terça-feira, 26 de junho de 2012

MINISTROS PRECISAM-SE



Após a recente declaração do Ministro de Negócios Estrangeiros do governo ilegítimo da Guiné-Bissau, em que ameaçava com a possibilidade da retirada do nosso país da CPLP, decidi escrever sobre algumas saídas infelizes desse Ministro, mas a carta aberta do editor do blog “Ditadura do Consenso” e o texto de Almiro Correia publicado no mesmo blog, frenaram o meu impulso, achando que qualquer novo texto em relação a essa declaração de Faustino Imbali não viria acrescentar nada e pecaria por ser repetitivo e pobre de novidades… Mas, hoje foi daqueles poucos dias em que consigo ver o noticiário das 19h30min da RTP África.

Vi os portugueses a receberem a visita de um Nobel da Paz (Desmond Tutu), os caboverdeanos a disputarem a liderança de umas eleições autárquicas, os angolanos a reabilitarem um caminho-de-ferro, etc. Da minha Guiné-Bissau, assisti a mais uma vergonhosa entrevista do Sr. Faustino Imbali, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo ilegítimo da Guiné-Bissau e uma visita do Ministro da Presidência do Conselho de Ministros da Comunicação Social e Assuntos Parlamentares do mesmo governo ilegítimo, supostamente para atrair investimentos estrangeiros, à uma fábrica de bebidas instalada na Guiné-Bissau há 3 anos, por um empresário espanhol!!!

Pergunto, mas em que mundo de amadorismo e empirismo vivem esses dois ministros!? Em que Universidades esses dois coitados estudaram Relações Internacionais, os conceitos de Micro e Macroeconomia e as regras do mercado para atração de investimentos estrangeiros!?

Quanto ao Sr. Fernando Vaz, não tenciono perder muito do meu tempo com ele. Peço-lhe apenas para não tentar ser notícia a todo o custo, mesmo tendo que desempenhar papeis ridículos como aquilo que vi hoje na RTP África. Isso porque, apesar de não pactuarem com este governo de golpistas, ainda existe guineenses que se envergonham, ao assistir a tamanha pequenez daqueles que pretendem ser representantes de um país… Gostaria que esse Ministrozeco me dissesse, de que forma acha que essa visita a essa fábrica possa atrair novos investidores para a Guiné-Bissau, quando todo o mundo sabe de cor e salteado que a Guiné-Bissau encontra-se numa situação de grave instabilidade político-militar, com consequente afastamento dos nossos principais parceiros económicos e agravamento progressivo da situação sócio-económica…?

Nesse contexto, a visita à uma fábrica de sucesso (convém realçar sempre que se instalou há três anos na Guiné-Bissau e não durante o mandato do atual governo ilegítimo), transforma-se apenas numa clara demonstração da pequenez, falta de visão e défice de postura de estadista, de alguém que não faz a mais pálida ideia o que é a arte de governar um país… A desorientação é gritante!

Mas, no desenrolar do noticiário, a vergonha guineense começou com a entrevista do suposto Ministro de Negócios Estrangeiros, com quem o jornalista fez questão de gozar, sem ele se aperceber do ridículo que estava a ser! Começou por garantir, como se estivesse munido de uma varinha de condão, que jamais haverá golpes de estado na Guiné-Bissau. Não foi capaz de justificar essa sua afirmação, demojstrando clara cumplicidade com os militares, já que essa afirmação não passa de chavões já repetidos por outros CEMGFA. Agora, em vez de ouvirmos essa garantia da boca do principal ator do último golpe de estado, essa afirmação não fundamentada, saiu da boca de alguém que se afirma Ministro dos Negócios Estrangeiros de um país!

Avançou na entrevista afirmando também que a Guiné-Bissau tinha sido reconhecida pela Comunidade Internacional, referindo-se especificamente a CEDEAO. O jornalista lembrou-lhe e bem que a CEDEAO era apenas uma organização regional… Após umas baboseiras pelo meio, lá terminou a entrevista a dizer timidamente, em jeito de “recado de boca pequena” aos governantes portugueses, qualquer coisa como: para a Guiné-Bissau, o principal parceiro económico ou a referência da Comunidade Internacional para a Guiné-Bissau, é Lisboa!!!

