segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os maus filhos da terra



Continuo a ver guineenses a discutir Cadogo Jr. Vs António Indjai, CEDEAO vs Angola/Portugal, ordenados dos antigos combatentes vs ordenados dos ministros do governo legítimo! Fogem, uns de forma intencional, outros por ignorância, do que mais nos devia preocupar e ser motivo de debate sério e aberto, que é o direito, a liberdade e o poder do povo, que neste momento estão suprimidos na nossa pátria! Parece que essa discussão não interessa a ninguém neste momento! Quando esses itens não são assumidos como o cerne da questão guineense, qualquer discussão ou opinião estão condenadas, logo a partida, à infertilidade…

Como é que um guineense poderá defender um denominado “Comando Militar” que amputa outros guineenses dos seus direitos mais básicos, como o direito a escolher os seus líderes e de se manifestarem!? Como é que um guineense pode apoiar um Presidente da República que não foi escolhido nas urnas e que é mais que óbvio que participou na orquestração do golpe de estado de 12 de Abril e tornou-se apenas um sócio e marioneta de um louco e alcoólico que tem o sonho de balantizar o poder na Guiné-Bissau!?

Que patriotas são esses que dão eco à publicação de um “sítio” de um suposto partido politico (PRS), onde consta ofensas a outro estado (Portugal) e ao seu Ministro de Negócios Estrangeiros!? Devo lembrar que, com essa publicação, esse partido assume a sua coautoria no golpe de estado de 12 de Abril, devendo esse mesmo texto ser usado como prova para pedir sanções internacionais aos seus dirigentes… Esse partido insiste num discurso completamente caduco, procurando em Portugal o bode expiatório para os problemas guineenses, quando os principais problemas para a Guiné-Bissau e para os guineenses de bem, de há uns anos para cá, estão perfeitamente identificados e chamam-se PRS e a classe castrense. Têm a pouca vergonha de afirmar que, “desde que o mundo é mundo, quando a nossa casa arde são os vizinhos que se socorrem e se preocupam.

Não é por acaso que em África, os vizinhos são tidos como irmãos”, para justificarem o pacto que fizeram com a CEDEAO. Esqueceram-se que foram os vizinhos do Senegal que, em 1998, vieram incendiar a “nossa casa” e matar os nossos irmãos, apenas para que Nino Vieira se mantivesse no poder!? Hoje, são esses vizinhos que forjaram um presidente e um governo fantoches, desrespeitando a vontade popular e os apelos dos nossos parceiros internacionais e, continuamos a ver alguns guineenses a aplaudir isso, como se a luta para atingirem o principal objetivo que é o assassinato politico de Cadogo Jr., justifica tudo, até manter refém e humilhar o próprio povo!

Quando atacam Portugal, façam favor de olharem para o país nosso irmão, Cabo-Verde, que nasceu no mesmo dia que a Guiné-Bissau, mas que sacudiu o complexo do colonizado e tem em Portugal um dos principais parceiros de cooperação e está a caminhar pelos seus pés, passos largos, rumo ao desenvolvimento. Apesar da escassez de recursos naturais, o nosso "irmão gêmeo" (Cabo-Verde) ocupa a posição 133ª no Índice de Desenvolvimento Humano (Dados de 2011), estando entre os países classificados como "Médios", no que toca ao mesmo índice. Nós, estamos orgulhosamente na 176ª posição, junto com países considerados com índice de desenvolvimento humano "Baixo", tudo por causa de “santchundadi” de alguns maus filhos da terra. Não deixa de ser estranho que, entre as suas ex-colónias, Portugal tenha instintos neocolonialistas apenas para com a Guiné-Bissau! O problema estará em Portugal ou naqueles maus filhos da terra que querem continuar a manter o povo como refém?

Um dia, os guineenses perceberão quem são os verdadeiros maus filhos da terra, que usam falsos argumentos para darem golpes de estado, tentando ocultar o seus objetivos, que é manterem o poder e controlarem melhor os seus negócios ilícitos… Espero que, ao aperceber-se disso, o povo guineense saberá dar o devido tratamento a esses canalhas.

Jorge Herbert