quinta-feira, 21 de março de 2013

Ele acha que sim


As crises político-militares na Guiné-Bissau e no Mali estão a ter evoluções "positivas", disse hoje (quinta-feira) na Cidade da Praia o presidente da Comissão da CEDEAO,Kadré Désiré Ouedraogo, manifestando esperança de que ambas estejam ultrapassadas até ao fim deste ano. Kadré Désiré Ouedraogo, que se encontra na capital de Cabo Verde a participar em duas iniciativas ligadas à integração regional na África Ocidental e às negociações para os Acordos de Parceria Económica (APE) com a União Europeia (EU), falava aos jornalistas após um encontro com o Primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves.  
 
Segundo o presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), se a situação no Mali está a estabilizar-se, com a previsão de novas eleições gerais até Julho próximo, na Guiné-Bissau o processo está mais atrasado, mas deverá estar concluído com idênticas votações até 31 de Dezembro. "Esperamos que seja aprovado, em breve, um Roteiro de Paz inclusivo e transparente, para que as eleições livres, tal como ficou definido na última conferência de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, decorram antes de 31 de Dezembro", sublinhou Ouedraogo. A elaboração do roteiro, prosseguiu, está a contar com cinco organizações internacionais que acompanham a situação no país - Nações Unidas, União Africana (UA), União Europeia (UE), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e CEDEAO.  
 
"Vamos enviar uma missão técnica, a segunda, para examinar o futuro roteiro para que se possa apoiar o país na organização de eleições consensuais e aceitáveis por todos", referiu Ouedraogo, lembrando que a CEDEAO está já a aplicar o memorando assinado com a Guiné-Bissau para a reforma do Sector da Defesa e Segurança. "O processo já começou e estamos a acompanhar a Guiné-Bissau na implementação da reforma e a garantir a transição no país. A situação está cada vez mais favorável", referiu, aludindo sempre à crise político-militar desencadeada com o golpe de Estado de Abril de 2012. Na sequência do golpe, a CEDEAO tem na Guiné-Bissau um contingente militar de 779 elementos. No Mali, Ouedraogo salientou que, graças à intervenção do exército francês, apoiado por uma missão africana liderada pelo Tchad, a integridade territorial "está prestes a ser totalmente restabelecida.  
 
"Há ainda alguma violência residual, que estamos a combater, e penso que os desafios para o futuro passam pela segurança  de toda a zona libertada, mas também pela transformação da missão de paz regional numa outra, de manutenção de paz, liderada pelas Nações Unidas, na perspectiva de uma retirada francesa", realçou. Ouedraogo acrescentou que os chefes dos Estados-Maiores da actual missão africana e francesa estão a definir o projecto de mandato que deverá ser confiado à futura força para fazer face à situação no terreno, sobretudo aos grupos terroristas, pelo que se torna necessário manter uma "força ofensiva" para defender desses eventuais ataques. Há já um Roteiro de Paz definido e aprovado pela Assembleia Nacional do Mali e que deverá conduzir à organização de eleições até Julho deste ano", concluiu.