o meu nome, é a única saída que me resta. Se encurralarem um gato, ele ataca-vos. A minha dignidade nunca terá um preço, e se por acaso o preço tiver que ser a morte, eu estou aqui. E Aly. E em todo o lado. Eu sou vasto, contenho multidões!.
Tenho de confidenciar-vos isto: Estou acabado. Sinto-me como se tivesse 200 Quilos.
Espero a vossa compreensão.
Antonio Aly Silva/mobile
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Quando se estica a corda, ela rebenta
Para o L.
Preocupas-te com a minha pessoa. É bom. E és dos poucos. O que é óptimo (assim mesmo e sem medo da expressão). É verdade, tens razão no teu e-mail. Eu mesmo sinto, às vezes, que estou a ultrapassar a fasquia. Que estou a arriscar-me, a arriscar-me muito até; mas penso continuar assim: vertical, sorrindo ao perigo ou não dando sequer conta da sua presença, pronto para o pior; e, ao mesmo tempo, com incurável optimismo no futuro deste País. Do meu, do nosso País.
«Confrontar-se contigo é, frequentemente, um exercício enriquecedor. És veemente e intransigente, e chegas rapidamente ao fundo das questões» - dizes. Talvez tenhas razão, talvez não. Tenho assistido neste País, dia após dia, a um recuo sensível do entusiamo colectivo, deixando campo livre para os bandidos e todos os egocêntricos cheios de si mesmos.
Há quem regresse armado em pequeno Napoleão, determinado em ignorar as realidades e a rescrever a História a partir do zero; as alianças eleitorais - e outras - multiplicam-se, e a frustração invade uma juventude orfã e desprotegida, que, a dada altura, quis acabar este confessionalismo e se viu remetida à casa da partida. Monopólios...
Ontem mesmo, jantei com o J., com o A., e com a M., e a dada altura disse ao J: «Quero ir embora deste País. Ele não tem nada para me dar e eu não me sinto com forças para ajudá-lo». Olhou-me como se lhe tivesse dito que a terra era plana. Mas é assim que eu penso. Quando se estica a corda, ela rebenta.
Qualquer um que tenha intervido na vida pública deste País foi alguma vez meu opositor. Inúmeros poderão confirmar que muitas vezes fui agressivo, mesmo em divergências menores, mas todos confirmarão que mantive sempre a minha independência.
Sinto-me um privilegiado porque desde que iniciei no jornalismo, passei pelas melhores publicações em Portugal, e fundei o meu próprio jornal que durou três anos. Nunca me senti ameaçado pelo poder político. Fiz sempre o que quis, e, por isso, os defeitos e as virtudes do ‘Lusófono’ são da minha responsabilidade.
Ainda falta alguma coisa para que eu me entenda de vez com este País. Por exemplo? Que nos ponhamos de acordo sobre a ementa. Meu caro, e se começássemos por tratar de ver a verdade como ela é, dizer a realidade como ela é, descobrir a verdade e viver a verdade?
Obrigado. Abraço do amigo,
Aly
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Alegria a Copo - Brindemos à 'Maria do Rio'
Abriu o melhor ponto de encontro de Bissau e arredores, incluindo o Chão de Papel. Chama-se 'Maria do Rio', e fica no antigo 'Bate-Papo', ali mesmo ao lado da Meteorologia.
Pastelaria fina e variada, e boa disposição em doses industriais - dos proprietários aos empregados. Venha. Vai sentir-se em casa. AAS
Pastelaria fina e variada, e boa disposição em doses industriais - dos proprietários aos empregados. Venha. Vai sentir-se em casa. AAS
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
As duas últimas nomeações de Cadogo
Finalmente! O Governo, depois de 1969 nomeações, lá se decidiu por mais duas (que canseira, hein?): as dos bispos de Bissau e Bafatá.
