quinta-feira, 18 de abril de 2013
Águas agitadas...
Desde maio deste ano de 2013 que o Senegal suspendeu oficialmente as concessões de licenças de pesca a armadores estrangeiros. Com essa medida, os senegaleses visam preservar os seus recursos haliêuticos, super explorado com as demandas de licenças de pesca estrangeiros...mas roubam todo o peixe à Guiné-Bissau como mais adiante se verá.
Como consequência, os barcos que ai operavam foram "convidadas" a aguardarem novas ordens ao largo da fronteira marítima com a Guiné-Bissau. O local escolhido, não foi fortuito, mas sim uma decisão estratégica bem pensada. Como se sabe, o Senegal sempre tentou tratar os assuntos e recursos da Guiné-Bissau como se fosse de uma das suas províncias (uma espécie de prolongação de Casamança). Esta percepção complexada e neocolonial que este país vizinho tem do nosso país tem-se acentuado e agravado com o golpe de estado de 12 abril de 2012, caucionado pelas autoridades de Dakar, burquinabês e nigeriana. Esses barcos, embora oficialmente sem licença senegalesa, em troca de contrapartidas iguais às licenças, são "autorizadas" implicitamente a pescar nas nossas desprotegidas águas territoriais.
Poder-se-á perguntar, mas como o Senegal pode assim agir e "autorizando" pescas nas nossas águas? A resposta é fácil e bem simples. Beneficiando da posição de força de ocupação, fazendo parte do contingente militar da CEDEAO, a inoperante e passiva ECOMIB, na Guiné-Bissau, o comando militar senegalês em Bissau, tem informações privilegiadas sobre todas as atividades das nossas Forças Armadas, particularmente de todos os seus movimentos rotineiros e, sobretudo sobre a cada vez menos escassas ações de fiscalização das nossas águas territoriais.
Assim, os barcos industriais mandados aguardar junto às aguas fronteiriças guineense/senegalês invadem a seu bel prazer e quando devidamente informados de terem caminho livre para o saquearem as nossas águas territoriais, delapidando de forma selvagem os nossos recursos haliêuticos. Essas embarcações são segundadas de centenas de pirogas de "nhomincas" senegaleses, que, com as suas redes assassinas, depravam ainda mais os nossos fundos marinhos.
Para assim agirem impunemente, os barcos e as pirogas são regularmente informados pelas fontes securitárias senegalesas agora instaladas em Bissau pela CEDEAO e como tal, podem controlar discreta e facilmente as poucas ações de fiscalização da nossa marinha de guerra (atualmente mais preocupados com negócios de transbordo de cocaína para as ilhas desabitadas dos bijagós), assim como do Ministério das Pescas através da Fiscamar, que neste momento de turbulência governativa esta praticamente inoperante e entregue a pessoas com interesses no sector.
É por esta razão que, recentemente, muitos dignatários senegaleses (políticos e religiosos), homens de negócios burquinabês, ivoirienses e nigerianos que operam na nossa zona económica, principalmente no Senegal, se apressam a constituir sociedades de pescas com parceiros estrangeiros e nacionais ligados ao novo regime pró-CEDEAO. Cientes da situação de vulnerabilidade e da situação "dominio" e subordinação das nossas forças de segurança às forças estrangeiras e da situação de ingovernabilidade em que se encontra o país, aproveitam-se disso, ora para operarem a partir de Dakar através do esquema acima descrito, ora a partir de Bissau a coberto de licenças de pesca guineenses emitidas na maior ilegalidade e corrupção de permeio pelo regime submisso de Bissau.
O mais grave em tudo isto é que, somos nós os Guineenses, os maiores responsáveis desta caótica situação em que o nosso pais se encontra: abandonado ao Deus dará, como se diz em bom crioulo, a Guiné-Bissau esta, apétélé..., abantalé. AAS