segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
OPINIÃO: Horta daninha
«O Gabinete das Nações Unidas (NU) na Guiné-Bissau deve estar a viver momentos únicos na história das missões que têm realizado um pouco de tudo pelos quatro cantos do mundo.
As peripécias e momentos de inusitado incomodo pela qual tem passado Gabinete da ONU de mediação da crise na Guiné-Bissau, pais sob custodia de militares e de narcotraficantes, de certeza absoluta, devem ser casos únicos em termos de experiência em teatros de conflito ou de mediação de crises.
Uma conclusão no entanto se poderá tirar desta caricata situação. Ela, devera servir para as NU como sendo uma variante importante de ponderação nos casos de avaliação de futuras escolhas de figuras que o representem, com dignidade e prestigio à altura da grandeza e respeitabilidade da organização.
ninguém pode e deve ficar indiferente aos momentos de desconforto e banalização a que o Gabinete das NU na Guiné-Bissau tem sido sujeito pelo regime militar de Bissau. Tudo isto, a meu ver, deve-se ao carácter, a personalidade e a postura de quem hoje dirige essa missão na Guiné-Bissau : o Nobel da Paz e ex-presidente Timorense, Jose Ramos Horta.
Este outrora Nobel da Paz, cuja nomeação ao posto de Representante Especial do Secretario Geral das NU (RESG-NU) para a Guine-Bissau, chegou a despertar no intimo dos guineenses e dos defensores da democracia, uma crença de pragmatismo, alimentando legitimas esperanças, de que, com a sua experiência e savoir faire, muito iria contribuir positivamente, para a resolução de mais um conflito que voltou a sacudir o pais. Infelizmente, foi sol de pouca dura. Cedo se deu conta do erro de casting e o fracasso rotundo que viria a ser a escolha desse supostamente tarimbado e calejado politico.
Passados os primeiros tempos de euforia, Ramos Horta, foi-se irremediavelmente perdendo nos jogos de labirintos enganosos de vitimização useira e vezeira dos narco-militares guineenses. Perdido no emaranhado do jogo de intrigas e falsidades, RH foi perdendo o rumo da sua missão e, com ele, foi arrastando penosamente a imagem e a respeitabilidade das NU pelas ruas do descrédito e da vulgaridade.
Suposto ser um elemento dissuasivo, o RESGNU, foi assistindo nas suas barbas, uma serie de atropelos aos direitos humanos, nomeadamente, espancamentos de políticos e civis, actos de tortura, raptos, assassinatos sumários ou encomendados, intimidações, repressões barbaras de manifestações publicas, interdição de actividades politicas de certas facções que se opunham contra o golpe de estado, prisões arbitrarias de políticos, membros da sociedade civil e dos defensores dos direitos humanos...enfim, um rol de arbitrariedades e de impunidades, foram se desfilando na sua presença, aproveitando-se os seus autores da ineficácia, inoperância e certa "cumplicidade" de quem, supostamente representa as NU no pais.
Aposto de que, nos anais da sua historia e experiência, as NU, nunca tiveram, uma representação tão inoperante, inútil e omissa, como a que esta instalada na Guiné-Bissau, o que demostra, a manifesta ligeireza e desrespeito com que o regime militar de transição trata e lida com o seu Representante na Guiné-Bissau, o qual, cada dia que passa, mais parece um turista despreocupado, do que um mediador de conflito.
E por estas razoes de vulgaridade, é que, as instalações das NU são invadidas e cercadas, o cortejo do RE mandado parar e revistado, que viaturas de funcionários da organização sejam seguidas, mandadas parar e revistadas indiscriminadamente, que seus colaboradores ou assessores nacionais sejam regular e gratuitamente espancados... enfim, é ver, toda a imagem da organização, ser sistematicamente, desrespeitada, vilipendiada, ridicularizada e humilhada pelas autoridades golpistas de Bissau.
Porem, não devemos esquecer, de que, tudo isto, teve um começo. Tudo começou, num certo dia do mês de abril, um dia que parecia, dia de mentira, soldados comandados por Antônio Injai, violaram e invadiram a sede das NU em Bissau, para libertarem Bubo Na Tchuto e darem um golpe de estado contra o Governo de Carlos Gomes Junior, beneficiando na altura com cumplicidade escamoteada do então Presidente Malam Bacai Sanha. Foi a partir desse inesquecível dia que as NU perdeu a sua "virgindade" e não reagiram à altura..., razão pela, hoje, qual uma galderia perdida, paga as favas da sua promiscuidade e condescendência para com os militares narcotraficantes que reinam hoje em Bissau.
O nosso saudoso Jose Carlos Schwarz cantou "si garandi di casa ta tchami, fidjus tudu ta nornori"
Demócrito»