Mesmo contra a vontade do Vaticano, que ameaçou excomungar o primeiro-ministro, e o Governo, por sacrilégio... Na verdade, a República da Guiné...Embalo(u). Mesmo! Eis os eleitos:
- Bispo de Bissau: Inimizade Farah Mendes
- Bispo de Bafatá: Daniel Ainda Não Embalo(u) Esteves
AAS
Mesmo contra a vontade do Vaticano, que ameaçou excomungar o primeiro-ministro, e o Governo, por sacrilégio... Na verdade, a República da Guiné...Embalo(u). Mesmo! Eis os eleitos:
- Bispo de Bissau: Inimizade Farah Mendes
- Bispo de Bafatá: Daniel Ainda Não Embalo(u) Esteves
AAS
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Paes Moreira - Balanço francamente positivo
Findou a missão (e que missão!) do embaixador de Portugal na Guiné-Bissau. Finalmente, Paes Moreira vai partir. E não deixará saudades. No dia em que se despediu do Primeiro-Ministro guineense, o embaixador deu conta daquilo que fez em Bissau nos últimos tempos, mas não explicou porque não fez mais.
Um investigador do Ditadura do Consenso passou - literalmente - um mês na Embaixada de Portugal como agente infiltrado, ouvindo aqui e ali. E, em resumo, eis o que descobrimos sobre Paes Moreira:
- Uma estrondosa expulsão na embaixada portuguesa, no dia 10 de Junho, de uma cidadã portuguesa;
- 113 caixas de whisky e 230 de champanhe francês consumidos (está tudo enterrado num dos quintais da embaixada);
- 875 jantares (destes, 835 foram íntimos)(*);
- Consumiu-se 3 toneladas de camarão tigre;
- 69 caixas de charuto cubano Cohiba;
- 69 caixas de conhaque Napoleão;
- 76 caixas de Moscatel de Setúbal (enviadas pelo Octávio Machado)
(*) Consta que Paes Moreira tinha sempre um assunto 'quente' em mãos...
Se eu nascer novamente, quero ser embaixador da Guiné-Bissau em Portugal para fazer tudo o que Paes Moreira fez na Guiné-Bissau. Para verem o que é reciprocidade...AAS
Um investigador do Ditadura do Consenso passou - literalmente - um mês na Embaixada de Portugal como agente infiltrado, ouvindo aqui e ali. E, em resumo, eis o que descobrimos sobre Paes Moreira:
- Uma estrondosa expulsão na embaixada portuguesa, no dia 10 de Junho, de uma cidadã portuguesa;
- 113 caixas de whisky e 230 de champanhe francês consumidos (está tudo enterrado num dos quintais da embaixada);
- 875 jantares (destes, 835 foram íntimos)(*);
- Consumiu-se 3 toneladas de camarão tigre;
- 69 caixas de charuto cubano Cohiba;
- 69 caixas de conhaque Napoleão;
- 76 caixas de Moscatel de Setúbal (enviadas pelo Octávio Machado)
(*) Consta que Paes Moreira tinha sempre um assunto 'quente' em mãos...
Se eu nascer novamente, quero ser embaixador da Guiné-Bissau em Portugal para fazer tudo o que Paes Moreira fez na Guiné-Bissau. Para verem o que é reciprocidade...AAS
E o efeito Jomav?
Cadogo não tem vida fácil nem no Governo nem no PAIGC, e, pelos vistos, também não tem dado ouvidos às liçoes do Ministro das Finanças, José Mário Vaz (JOMAV para nós, os mais chegados).
Na passada 2ª feira, mais um episódio veio ensombrar o chefe do Executivo. Uma das secretárias da Primatura socorreu-se do Primeiro-Ministro para passar um cheque. Eis o diálogo que se seguiu, captado por um dos nossos vários microfones:
Secretária: Sr. Primeiro-Ministro, temos aqui um cheque de 60 milhões para pagar à empresa X. O problema é que tenho uma certa dúvida... 60 escreve-se com dois 's' ou com 'c' cedilha?
Resposta do Primeiro-Ministro, após três longos segundos de hesitação ou lá o que foi:
- Cague nisso... Passa dois de 30!!!
