sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ainda a CEDEAO...

Caro Aly,

Em baixo é um texto que foi enviado para mim de Bissau. 

Um Abraço,

Daniel Miguel
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Caríssimos,

Pedido de guineenses no interior da Guiné-Bissau a divulgar junto dos cidadãos, intelectuais, sociedade civil e todas as personalidades com distinção internacional, para manifestação de solidariedade com a Guiné-Bissau. Por favor divulguem. Aos intelectuais guineenses no exterior, pedimos vossa ação comprometida para sua divulgação junto dos vossos pares africanos em particular!

Um abraço

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Caros amigos,
Assistimos a mais um Golpe de Estado que ocorreu na Guiné-Bissau na noite de ontem, dia 10 de Maio, a menos de um mês do Golpe ocorrido a 12 de Abril, desta vez desferido por representantes da CEDEAO. Vieram aqui impor um Presidente de Transição que já tinha sido escolhido pelos militares que deram o Golpe, sob pretexto dele ser o 1º Vice Presidente da Assembleia Nacional Popular. Isto enquanto o Presidente da ANP está vivo e mantido em detenção informal na Costa do Marfim, um dos 2 países que enviaram ontem seus Ministros e Chefe de Estado Maior, impor tal solução.

Ironicamente, o Presidente de Transição que nos impõem desta forma, é um dos candidatos às presidenciais interrompidas, mas que nem sequer se classificou para a segunda volta, com menos de 15% dos votos e quando o partido que o elegeu para o Parlamento, aquele que ganhou as eleições, lhe retirou sua confiança política; e ainda mais, quando a própria ANP tinha sido declarada destituída pelo Comando Militar.

Queridos amigos, precisamos mais uma vez do vosso apoio. Interpelamos e pedimos a organizações da sociedade civil, intelectuais, homens e mulheres de bem, que preparem, assinem e façam circular uma denúncia pública e um repúdio a tal decisão, tomada em nome de uma comunidade regional que trai as aspirações democráticas de todos os guineenses que comungam dos valores da democracia.

Contamos convosco como referência em cidadania e solidariedade. Para além dos nossos Chefes de Estado que continuam a tomar posições a nível regional em nome dos nossos povos, nós, simples cidadãos, intelectuais, homens e mulheres da cultura, das letras e das artes, organizações da sociedade civil, devemos levar o nosso posicionamento e a nossa solidariedade com o povo da Guiné-Bissau ao conhecimento não apenas da nossa sociedade, nos nossos países, mas também das instâncias sub-regionais, africanas e internacionais, que de uma forma direta ou indireta podem contribuir para o restabelecimento da verdadeira ordem democrática na Guiné-Bissau: reposição na governação do Presidente e Primeiro Ministro saídos das urnas e de acordo com o que consta na Constituição da Guiné-Bissau, retoma das eleições interrompidas pelo golpe de Estado de 12 de Abril 2012!

Pedimos que tornem publica esta tomada de posição de repúdio de uma tal intervenção por parte de representantes da CEDEAO, imposta à Guiné-Bissau na calada da noite de ontem, num momento em que o direito de opinião e de manifestação é negado aos cidadãos guineenses pela Junta militar. Esta medida não deverá ser corroborada por nenhuma instância legal de outros países e instituições internacionais, a oposição frontal a ela deve ser manifestada a todos os níveis das nossas sociedades: pelas instâncias de soberania, pelas organizações da sociedade civil, pelos intelectuais, homens e mulheres de cultura, pelos cidadãos que conhecem e dão valor à democracia.

A globalização nos impõe organizações regionais. Se somos parte delas devemos poder também exprimir sobre elas e nos manifestar em relação a tudo o que ameaça a democracia no espaço regional de nossa pertença. É nosso direito e nossa responsabilidade!