A Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu hoje impor sanções contra os militares que tomaram o poder na Guiné-Bissau, considerando que o Comando Militar "não deseja negociar", segundo um comunicado da organização divulgado em Banjul.
"Depois de doze horas de negociações" entre os países membros do grupo de contacto da CEDEAO e "uma só pessoa, o general António Indjai, chefe de Estado maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau e chefe do comando militar, tornou-se evidente que não deseja negociar e prefere claramente enfrentar as consequências", refere o texto do comunicado citado pela agência France Presse. "No final das discussões, nenhum acordo foi conseguido com o Comando militar e os seus aliados", acrescenta o texto, sublinhando que "a rejeição das posições do grupo de contacto significa a imposição de sanções" que começaram "à meia-noite de 29 de abril".
O comunicado precisa que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos sete países que compõem o grupo de contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau (Gâmbia, Nigéria, Benim, Cabo Verde, Guiné-Conacri, Senegal e Togo), que estiveram reunidos em Banjul desde domingo, irão entregar um relatório ao Presidente do grupo, o chefe de estado nigeriano Goodluck Jonathan. Uma cimeira de chefes de Estado do grupo de contacto está agendada para 03 de maio em Dacar "para tomar todas as outras medidas necessárias, incluindo o uso da força para fazer aplicar as decisões da cimeira" de 26 de abril, em Abidjan, Nigéria.
Os 15 estados da CEDEAO decidiram a 26 de abril enviar uma força de estabilização de 500 a 600 militares para a Guiné-Bissau, na sequência do golpe militar de 12 de abril, e fazer um ultimato de 72 horas aos golpistas para reporem a ordem constitucional e libertarem o presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, sob pena de sofrerem sanções individuais. A 27 de abril, o autodenominado comando militar anunciou que aceitava todas as exigências da CEDEAO e ordenou a libertação dos dois políticos, que se encontram desde então na Costa do Marfim.
CFF/LUSA