A isso se chama provar do próprio veneno. AAS
Na passada 2ª feira, mais um episódio veio ensombrar o chefe do Executivo. Uma das secretárias da Primatura socorreu-se do Primeiro-Ministro para passar um cheque. Eis o diálogo que se seguiu, captado por um dos nossos vários microfones:
Secretária: Sr. Primeiro-Ministro, temos aqui um cheque de 60 milhões para pagar à empresa X. O problema é que tenho uma certa dúvida... 60 escreve-se com dois 's' ou com 'c' cedilha?
Resposta do Primeiro-Ministro, após três longos segundos de hesitação ou lá o que foi:
- Cague nisso... Passa dois de 30!!!
A isso se chama provar do próprio veneno. AAS
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Princípios imutáveis
Aquilo que os europeus desconhecem é porque não pode existir, certo? Errado!
Hoje, depois de duas reuniões - onde quase ninguém entendeu os meus pontos de vista - fui literalmente 'arrastado' pelo corredor do hotel por uma participante (e amiga) da reunião.
- Mas tu estás maluco ou quê? Qualquer dia levas um tiro, rapaz!
Reparem que ainda nem me tinha dito do que se tratava a reprimenda, mas, na verdade, eu comecei a apreciar a recriminação. Depois, disse-me em tom dramático e afável: O teu blogue, rapaz!!!
Sim, o que tem o meu blogue? Fechou, é isso? - perguntei calmamente. Que nada! Só me queria alertar para o falatório da manhã «que, como bem sabes, é prenhe em notícias e boatos». - Mais boatos que notícias, retorqui. A minha amiga é europeia e tem um cérebro daqueles...
Depois, confessou-me com um brilhozinho nos olhos: «Não sei se aguentava ver-te morrer». Aqueles olhos demonstravam não apenas amizade, mas também orgulho, e, talvez mesmo, alguma compaixão.
Leitoras e Leitores
Eu vou morrer um dia. Mas acreditem que saberei porque morri, ao contrário de outros, que não sabem para que vivem. Sou um fanático pela liberdade de expressão (desde que esclarecida), e estou convencido de que não há caminho melhor para desenvolver o QI dos políticos do que fazer HUMOR. Negro, ou não.
São princípios que sempre nortearam a minha conduta e é curioso que, com alguma frequência, eles incomodem tanto. AAS
O sonho de qualquer traficante de drogas...
Olá, CEDEAO! E um desses para o nosso primeiro, pá? O homem - dizem os amigos - merece, ainda para mais com tanta gente atrás dele...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Rádio Nacional? Mau, muito mau mesmo
A Rádio Nacional, que emite agora 23h por dia, está com sérios problemas a nivel de programação e isso é notório.
Entregaram a dois putos 4 (quatro horas!?) para fazerem um programa falido e nado-morto. Para nos infernizarem ainda mais vida. O programa, "Luar", parece feito...no escuro! Tem várias rubricas mas eu estive atento a duas: Perguntas de "Cultura Geral" e 'arrasteira' (sic).
Atente-se aos peidos:
Pergunta (P): Alô, ouvinte? Com quem temos o prazer de falar? Seco? Ah ok, estás preparado para a pergunta? Aqui vai então: antigamente era Guiné Portuguesa, e hoje como se escreve?
Resposta (R): É Guiné Africano...não, Guiné Cabo Verde....
P: Alô, ouvinte? Afaste-se do rádio, baixa o volume, baixa o volume...alô? Qual é o plural de pão?
R: Ehhhhh...isso ultrapassa o meu conhecimento...
(APRESENTADOR: ahahahah, ouvintes na matan ku garassa, ai deus, uai oh...)
P - Mais um ouvinte na linha por sinal. Boa noite, ouvinte. Cadogo Junior é moçambicano ou guineense?...
R: (a cagar-se para o apresentador) - É guineense, claro.
P: 'Nino' Vieira é Presidente da República ou da ANP (nao confundir com Associação Novas Prisões)?
R: (chamando o apresentador de totó) - É Presidente da República.
(APRESENTADOR todo orgulhoso: "Bom, daqui a pouco vamos acabar este grande programa".)
