segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Silêncio, estamos a torturar e a matar
12 de abril de 2012, 18h30, Kumba Yala acompanhado dos seus quatro acólitos deu a ordem para interromper o processo eleitoral da 2a volta das eleições presidências que devia disputar com Carlos Gomes Júnior, que roçava a margem dos 50% dos votos expressos nas urnas. Efetivamente o processo da 2a volta foi interrompido, o Presidente e o Primeiro Ministro de então detidos e foram obrigados a exilar-se no exterior.
Veio a CEDEAO completar o cenário do caos parabenizando os golpistas e instalar no pais uma força de ocupação, para supostamente proteger as instituições, mas que na realidade estão, é a proteger o regime golpista e sanguinário saído do golpe militar.
Dessa data fatídica à presente, o balanço é tenebroso e inquietante:
- o pais de cócoras entregue à anarquia militar-tribal, à corrupção e ao narcotráfico ;
- uma lista exaustiva de políticos, quadros e cidadãos comuns deixam o pais ou se confinam ao exilio com medo de represálias e da própria vida;
- sob o olhar complacentes das forças de ocupação da CEDEAO, um balanço macabro de desaparecimentos, mortes, execuções sumarias cometidos impunemente por melícias partidárias, esquadrões da morte ou militares, entre eles Roberto Ferreira Cacheu (dado como desaparecido, mas mais provavelmente morto) Luís Ocante da Silva, vulgo Otis, seis jovens felupes mentirosamente catalogados de "rebeldes" do MFDC, quatro jovens da ilha de Bolama cujos corpos depois de deitados à agua deram a costa na praia de Colonia da mesma ilha, pelo simples facto de apuparem os militares, três jovens indiscriminada e gratuitamente abatidos na ponte cais de Bolama aquando da montagem da operação de captura do capitão Pansau Intchama, um quadro superior militar da etnia felupe foi abatido nas instalações dos para-comandos e dado como "suicidado" e... quiçá outros que só o tempo nos edificara;
- uma série de atrocidades e atos de opressão, terror e intimidação estão a ser praticadas quotidianamente por todo pais. São os casos de dispersão à baionetada e balas reais de manifestações organizadas por partidos políticos, associações e membros da sociedade civil que condenavam o golpe, sendo os casos mais marcantes os espancamentos infligidos ao coordenador da FRENAGOLPE e do advogado Silvestre Alves ;
- um número indeterminado de pessoas, entre eles, militares, ex-governantes e políticos encontram-se refugiados em instalações diplomáticas ou representações internacionais por temerem pela vida.
Vive-se um terror permanente, nas casas, nas ruas e nos quarteis, aqui principalmente, onde não ser de uma etnia determinada, é sinonimo de ser um potencial "traidor" e um alvo a abater... embora o carimbo seja sempre SUICIDIO.
Como num filme de terror, os poderosos pedem silêncio à Comunidade Internacional, pois estão a torturar e a matar o Povo da Guiné-Bissau.
Terêncio Silva Té