segunda-feira, 15 de abril de 2013
PAIGC e o Congresso: Onde e quando?
Mais um Golpe de Estado na Guiné-Bissau, mais uma transição vergonhosa (é que desta vez não resultou mesmo. E espero que seja a última). Mais uma situação caótica, mais um adiamento que não se justifica, um autêntico apunhalar pelas costas e uma ferida aberta na honra e na dignidade dos guineenses de boa-fé, espalhados pelos quatro cantos do Mundo. Mais um festim para os abutres, com o País de rasto e o povo amordaçado a contemplar, impávido e impotente, o estrangular da sua esperança de um dia construir um futuro melhor para os seus filhos, em virtude dos sacrifícios consentidos durante a Luta de Libertação Nacional, como sempre frisava o nosso saudoso Amílcar Cabral – QUE NOS PERDOE E QUE A SUA ALMA DESCANSE EM PAZ!
É com este estado da Nação, quando consensualmente, a opinião pública nacional considera o PAIGC o principal factor de instabilidade para o País, que esta formação Política se prepara para realizar o seu VIII Congresso, previsto para o próximo mês de Maio (?), em Cacheu (?). Gostaria francamente que este Congresso ajudasse o Partido de Amílcar Cabral a se reencontrar, por duas razões muito plausíveis, do meu ponto de vista:
1 – Cacheu, a primeira Capital do nosso País, terra da minha querida mãe e de gente de Paz, berço do crioulo (língua que contém todos os ingredientes necessários para se falar e se entender, desde que haja boa vontade e bom senso);
2 – O PAIGC é parte integrante de cada um de nós, um fenómeno indissociável da nossa história, um património Nacional que devemos preservar para as gerações vindouras e em homenagem aos Heróis e Mártires da nossa fratricida Luta de Libertação Nacional e não permitir que, de Partido Libertador se transforme em Partido gerador de calamidades nacionais.
Será que os actuais Militantes do PAIGC têm plena consciência das responsabilidades que recaem sobre os seus ombros? Será que estão devidamente preparados para fazer história em Cacheu? Espero bem que sim, que o pragmatismo e o espírito de franco patriotismo, que por lógica, devem estar presentes nestas situações, acabem por se sobrepor aos interesses mesquinhos e corporativistas, que como mostra a prática, acabam sempre por resultar em nada absoluto.
Cacheu merece uma homenagem, um abraço carinhoso e a honra de ser a Cidade anfitriã do VIII Congresso da maior Formação Política do País. Entretanto, do ponto de vista estratégico, a decisão (tomada noutra circunstância) de realizar este Congresso em Cacheu, em detrimento de Bissau, poderá revelar-se infeliz para o PAIGC.
Tanto o aspecto Logístico (Cacheu não é Gabú), como o próprio timing (nada abonatório) e a situação sociopolítica vigente (notória falta de segurança), aconselham à tomada de medidas muito pragmáticas, que visam, sobretudo, reduzir ao mínimo as pressões externas e garantir aos Delegados um ambiente de trabalho que propicie a liberdade de pensamento e de acção, para que possam decidir de acordo com a sua consciência.
Apesar da reconhecida importância do VIII Congresso do PAIGC para a estabilização do País e o seu regresso à normalidade Democrática, parece que a sua realização não constitui uma prioridade, se tivermos em conta a gritante morosidade que envolve a sua preparação: o constante adiamento da reunião do Comité Central, enquanto Órgão Máximo do Partido, para definitivamente decidir sobre o Nº de Delegados ao Congresso; a Data (constantemente alterada) e o Local (tendo em conta as circunstâncias) da sua realização; a Composição da Comissão Eleitoral; o Regulamento Interno; os Estatutos; o Orçamento e outros itens imprescindíveis à sua realização.
Tudo isto tem gerado especulações que apontam esta atitude como estratégica, tendente à marcação de um compasso de espera, relativamente aos acontecimentos que se precipitam e prometem conjunturas mais agradáveis do ponto de vista político e portanto propícios para arrumar a casa.
Entretanto existem opiniões que conotam esta atitude com manobras tendentes à manipular a situação em prol de determinado (s) candidato (s). O que a confirmar-se, não deixa de ser preocupante, numa altura em que a nossa Sociedade e o próprio PAIGC clamam por eleições justas, livres e transparentes, como forma de legitimar o Poder, condenando veementemente a fraudulência, o favoritismo e todas as formas de manipulação eleitoral que, pela sua essência, equivalem á um autêntico Golpe de Estado.
Enquanto militante do PAIGC, reconheço neste Congresso um momento único para salvar o Partido de Amílcar Cabral, desde que sejam cumpridos os pressupostos necessários, para que seja realizado num ambiente de Liberdade, Justiça e Transparência e que dele emerja uma Direcção Jovem, Forte, Coesa e suficientemente Corajosa para lidar com os crónicos problemas estruturais que desembocam em crispações e fricções de interesses retrógrados instalados, acabando quase sempre por transbordar e inundar toda a nossa Sociedade.
POERA DJÚ
LISBOA, PORTUGAL