NOTA: O programa é fraco, mau mesmo, e de muito mau gosto. É o que dá quando se entrega a rádio pública a quem nada percebe da coisa, ainda para mais quatro horas!Se fosse às barracas no Bairro D'Ajuda aposto que encontraria lá o Director-Geral, o director de Antena e não sei quem mais a comer carne de macaco... AAS
Entregaram a dois putos 4 (quatro horas!?) para fazerem um programa falido e nado-morto. Para nos infernizarem ainda mais vida. O programa, "Luar", parece feito...no escuro! Tem várias rubricas mas eu estive atento a duas: Perguntas de "Cultura Geral" e 'arrasteira' (sic).
Atente-se aos peidos:
Pergunta (P): Alô, ouvinte? Com quem temos o prazer de falar? Seco? Ah ok, estás preparado para a pergunta? Aqui vai então: antigamente era Guiné Portuguesa, e hoje como se escreve?
Resposta (R): É Guiné Africano...não, Guiné Cabo Verde....
P: Alô, ouvinte? Afaste-se do rádio, baixa o volume, baixa o volume...alô? Qual é o plural de pão?
R: Ehhhhh...isso ultrapassa o meu conhecimento...
(APRESENTADOR: ahahahah, ouvintes na matan ku garassa, ai deus, uai oh...)
P - Mais um ouvinte na linha por sinal. Boa noite, ouvinte. Cadogo Junior é moçambicano ou guineense?...
R: (a cagar-se para o apresentador) - É guineense, claro.
P: 'Nino' Vieira é Presidente da República ou da ANP (nao confundir com Associação Novas Prisões)?
R: (chamando o apresentador de totó) - É Presidente da República.
(APRESENTADOR todo orgulhoso: "Bom, daqui a pouco vamos acabar este grande programa".)
NOTA: O programa é fraco, mau mesmo, e de muito mau gosto. É o que dá quando se entrega a rádio pública a quem nada percebe da coisa, ainda para mais quatro horas!Se fosse às barracas no Bairro D'Ajuda aposto que encontraria lá o Director-Geral, o director de Antena e não sei quem mais a comer carne de macaco... AAS
Stafurlai II
Eh pá, alto aí! Orgulho nacionalista: a morgue do Hospital Nacional de Simão Mendes, disseram-me (ainda não experimentei...), é 7 estrelas! Que até «dá gosto morrer» para depois dizer: «Eu estive lá e vi com os meus próprios olhos de morto!»
Bem vistas as coisas, a 'coisa' tem mais 2 estrelas que o Palace, que, de resto e - outra vez??? -, bem vistas as coisas, devia ter 3 estrelinhas... Bom, mas justiça seja feita. Já merecíamos (eles, enfim, os mortos) alguma dignidade. Uma 'sala de espera' para uma morte que, espera-se, seja a mais longa possível!
E agora, como não podia deixar de ser, uma perguntinha só para chatear:
Não será de mau gosto que a empresa responsável pela construção da morgue do Hospital Nacional Simão mendes se chame... SUPER NOVA(!?). Que super nova pode uma morgue trazer mesmo? Ainda se fosse «Nova Vida»... Isto, nem à morte lembrava... É claro que fico chateado, pá!
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Foi por causa do burro ou da doente?
O Ministro da Administração Territorial chorou no Leste do País. Verdade! Durante uma visita a uma povoação, Baciro Dabó foi surpreendido pela chegada de um burro (um de 4 patas) transportando uma doente. O burro, ao que conseguimos apurar, nem deu pela presença do ministro, «pois acabara de percorrer uma distância» - soube depois o membro do Executivo - «de 15 estafantes Kms».
O choro do ministro deixou meio mundo perplexo e a indagar se Baciro não estaria a chorar mais pelo sofrimento do burro do que da doente propriamente dita... Bocas nossas!
Para se acabar com a especulação, rogamos à PGR que mande abrir um inquérito para se apurar a verdade. AAS
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Exclusivo: Mudança de símbolos nacionais
Reunido o Conselho Embaló(u), decidiu-se:
Que
1 - A República da Guiné-Bissau passe doravante a designar-se:
1.a) - República da Guiné-Embaló(u);
2 - A Bandeira, rectangular e em forma de mesa (para que todos possam comer) mantém as três cores e a inscrição:
República da Guiné-Embaló(u).
