terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
OPINIÃO: Badju di kinkons
Caro amigo e irmão Aly,
Mais uma vez grato por tudo o que tens feito pela nossa Guiné-Bissau. Podes-te orgulhar da nossa admiração e reconfortar-te nas nossas preces para que Deus Pai te proteja de todo o mal. Antecipadamente te agradeço, caso entendas importante, dar estampa a este meu artigo de opinião. Da parte de todos os que não têm voz para se exprimir, vai o nosso penhor de agradecimento pelo ardor da nossa resistência.
Abraços fraternos.
«Nas hostes do PAIGC, ao que parece, não é para amanhã, que alguns dos seus figurões começam a ganhar juízo. Depois do salutar exemplo de maturidade do Congresso de Cacheu, em que os Libertadores acertaram na escolha de Domingos Simões Pereira (DSP), dando sinais de querer se reencontrar com os caminhos da boa liderança com vista a reconquista do poder subtraído pela força das armas, eis que se volta, mais uma vez, aos ambientes circenses que esse partido de grande responsabilidade nacional nos têm infelizmente habituado.
A eleição de DSP ao cargo de presidente do Partido, deixa sinais expectantes sobre a reconquista do poder pelas urnas pelo partido Libertador e, devido a consistente valência do novo líder, deixava-se antever, uma continuidade de bons resultados e performance governativa do ex-líder do PAIGC, Carlos Gomes Junior, que tantas saudades e reconhecimento deixou, mesmo nos seus mais acérrimos adversários.
Entretanto, como no reino dos Libertadores, onde a mais expressiva nulidade, pensa na sua obtusa cabeça, de que, É ALGUÉM, eis que começam a surgir as mais inusitadas e patéticas figuras do partido a pretenderem postular-se candidato do partido para as próximas eleições presidenciais de 2014. Quando se olha para a lista de va-nu-pies que se pretendem ao cargo, dá que pensar e provoca uma certa revolta se se atender à responsabilidade histórica e tutelar que o partido de Cabral tem para com o Povo guineense. Das duas uma. Ou, o Partido quer se banalizar e se ridicularizar, ou quer dar de bandeja o poder presidencial a oposição, mais concretamente ao PRS e seus candidatos étnicos de caução militarizada, para na maior paródia, voltarem as suas derivas e derrapagens de poder que roçam a caricatura de um Estado.
Sem quaisquer desprimor pelas pessoas, mas, ver Luis Oliveira Sanca, Mario Lopes da Rosa, vulgo «Maruca», Mario Cabral ou Francisco Benante, pretenderem ser candidatos do partido as próximas presidenciais de 2014, roça a anedota para a historia e prestigio do próprio partido. Se atelharmos ao substrato politico, as valências comportamentais, de competências e de liderança desses figurões, uns ultrapassados quer no espaço, quer no tempo, outro, esse uma nulidade em toda a linha, só podemos estar perante uma brincadeira de muito mau gosto, principalmente para o partido, por tudo quanto de bom tem para dar ao Povo da Guiné-Bissau. Enfim, creio que, por terem vivido áureas e benesses à sombra e às custas do partido há tão longos anos, algumas pessoas, pensam que o cargo de Presidente da Republica se encontra ao alcance dos seus caprichos de poder.
Bem, à parte essa brincadeira de mau gosto, o PAIGC, mais uma vez, faz o jogo da avestruz, ou pretende andar a brincar com o fogo num paiol de pólvora. A verdade é que, em vez de olhar para dentro e analisar as questões candentes que se lhe perfilham de forma mais natural no seu seio e, assumir sem medos, de forma corajosa, responsável, sem complexos e com pragmatismo, o dossiê Carlos Gomes Junior, ex-Presidente do partido, analisando o seu pedido de « anuência » para apresentar a sua candidatura ao posto de Presidente da Republica sob a bandeira dos Libertadores, assobiam para o lado, criam a diversão e cada palhaço se apresta a apresentar o seu numero circense.
É bom que se entenda que, com isso, não pretendo dizer que o partido obrigatoriamente tem que aceitar apoiar Carlos Gomes Junior como seu candidato e, nem este ser obrigado, ou mesmo precisar do apoio formal do partido para se guindar, caso as condições existam e sejam garantidas, ao cargo de Presidente da Republica da Guiné-Bissau.
Porém, o que é bom é o PAIGC, por uma lado, não esquecer de que CGJr tinha ganho largamente as ultimas eleições presidenciais de abril 2012 interrompido pelo golpe narco-militar e complot sub-regional contra a sua magistratura e, por outro lado, que em condições normais de liberdade e garantias de segurança, Cadogo não tem adversário à altura para o desafiar a esse cargo na Guiné-Bissau. Essa é a verdade nua e crua, quer queiram quer não, mas isso não quererá dizer que eu queira impor essa saída logica e natural ao partido, pois também entendo, que a figura de CGJr cria incômodos e complexos, quer aos velhos do Restelo do partido, quer principalmente receios na cúpula militar e ao tribalismo militarizado institucionalizado na Guiné-Bissau de uns tempos a esta parte na Guiné-Bissau e, cujos tentáculos de pressão se estendem, condicionando quaisquer manifestação pro-Cadogo vindas do partido.
Contudo, o que o PAIGC, não deve também esquecer, é que, quer se goste ou não dele, CGJr é um vencedor democrático nato, pois venceu categoricamente dois Congressos do Partido (e venceria este se lá estivesse), venceu duas eleições legislativas (uma com maioria qualificada, única na historia do pais), fez eleger um Presidente da Republica (Malam Bacai Sanha), levando-o ao colo até a mais alta magistratura da Nação, vindo este, mais tarde a ser o seu mais acérrimo adversário instigando os militares contra ele,... e, em abril 2012 ganhou folgadamente as eleições, arrasando o Kumba Yala, sendo a consolidação da sua vitória mais do que certa interrompida por um golpe militar de cariz narco-tribal associado a alguns dos barões dos interesses da França-África sub-regional. Em suma, CGJr, só foi derrotado pela força das armas de interesses narcotraficantes e tribais e sob a manipulação de interesses sub-regionais que querem subjugar a emancipação do Povo guineense.
Assim sendo, e se hoje, o partido optar por descartar o seu « campeão » e preferir a politica circense de interesses complexados de tolos narcisistas de n 'bai luta, o problema será sempre do partido, a começar pelo seu novel líder DSP que, ao que parece apesar de todo o seu potencial intelectual e de liderança, confunde ainda o evidentemente indispensável com o «dispensável» no seu dizer.
Nô Pintcha, dianti ku i caminho, DC já tinha advertido «uma aposta,...rumo a uma estrondosa derrota».
Pedro Djus - Militante de Base»