terça-feira, 26 de março de 2013

Fundação Ricardo Sanhá leva médicos a Bissau


Cinco médicos de origem guineense que trabalham em Portugal vão durante esta semana dar mais de 700 consultas em Bissau, foi hoje (terça-feira) anunciado numa conferência de imprensa na qual se falou de fraudes nas juntas médicas. Os médicos, um cardiologista, dois cirurgiões, um pediatra e um especialista em infecciologia, estão na Guiné-Bissau no âmbito de uma iniciativa da Fundação Ricardo Sanhá, criada em 2009 pelo guineense Ricardo Sanhá e com sede em Lisboa, que tem como principal objectivo dar assistência social a cidadãos guineenses no estrangeiro.

Esta é a segunda missão médica da Fundação este ano, disse hoje Ricardo Sanhá à Lusa em Bissau, adiantando que uma terceira missão estará no país em Maio de 2013. Cada médico, explicou, assiste uma média de 150 doentes, fazendo também uma triagem daqueles que terão de ser levados para Portugal para intervenções que não se podem fazer em Bissau. Os médicos disseram, no entanto, que o grupo não se sobrepõe nem substitui a junta médica que faz em Bissau o diagnóstico dos doentes que precisam de tratamento no estrangeiro.

Ainda assim o cardiologista Mário Mendes não poupou críticas à atuação das juntas médicas em Bissau, que "mandam doentes" para Lisboa que na verdade vão de férias, que estão a emigrar ou que querem ir fazer um "check-up". "Os critérios (da junta médica) têm sido muito díspares. Podem mandar uma pessoa com uma dor de dentes e deixar uma cardiopatia reumática. Esse não vai porque não é da família de ministros", acusou. "Portugal dá um apoio que as pessoas não valorizam. Fazer um tratamento especializado fica extremamente caro", disse o especialista, acrescentando que o acordo com Portugal contempla o envio de 300 doentes por ano e que agora estão a ser enviados 2000 por ano. E deu um exemplo: uma cirurgia cardíaca custa entre 25 a 30 mil euros. LUSA