3 - Cores:
3.a) - Vermelha
3.b) - Verde
3.c) - Amarela
Este Decreto entra imediatamente em vigor. Cumpra-se. Ou não.
AAS
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Nao, obrigado
CNN - É verdade que o senhor Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau quer convidar-te para Director-Geral da Televisão Pública? Tem alguma coisa a dizer?
António Aly Silva: Tenho. Primeiro, agradeço à CNN a oportunidade para também dizer Yes, we can. Respondendo propriamente à sua pergunta: Sr. Primeiro-Ministro, o convite, a existir, deixa-me preocupado. Mas então, e o resto dos seus familiares? Inaugurou uma morgue há dias, que com toda a certeza precisará de um gestor ou administrador...
Sonhando(*)
Num sonho doce e manso, contigo sonhei. Sós, numa piroga, navegando, bamboleando ao ritmo da ondulação. Sós. Juntinhos, qual obra do acaso. Tão quedos e embrenhados na sã pureza dos nossos pensamentos, que os remos apenas serviam para dar direcção ao nosso pequeno veleiro frágil, frágil como nós... sós, juntinhos qual casal de pombos no seu lazer quotidiano. Enfim, sós... eu juntinho a ti, tu juntinho a mim. Só o chilrear das aves quebravam, de quando em vez, a monotonia.
A uma ilha deserta nos empurrou, descuidadamente, a correnteza e lá, mais sós ainda, sem a piroga, que uma leve brisa para longe de nós afastou. Estávamos resignados com a solidão. Tombou de repente sobre nós a noite, como que para dificultar a visibilidade dos curiosos peixinhos que emergiam da água e das multicolores aves que pairavam sobre nós, ou passavam em vôo rasteiro, lento e cadenciado.
Enfim sós. Tu junto a mim eu junto a ti e agora mais juntos ainda para melhor resistirmos à veloz brisa do leste e senti o teu bafo quente. Rocei, incrédulo, a tua macia pele e senti o teu calor, o palpitar atabalhoado do teu coração, o orfar sem cadência do teu peito...e ouvi, sem perceber, balbuciares algumas palavras, quando os teus braços, em torno do meu corpo cada vez mais me apertavam.
Acordei sobressaltado. Mera fantasia dos sonhos de criança. Não te vi. Não vi a ilha nem a piroga. Nem os peixinhos, nem as aves... Mera fantasia dos sonhos de criança.
António Aly Silva
(*) Texto escrito em 1996
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
O passageiro adiado(*)
Dafá Malamba é guineense, pintor da construção civil e não consegue levar para casa no fim do mês mais de oitenta contitos. Temos aqui um problema, pensou ele. Talvez emigrar, pensou ele outra vez. E, pensando, pediu o visto de abalada turística para Londres, onde vive um tio e uma caterva de primos.
Mas o tempo passava, a embaixada de sua Majestade não havia meio de se desengomar com o carimbo e Dafá desesperava. A ideia foi de «um grande amigo» cujo nome pede licença para não revelar. Afinal, se ele não ia roubar, mas procurar trabalho, se não ia viver na rua, mas em casa de familiares, que mal tinha se levasse o bilhete de identidade de um artista português? Mal nenhum, ora.
Da avaliação do risco à decisão de embarque foi um ai. E numa segunda-feira, pela frescura da manhã, aí está o nosso Dafá no Aeroporto da Portela. Na mão, o bilhete e o B.I. que o "transformava" de Dafá Malamba em José Petróleo da Silva... Parecia canja.
O agente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foi retirá-lo à fila dos viajantes-cidadãos da UE e perguntou-lhe se era português. Olha a pergunta, doutor. Portuguesíssimo e com muita honra.
O problema foi a falta de memória. José Petróleo de ocasião disse ter nascido em junho e não em julho como rezava o documento identificativo. Nem se recordava bem em que localidade nascera. "Foi a minha mãe que me tratou da papelada", garantiu. E sabe-se como há mães madrastas...