Sr. Faustino Imbali,

“Tire o cavalinho da chuva” e oriente as suas energias a pedinchar algo mais a CEDEA O, porque com este governo português, não vai ter sorte, enquanto não reporem completamente a legalidade constitucional… Quando cozinharam o golpe e formaram governo, deviam também calcular o risco de colocar o país num isolamento económico e todas as consequências que daí poderiam advir. O Sr. Faustino Imbali não sabia que corria o risco de se tornar no Ministro dos Negócios com menos de meia-dúzia de países, em vez de um verdadeiro Ministro dos Negócios Estrangeiros? A dita Comunidade Internacional pode até não estar interessado em aplicar-se muito em homens e dinheiro para resolução das constantes instabilidades de um dos países mais pobres do mundo, mas também garanto-lhe que não estão nem estarão dispostos a apoiar financeiramente um governo fantoche saído de um golpe de estado.

Voltando a entrevista anterior em que o Sr. Faustino Imbali ameaçava com a saída da Guiné-Bissau da CPLP, queria apenas perguntar-lhe, se não era melhor inscrever-se antes num curso de verão de Relações internacionais, antes de vir proferir baboseiras para a comunicação social?

Nessa entrevista o Sr. Faustino Imbali dizia que a Guiné-Bissau é um país soberano e independente!

Pergunto ao Sr. Faustino Imbali, que país independente é esse e que independência é essa, quando o povo é oprimido, impedido de se manifestar, quando exige a reposição da legalidade constitucional? A quem compete defender a soberania do país? Os militares? Quem delegou essa função aos militares? O Governo de transição? E QUEM DELEGOU ESSA REPRESENTATIVIDADE AO GOVERNO TRANSIÇÃO? O POVO É QUE NÃO FOI! Portanto, o conceito da independência e soberania de um país, sem a independência e soberania do seu povo, é muito difícil de explicar a pessoas que têm a mínima capacidade de raciocínio… Estude e pesquise, antes de vir falar para a comunicação social. Ser Ministro também implica estudo e rigor nas palavras e nos actos.

O Senhor Faustino Imbali quer dialogar com a CPLP, Portugal e a União Europeia, para quê!? Para tentar passar a imagem de que as pessoas que formaram este governo fantoche não passam de quadros patriotas dispostos a sacrificar as suas vidas pessoais para encontrarem uma saída para a crise que se instalou após o golpe de 12 de Abril, com o qual não pactuam mas também não condenam?

Caro Faustino Imbali, com a tecnologia de informação, o mundo hoje tornou-se muito pequeno. Por isso, assim como a maioria dos guineenses, dentro e fora do país, todos os atores internacionais e regionais, a começar pela CEDEAO, sabem perfeitamente que este golpe foi cozinhado entre os cinco candidatos a Presidência da República contestatários das últimas eleições, com Kumba Yalá a cabeça, o PRS, os opositores de CADOGO dentro do PAIGC e os assassinos cobardes da nossa praça com fardas de militares, encabeçados pelo António Indjai… Não adianta tentar explicar o óbvio. Já devia saber que um dia serão responsabilizados pelo estado socioeconómico a que estão a submeter os guineenses hoje e nos próximos tempos, tudo para satisfazer a vossa cega ganância do poder.  

Contrariamente ao que afirma o Sr. Faustino Imbali na sua entrevista, este governo não pode nunca ser constituído por quadros tecnicamente capazes, porque qualquer quadro tecnicamente capaz e patriota, não devia aceitar integrar um governo saído de um ato de violência, como é um golpe de estado, porque aceita logo a partida trabalhar condicionado pelos militares, verdadeiros detentores do poder no país. Também, qualquer quadro minimamente capaz deve saber projetar o seu desempenho num determinado cargo ou funções, antes de os assumir, obviamente com pequenos desvios.

Este governo de fantoches e os seus apoiantes de visão fraca, só depois de algumas agressões verbais a Portugal, ao seu Ministro dos Negócios Estrangeiros e a União Europeia, começaram a perceber que a Guiné-Bissau é um país pobre, muito dependente da Europa e do resto de mundo e que a “porta” para esse espaço internacional situa-se em Lisboa e quem tem a chave é o governo português, na pessoa do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, por seu lado apoiante da concertação a volta da CPLP... Se demoraram para perceber isso, coitado do povo guineense nos próximos tempos!

Na ânsia cega para o poder e na emoção da revolução e do patriotismo barato, agridiram tudo e todos e só depois começaram a cair na realidade e agora pedem para conversar… Isto é aquilo que se diz na nossa terra “minino curridur, lebal réia”.

Para terminar, queria dizer de que é minha impressão de que Daba Na Walna foi afastado para o segundo plano, não por doença, mas sim por questões de luta para o protagonismo entre quem tem alguma formação e um analfabruto que comanda uma máquina de assassinar…

Jorge Herbert"