sexta-feira, 1 de junho de 2012
A HORA É DE LUTA E NÃO DE DEMAGOGIAS E NEGOCIAÇÕES
Será que há guineense que não conheça a cultura golpista do nosso país? Será que há guineense que já nãoestá farto de saber quais as verdadeiras motivações para essas convulsões periódicas? Todos sabemos que basta uma ala politica ou de militares não verem satisfeitos as suas ganâncias e ambições, para que se inicie um processo de alteração violenta da Ordem Constitucional, que culmina sempre na criação de governos de transição que o tempo tem demonstrado serem civis oportunistas que sempre se mantiveram por trás da cortina a manipular os militares, para logo de seguida ser anunciada a retirada da cena dos militares e a entrega do poder aos mesmos civis.
O “Modus Operandi” já é caduco, mas parece ainda resultar perante o poder regional e na cabeça de alguns guineenses que, pelo simples facto de alimentarem um ódio ao ex-Primeiro-Ministro, tentam convencer a outros guineenses que o último golpe de estado é uma fatalidade, sem retorno! Quando se apercebem que o governo ilegítimo forjado pela CEDEAO não tem pernas para andar, porque não só não tem aceitação dos principais parceiros internacionais, como tem uma clara rejeição popular, aventuram-se no apelo ao diálogo e ao entendimento dos guineenses! Primeiro fazem a fuga em frente, impõem a força e a violência e depois pedem o diálogo e o entendimento! Gostava de vê-los no papel das vítimas das agressões e violações de direitos que impuseram aos outros, só porque pertenceram ao governo ou tiveram alguma ligação de trabalho, familiar ou de amizade com os governantes!
Um patriota que se preze deve condenar este e qualquer outro golpe de estado e, qualquer solução que tenha saído dele, caso contrário, jamais terminará o ciclo de golpes na Guiné-Bissau. Aqueles que tanto apelam à justiça para Nino Vieira, Tagmé Na Waie, Hélder Proença, Baciro Dabó e a agressão de que foi vítima Francisco Fadul, hoje têm o desplante de pedir tolerância e diálogo para com os golpistas, sem se aperceberem que estão a pedir impunidade para as barbaridades que esses cometeram e continuam a cometer, mesmo sabendo que muitos deles são narcotraficantes já referenciados! Tenhamos senso!!! Ainda hoje, saiu uma notícia sobre a forma como o Presidente da CNE, Desejado Lima da Costa, foi escorraçado do seu gabinete!
É dessa forma que querem conversar!? Aliás, eu sou da opinião de que todos os membros do governo legítimo deviam sair das representações diplomáticas onde se encontram, confrontar a sociedade com a ilegitimidade deste governo fantoche recém-eleito e ainda apelar em todos os canais da comunicação social a que tiverem acesso, à resistência pacífica / desobediência civil da população… Só dessa forma o mundo perceberá melhor que o povo guineense não aceita golpes de estado, está farto de golpistas e não aceita soluções impostas por golpistas.
Em qualquer revolução, quer seja ela violenta ou pacífica, deve haver mártires e, é minha opinião que os mártires desta luta que tem de ser travada na Guiné-Bissau, devem ser primeiro os governantes legitimados pelo povo e secundariamente nós, todos os guineenses com formação académica que em nada dependemos da politica nem de protagonismos para a sobrevivência, portanto livres no pensamento e nos actos, independentemente de estarmos fora ou dentro da Guiné.
Chega de mantermos no nosso conforto diário, ter receios de retaliações e aceitarmos a humilhação dos colegas europeus, sempre que falarmos da nossa pátria, perante colegas que profissionalmente até são menos capacitados que nós… A hora é de luta e este Comando Militar e o seu governo forjado não devem ter vida facilitada pelos guineenses em geral. Independentemente de ter Cadogo Jr. ou outra figura como governo legitimamente eleito pelo povo, a luta dos guineenses deve passar pela defesa intransigente dos valores democráticos, dos direitos humanos que incluí a liberdade de expressão e da escolha dos nossos representantes políticos.
O diálogo com os golpistas (militares ou políticos), não passa de demagogia. A hora é de tolerância zero com eles. Esta é uma oportunidade de ouro que os guineenses têm de demonstrar uma clara e inequívoca rejeição a golpes de estado. Com isso, não quero dizer que defendo uma intervenção bélica no meu país, que todos sabemos ser nocivo a qualquer país e ao seu povo. Mas, defendo uma resistência pacífica sem tréguas, dos guineenses e, ainda, sanções exemplares aos golpistas e a todos políticos mentores do golpe (começando pelos cinco candidatos contestatários) e todos aqueles que se associaram a este governo ilegítimo. É minha opinião que essas sanções deviam ir mais longe, passando também pelo congelamento das contas desses indivíduos em todas as instituições bancárias europeias.
A HORA É DE LUTA PARA UMA GUINÉ MELHOR E NÃO DE NEGOCIAÇÕES OU DEMAGOGIAS.
OS GOLPISTAS SÃO CRIMINOSOS E DEVEM SER TRATADOS PELO POVO E PELA COMUNIDADE INTERNACIONAL COMO TAL. SUPOSTAS IRREGULARIDADES NA GOVERNAÇÃO NÃO PODE JUSTIFICAR ALTERAÇÃO VIOLENTA DA ORDEM CONSTITUCIONAL EM NENHUMA DEMOCRACIA DO MUNDO, MUITO MENOS NA GUINÉ-BISSAU.
ACEITAMOS A NOSSA POBREZA, MAS TEMOS DE ELEVAR A NOSSA DIGNIDADE COMO PAÍS E POVO LIVRES. SÓ ASSIM PODEMOS COMBATER ESSA POBREZA.
Jorge Herbert