Aquela malta do SEF não brinca em serviço. Então o senhor tem aqui uma foto de bigode? Cortei-o, sr. doutor. E estava muito mais gordo quando tirou o B.I.... Tem razão, doutor, agora tenho comido menos, dificuldades da vida... Dificuldades que logo aumentariam com a detenção de Dafá, José durante tão breves e palpitantes minutos. No exterior do aeroporto, a família acenava ao avião no preciso momento em que o seu chefe seguia para os calabouços da PSP.
Dafé comparece em tribunal acusado de uso indevido de identificação alheia ou coisa que o valha. Em juízo, o guineense confessa o acto de que é acusado e o seu comportamento convence o meritíssimo de que não tem a exacta noção da gravidade do delito. O inspector do SEF confirma que Dafá, depois de apanhado, foi correcto e colaborou. O Ministério Público cumpre o seu papel com moderação e o oficioso advogado de defesa mete a voz para dentro ao pedir justiça.
O juíz não estava num dia de raiva. Lá fora, o sol ajudava e Dafá foi condenado em 20dias de multa a 600 escudos por dia, uma contrariedade de 12 contecos a juntar à interrogação do que fazer ao inútil bilhete de avião. "Agora veja lá, lute pela obtenção do visto e não se meta em mais trabalhos..." - aconselhou o juíz, em tom cordial. Por amor de Deus, excelência. Palavra de José, perdão... Palavra de Dafá.
António Aly Silva
(*) - Texto escrito em 1997, em homenagem aos nossos imigrantes.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Nunca serei uma vítima
O artigo «Um não lugar», deu lugar a uma catadupa de mensagens de e-mail, e eu tive a oportunidade de ler várias opiniões. E não respondo a nenhuma em especial.
Eis o que penso.
Nota-se que há cada vez mais gente a suspirar de saudade do tempo em que havia autoridade neste País. Eram tempos duros, diga-se. E sinistros. Mas havia autoridade, via-se. O mal, por assim dizer, estava circunscrito e claro.
Eu, hoje, continuo a preferir o lixo avulso que qualquer democracia representa ao silêncio imposto pelas ditaduras. As minhas qualidades - ter o hábito de dizer o que penso e de fazer o que digo, talvez não sejam as mais requeridas.
Lembro-me perfeitamente de, em certas ocasiões de crise política (perdi-lhes a conta) em que eu teimava em dar a cara e em bater-me pelos meus ideias e pelas minhas convicções, algumas pessoas diziam-me num tom quase paternal «vai, faz-te de vítima, queixa-te, pode ser que consigas 'vender' qualquer coisa».
Lá está. Não entendiam as minhas razões. As minhas razões sempre estiveram na linha da frente das minhas lutas. O tempo da verdade chega sempre, pelo que a honra tem que ser paciente. Nunca serei uma vítima. E é isso que, afinal de contas, o País não me perdoa. AAS
Eis o que penso.
Nota-se que há cada vez mais gente a suspirar de saudade do tempo em que havia autoridade neste País. Eram tempos duros, diga-se. E sinistros. Mas havia autoridade, via-se. O mal, por assim dizer, estava circunscrito e claro.
Eu, hoje, continuo a preferir o lixo avulso que qualquer democracia representa ao silêncio imposto pelas ditaduras. As minhas qualidades - ter o hábito de dizer o que penso e de fazer o que digo, talvez não sejam as mais requeridas.
Lembro-me perfeitamente de, em certas ocasiões de crise política (perdi-lhes a conta) em que eu teimava em dar a cara e em bater-me pelos meus ideias e pelas minhas convicções, algumas pessoas diziam-me num tom quase paternal «vai, faz-te de vítima, queixa-te, pode ser que consigas 'vender' qualquer coisa».
Lá está. Não entendiam as minhas razões. As minhas razões sempre estiveram na linha da frente das minhas lutas. O tempo da verdade chega sempre, pelo que a honra tem que ser paciente. Nunca serei uma vítima. E é isso que, afinal de contas, o País não me perdoa. AAS
Subscrever:
Mensagens (Atom)