segunda-feira, 4 de março de 2013
EXCLUSIVO: Macaugate - Kuma Jing Ku Jon Dja - Ah, podes nam
Esquemas, são coisas que não faltam na máquina do Estado idiota da Guiné-Bissau. Ditadura do Consenso continuou a investigar os esquemas fraudulentos de concessões de passaportes a cidadãos de Macau e da China, quer pelo consulado quer pela embaixada, em Pequim.
O esquema é simples e, até, fácil. E a lama suja tudo, de cima a baixo. Todos recebem a sua comissão, é como se fosse, digamos assim, um negócio de venda de aguardente. Toma lá, dá cá. Os ministérios dos Negócios Esquisitos, e do Interior; a secretaria de estado da Cooperação; mas também, claro, a embaixada da Guiné-Bissau na China e como não podia deixar de ser, o famoso consulado da Guiné-Bissau em Macau. Todos recebem a sua percentagem, e é por isso que o documento atinge os 30 mil dólares. Um negócio da China, portanto.
Primeiro, a secretaria de Estado da Cooperação requisita os passaportes. Leva-os para assinatura no Ministério do Interior, que já negociou a sua parte do bolo. De volta à SEC, aos passaportes só resta dois caminhos. Se, por acaso - por mero acaso - der-se o caso do cônsul John Lo estar na cidade, é-lhes entregues em mão; caso contrário, fazem uma viagenzinha até Dakar, confortavelmente aconchegados na cada vez mais suspeita e desacreditada mala diplomática. O dinheiro é entregue consoante o n° de passaportes emitidos, à razão de 20/30 mil dólares cada um.
Aí, e já na posse dos cobiçados documentos, John Lo preenche os mesmos e entrega-os ao embaixador guineense em Pequim, que lhes emite um certificado de autenticidade - ou seja, torna os passaportes conforme. Previamente, aos candidatos/beneficiarios, é emitido um visto de entrada para "simular" que estes tenham estado na Guiné-Bissau - ainda que nem saibam apontar no mapa onde fica a Guiné-Bissau. O visto é um simples alibi sendo a certificação de autenticidade uma cobertura para encobrir a "viagem virtual" do chinês-guinezado. Mas há ainda um bónus. Uma cereja no topo do bolo - A cada novo guineense amarelo é solenemente emitido um Bilhete de Identidade de cidadão da República da Guiné-Bissau. Não consta que lhes tenha sido ensinado a cantar o hino Esta é a Nossa Pátria Amada...
O esquema está descontrolado, a evoluir e a prosperar. Ditadura do Consenso apurou que o próprio consulado de Macau dispõe neste momento de uma máquina de emissão de passaportes autónomo. Serve para preencher as brancas e, assim, evitar as sucessivas complicações dos nomes chineses. Posteriormente, são encaminhados aos ministros de tutela, em Bissau, para assinatura, dependendo de serem ordinários ou diplomáticos. Passaportes viajados, esses...
E é assim, com este sistema mafioso - e perigoso - que membros do governo de transição da Guiné-Bissau, e até da presidência da República têm financiado os seus vícios de novos ricos, expondo o nome do País às mais sujas e perigosas exposições da sua putativa reputação. Estranhamente, a República Popular da China tem feito orelhas de moucas e fechado os olhos a esta negociata dentro das suas fronteiras... António Aly Silva