quinta-feira, 11 de abril de 2013

Nem tudo são espinhos


Às vésperas de completar um ano após o golpe de estado de 12 de Abril 2012, a Guiné-Bissau apareceu nas primeiras páginas de notícias internacionais, infelizmente, mais uma vez, por piores motivos. Segundo os especialistas da matéria, estas detenções de cidadãos guineenses, incluindo o ex-Chefe de Estado Maior da Marinha, Almirante Bubo Na Tchuto, para além de ser fruto de excelente trabalho desenvolvido pelos EUA na luta contra o tráfico ilícito de armas e estupefacientes na costa ocidental africana, representa mais uma vitória do povo guineense, uma vez que estes flagelos sempre foram apontados pela ONU, como uma das principais causas destabilizadoras do nosso país.
 
Nós, Bissau-guineenses, vivemos momentos infelizes que gostaríamos que fossem apagados da nossa história. Ao longo de toda a nossa existência como nação, aprendemos a conviver com espinhos... Eles fazem e sempre fizeram parte da nossa caminhada. Por isso, não devemos temer, parar e nem tão pouco desistir desta luta desenfreada!
 
Espero honestamente, como cidadão, que todas as forças vivas da nação guineense, reconheçam a nossa debilidade; Compreendam de uma vez por todas, a necessidade (urgência) de aproveitar ondas de apoio da comunidade internacional que estão a nosso favor apesar da crise mundial, para que possamos realmente ajudar o país a sair do lamaçal que se encontra, resgatar a nossa democracia e devolver ao povo, a sua dignidade. É pegar ou largar, tendo em conta as dificuldades que hoje são evidentes na Guiné e que, a crise tende a aumentar.
 
Na verdade, as picadas e cicatrizes, hoje, estão à vista de todos... Mas, nem tudo são espinhos na Guiné-Bissau!
A nossa inteligência adicionada à vontade de transformar a nossa própria vida e salvar o país, são muito mais fortes do que as divergências, os obstáculos e os casos amargos da nossa história.
Existe um povo maravilhoso cujo coração e dignidade foram esmagados, mesmo assim, mantem-se firme, desfragmentado e de cabeça erguida.
Existe gente humilde que apesar de tanto sofrimento, ainda canta e dança, mesmo que for para espantar os males.
 
Nem tudo são espinhos nesta linda e rica terra!
Existem também rosas... Isso mesmo, rosas. Rosas ressequidas no silêncio duma história... A nossa história criada na fantasia e na mistura de indignação e sonhos. Lindas rosas que autrora abandonadas no espaço vazio entre o presente e o futuro, desabrocham nos canteiros da liberdade.

Caros compatriotas, devemos transmitir segurança e ter orgulho de tudo o que temos, (pouco ou muito) o que se fez e se faz de bom! Exibir as nossas conquistas, içar a nossa bandeira, cantar o nosso hino... Afinal somos um povo maravilhoso e temos muito para oferecer: Lindas praias; Enorme biodiversidade; Mosaico cultural riquíssimo, para além da nossa calorosa hospitalidade.
 
Devemos concentrar nas coisas boas e positivas que acontecem no nosso país e viver delas! Por exemplo: As grandes expectativas para a exploração dos recursos naturais (petróleo, bauxite, fosfato etc.); A construção do porto de águas profundas em Buba; A pesca e o turismo nacional etc... Tudo isto poderá criar muitos postos de trabalho, melhorar a vida de muitas famílias e fazer o país crescer.
 
Não pretendo com este artigo, ocultar o podre com uma visão cor-de-rosa ou tentar maquiar a crua realidade que marcou a nossa história de forma negativa. Dar uma falsa protecção, seria irónico da minha parte e de qualquer cidadão do bem.
Quero sim, que aproveitemos a fase final da transição, (fim dos golpes-assim parece) para promover o que temos de bom, mostrar os nossos valores, transformar esta crise numa oportunidade para fazer o mundo conhecer as potencialidades do nosso país e provar que, ONDE HÁ ESPINHOS, HÁ ROSAS.
Haja Rosas!
Pensamentos positivos...

Londres, 10.04.2013
Vasco Barros. (Vavá)