segunda-feira, 22 de abril de 2013
CARLOS GOMES JR diz ter perdido eleições devido a pressão militar
O Primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, admitiu que venceu as Presidenciais de 2012 no seu país, à primeira volta, com cerca de 54% dos votos mas, por pressão dos militares, os resultados foram alterados. Citado esta segunda-feira, 22 de Abril, pela rádio pública cabo-verdiana (RCV), Carlos Gomes Júnior justificou os 49% anunciados na altura pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), com a pressão da ala militar que obrigou à alteração dos resultados.
«Eu nem gosto de falar disso porque o povo reagiu em função das suas necessidades. Nós, como somos um partido democrático e que já enfrentou sérios desafios, entendemos que o povo da Guiné-Bissau não devia ser confrontado com outras situações por isso aceitamos os resultados e nem questionamos se nos tiraram ou não votos, em nome da paz e da estabilidade», declarou Carlos Gomes Júnior, cujo Governo foi derrubado a 12 de Abril de 2012, na véspera da abertura da campanha para a segunda volta das eleições Presidenciais, num golpe liderado pelo Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai.
Carlos Gomes Júnior, que é Presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) esteve na Cidade da Praia, entre sexta-feira e domingo, a participar na qualidade de convidado no XIII Congresso do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder nestas ilhas). Instado a falar sobre o General António Indjai, procurado pela justiça norte-americana por crimes de narco-terrorismo, o dirigente guineense afirmou que não fala dos seus subordinados. «Não gosto de pronunciar-me sobre os meus subordinados. Os meus subordinados têm de respeitar a hierarquia e eu sou o Chefe. Não me pronuncio sobre quem quer que seja», declarou.
Sobre a acusação que pendem sobre Indjai e a prisão do ex-chefe do Estado-Maior da Armada guineense, Bubo Na Tchuto, Carlos Gomes Júnior disse que as acusações norte-americanas de ligações ao narcotráfico e tráfico de armas são assuntos do foro judicial e que tem acompanhado tudo através da imprensa. O também líder do PAIGC afirmou ter dúvidas de que sejam cumpridas as datas do Congresso do seu partido, previsto para Maio, e das eleições gerais para o final de 2013, devido a problemas logísticos e financeiros. RCV