sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crise política na Guiné-Bissau debatida em reunião extraordinária da CPLP


A crise política que atravessa a Guiné-Bissau será um dos temas do Conselho de Ministros extraordinário da Comunidade do Países de Língua Portuguesa (CPLP), no próximo mês de março, em Lisboa, disse hoje em Bissau fonte da organização.

Hernâni Coelho, chefe da diplomacia de Timor-Leste e responsável de uma missão da CPLP que hoje terminou uma visita de três dias a Bissau, adiantou que a organização lusófona pretende analisar em Lisboa a crise guineense e propor soluções para ajudar o país a encontrar as vias de desenvolvimento.

Acompanhado pelo secretário-executivo da organização, o moçambicano Murade Murargy, o chefe da diplomacia de Timor-Leste (país que atualmente preside à CPLP), encontrou-se hoje com o Presidente guineense, José Mário Vaz, com quem disse ter abordado a situação de crise que assola o país.

"O Presidente da República fez uma radiografia geral do estado da Nação, sobre as preocupações e perspetivas para o futuro do país", afirmou Hernâni Coelho, salientando que a missão por si liderada não tinha como finalidade mediar a crise guineense.

"Viemos aqui simplesmente para acompanhar, ouvir, ver a situação", defendeu Coelho, remetendo para a reunião de Lisboa, no dia 17 de março, a tomada de qualquer posição sobre a crise guineense.

A missão da CPLP tinha como objetivo vir a Bissau constatar o que está a ser feito pelas autoridades guineenses depois da mesa redonda com os parceiros, realizada há cerca de um ano em Bruxelas, na qual a Guiné-Bissau recebeu promessas de apoios financeiros na ordem de mil milhões de euros.

Dada a situação de crise, a missão da CPLP acabou por centrar a sua atenção na auscultação aos dirigentes responsáveis guineenses, notou Hernani Coelho. A Guiné-Bissau está mergulhada numa crise política desde dezembro, altura em que o Parlamento decidiu substituir 15 deputados da bancada do PAIGC que, entretanto, os havia expulsado do partido, por alegada indisciplina partidária.

Os deputados em causa recusam-se em acatar a decisão, que consideram ilegal. Um juiz do Tribunal Regional de Bissau ordenou a anulação da decisão do parlamento em substituir os deputados, na sequência de uma providência cautelar.

Dias antes, no âmbito de outro pedido, outro juiz do mesmo tribunal tinha pedido aos parlamentares expulsos que se afastassem e deixassem a assembleia trabalhar. Lusa