quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O cair da máscara


Decorridos pouco tempo sobre os acontecimentos do alegado assalto ao aquartelamento dos para-comandos, em Bra, muita coisa, por falta de inteligência ou por descaramento e comportamento dos seus actores, começam a estar mais claro na mente dos guineenses. Hoje, face à realidade que se constata em Bissau, pode-se dar como provado sobre esse facto tão badalado na imprensa nacional e estrangeira, de que:

– Tudo não passou de uma montagem com fins que agora, pouco a pouco, se despontam à luz do dia;

– O capitão Pansau Intchama regressou a Bissau com o aval e consentimento do CEMGFA Antonio Injai, e após chegarem a acordo sobre a troca de interesses entre ambos;

– Antonio INjai, negociou e "comprou" o testemunho do capitão a seu favor, para o utilizar no orquestrado relançamento do processo das mortes de 'Nino' Vieira, Tagmé Na Wayé, Helder Proença e Baciro Dabo, insistentemente solicitado por Serifo Nhamadjo ao novo PGR;

- O general pretende ter garantias de branquear o seu envolvimento nos referidos assassinatos com a utilização do capitão - a unica pessoa que o acusou e incriminou directamente nesses assassinatos (salvo o de Tagmé Na Wayé);

- Como troca, o general deu garantias de perdão e protecção ao capitão e á sua familia, em particular a sua mulher a qual estava a mercê de chantagens e ameças de represálias caso o marido não aceitasse a "permuta". A situação de quase refém e o assédio de que era alvo a mulher do capitão acabou por facilitar a montagem e ser peça fulcral na «capitulação» de Pansau Intchama;

– A promessa da reabilitação do capitão para um posto de confiança junto ao general foi também determinante assim como o foi a atracção pelos ganhos que iria ter com o negócio do tráfico de droga de momento em estado florescente após o golpe;

– As dificuldades financeiras de Pansau Ntchama em Portugal eram bem conhecidas e isso se notava na sua instabilidade de comportamento, recurso a bebida, nervosismo permanente, agravado pela não regularização da sua situação de estada em Portugal (sentimento de abandono pelas autoridades portuguesas);

– O capitão ja estava em Bissau ha quase dois meses antes do suposto ataque a base dos para-comandos que hoje se sabe, foi mera encenação de cenários para tirar ganhos politicos militares e fazerem alguns ajustes de contas a nivel dos quarteis, incluindo a inglória morte dos felupes;

– Os jovens mortos a sangue frio em Bolama, foram uma especie de apagamento de testemunhas sobre a montagem da operação de captura do capitão, pois estes conviviam com ele e sabiam de que ele não estava foragido;

– Pansau Intchama, é presença assídua no EMGFA e mantém relações muito proximas, até se pode dizer de muita intimidade com Antonio Injai e demais chefias militares;

– As esposas de PI e de AI se frequentam e tornaram-se amigas inseparaveis e diversas vezes foram vistas juntas em Bissau, quer nas actividades diárias de domesticidade (ir ao mercado fazer as compras dominicais) ou outras, tais como passagens nas casas de câmbio para trocarem dólares americanos (advinhe-se a proveniência dos USDolares!);

– O capitão goza de total liberdade de movimento, tanto nos quartéis como em todo o território nacional e até tem direito a guarda-costas;

– Ao capitão, o general pretende confiar o treinamento militar dos novos mancebos selectivamente escolhidos para reforçar a sua guarda pretoriana. Os treinos dessa milicia particular far-se-á nas matas situadas entre Bissorã e Binar;

– Salvo algum imprevisto ou desentendimento por qualquer outro motivo, Antonio Injai e Pansau Intchama estão em perfeita sintonia e em coordenação de objectivos, reforçado pelo sentimento do "chamamento balanta", afinidades caracteristico aos balantas oriundos do norte do pais.

Em tudo isso, a única conclusão que se pode chegar, é que é preciso pôr-se a pau, pois a dupla da morte está reconstituida e está a organizar-se... AAS