quarta-feira, 17 de abril de 2013
Indjai escapou por um triz, mas não perde por esperar...
O chefe de Estado Maior guineense, António Indjai, deveria ter-se juntado a Bubo na Tchuto e agentes anti-narcotráfico (DEA) norte-americanos em alto mar. À última hora, desconfiou e evitou a captura, avançou a Reuters, uma história de resto já contada pelo Ditadura do Consenso... Informantes infiltrados da DEA reuniram-se com Indjai, Na Tchuto e vários outros supostos traficantes “várias vezes desde meados de 2012” para preparar a operação policial que levaria à detenção, a 2 de abril, do almirante considerado um “barão do narcotráfico” pelos Estados Unidos, e que vai ser julgado em Nova Iorque. Fontes ligadas à operação disseram à Reuters que Na Tchuto enviou um dos seus ajudantes, antes de sair para o alto mar, ao largo das ilhas Bijagós, no final do dia. Indjai deveria seguir separadamente, algumas horas mais tarde, para lidar com o carregamento de armas envolvido no negócio. Contudo, tornou-se desconfiado, segundo uma fonte, que acompanhou a operação.
“Ele não mordeu o isco”, disse uma das fontes. Indjai protagonizou um golpe de Estado em abril de 2012, interrompendo eleições presidenciais e entregando o poder a um governo de transição liderado pelo presidente Manuel Serifo Nhamadjo, num acordo mediado por africanos CEDEAO. Os traficantes detidos pela DEA diziam que o presidente e o governo tinham conhecimento e facilitavam o negócio. Pela participação no golpe, Indjai integra a lista de indivíduos alvo de sanções do Conselho de Segurança da ONU, estando proibido de ausentar-se para o estrangeiro. “Indjai é um alvo de alto valor. E ele sabe que ele é”, disse um diplomata baseado em Bissau.
Ainda assim, a detenção de Na Tchuto é um dos maiores sucessos da Drug Enforcement Administration norte-americana na África, região que diz é cada vez mais usado por traficantes de droga da América Latina como plataforma para os Estados Unidos e Europa. Fontes do Exército Guiné-Bissau disseram à Reuters que vários oficiais militares vistos como aliados de Na Tchuto foram colocado sob prisão domiciliária, enquanto recrudescem as tensões entre fações militares rivais, que atribuem mutuamente as culpas pela operação.