Os bispos da Igreja Católica da Guiné-Bissau repudiaram nesta terça-feira "mais esta opção militar e todas as formas de violência escolhidas" para resolver problemas do país e pediram um "respeito sagrado" pelas leis "e pelas instituições democraticamente eleitas".
Numa mensagem lida pelo bispo auxiliar de Bissau, D.José Lampra Cá, os bispos dizem que o país está colocado perante um problema nacional de enorme gravidade e de consequências ainda imprevisíveis. "Os sinais explícitos de mal-estar vêm de longe, mas alguns desses sinais manifestaram-se mais fortemente durante o último ato eleitoral. De facto, houve ainda algum esforço para, através de um diálogo franco e honesto, se ultrapassarem as dificuldades encontradas. Infelizmente, o golpe de Estado do dia 12 veio agravar a situação", dizem os bispos.
E lembram que na história da Guiné-Bissau se tem recorrido várias vezes a golpes semelhantes e os resultados práticos estão à vista: "Não se atingem as causas profundas das crises e assiste-se ao aparecimento de novos conflitos. Com a violência das armas, desorganizam-se as estruturas básicas da sociedade e termina-se por sacrificar toda a população, que finalmente é quem mais sofre, sem poder entender bem porquê", afirmam os bispos, que aconselham os crentes a rezar e que o diálogo seja a forma de resolver os problemas.
Os bispos pedem também aos guineenses para que formem correctamente a consciência moral para evitar problemas que têm prejudicado a convivência pacífica, como "a busca desenfreada e ilegal de poder e riqueza, corrupção, impunidade perante os crimes cometidos, falta de transparência na gestão de bens públicos, espiral de violência e desleixo generalizado no exercício da profissão". Os militares lideraram na quinta-feira um golpe de Estado na Guiné-Bissau e prenderam o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.