terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Morte de Carlos Schwarz: Um testemunho


«Caras amigas e caros amigos,

Como as más noticias se propagam como o fogo na savana seca, muitos de vocês já estarão ao corrente. O nosso amigo Carlos Schwarz morreu esta manhã no Hospital Curry Cabral.

Tendo-se deslocado a Lisboa para estar junto da mãe, a Dra. Clara Schwarz, na comemoração do seu 99º aniversario, o Carlos, desde há cerca de 15 dias, não fez outra coisa do que andar de exame em exame médico, afectado por uma doença maldosa que, num tempo relâmpago, hoje o tirou do nosso convívio.

Sobre os múltiplos combates e empenhos pela Guiné-Bissau que, nos últimos 40 anos, o Carlos Schwarz travou e promoveu - como militante da JAC, fundador e Director do DEPA, Directo executivo da AD e mais recentemente grande dinamizador do Memorial do Cacheu - outros falarão.

Quero, contudo, deixar o testemunho de uma faceta, por antiga, mais esquecida. O Carlos Schwarz, no seu tempo de estudante do Instituto Superior de Agronomia, foi um importante dirigente associativo. Carlos Schwarz teve um papel destacado nas várias frentes em que o movimento associativo se desdobrou nos últimos anos da ditadura, incluindo na frente política, a frente do combate ao fascismo e ao colonialismo. Como inúmeras vezes ele próprio o disse, foi daqui, da sua experiência de "associativo", que em boa parte tirou fôlego para os combates pela Guiné-Bissau e pela melhoria das condições de vida dos guineenses.

É desses já longínquos finais dos anos 1960-princípios dos anos 1970 que vem a minha amizade com a Isabel Levi Ribeiro e o Carlos Schwarz. Camaradas leais, amigos fixes, de uma vida. Hoje, como provavelmente a outros amigos e amigas, a primeiro coisa que me veio à cabeça foi: Ouve lá, Schwarz, não te vás embora assim sem mais nem menos!

Até sempre, camarada.

O funeral do Carlos Schwarz realiza-se amanhã à tarde, às 16:00 h., no cemitério da Barcarena.
Eduardo Costa D.
»