quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

OPINIÃO: Quem tem competência para demitir o seleccionador Paulo Torres?


"Permita-me entrar nesse debate futebolístico com a minha humilde opinião sobre este tema. O nosso país descobriu uma nova indústria de fazedores de opinião para todos os gostos.

Por causa da actual situação política, muita gente tornou-se importante por causa das análises debitadas diariamente nos órgãos de comunicação social. Cada um à sua maneira e gosto em função dos interesses e relações estabelecidas. Se houver um concurso sobre quem é melhor analista na Guiné-Bissau, eu como júri garanto de certeza que chumbava quase todos.

É de corar de vergonha o papel tão triste que algumas pessoas de bem que queimaram tanta pestana nos estudos científicos nas grandes universidades prestigiadas por esse mundo fora; o papel tão triste e vergonhoso cheio de incoerências nas suas opiniões relativamente à crise política que assola o nosso país.

Hoje na Guiné não se consegue distinguir quem é formado e quem não é formado. Porque todos se sentam na mesma mesa (grande falta de respeito!). Perdi respeito por muita boa gente que eu tinha em consideração por no passado reconhecer neles a valia intelectual. Não se pode admitir que alguém que tenha estudado distorça e minta nas matérias tão sensíveis, como quando se trata de interpretar as leis. Não há nada que justifica, por mais que se goste ou não do Pedro ou do Sory.

Voltando ao tema, Federação vs Paulo Torres:

Aos meus caros fazedores da opinião desportiva, faço votos que a coerência impere nesta matéria e não façamos deste debate o lamaçal que é a opinião dos fazedores da opinião política nacional.

1. A Federação de Futebol da Guiné Bissau tem toda a legitimidade de demitir o selecionador nacional. Porque a FFGB é a gestora e é responsável pelo gabinete técnico que planeia e organiza toda a área técnica.

2. É a federação que escolhe e indica o perfil do técnico para selecção nacional.

3. É a federação responsável da coordenação (gabinete técnico), que avalia a competência do treinador em função do trabalho e resultados da selecção.

4. A secretaria geral do desporto (Estado), simplesmente assume a parte administrativa do contrato da pessoa escolhida para orientar a selecção.

5. A secretaria geral do desporto (Estado), tem simplesmente de resolver a situação administrativa com o anterior corpo técnico e não tem nenhum poder para impor nada à federação, até porque o que está em causa é a gestão técnica - onde a federação pode questionar a fraca prestação da selecção, qualidade do trabalho e muitas outras coisas.

Para terminar, que fique claro que com esta minha posição não estou tomar partido da federação mas sim a ser coerente nesta questão.

Catio Baldé
Empresário de futebol
"