segunda-feira, 18 de abril de 2016

CRISE POLÍTICA: Risco político "muito elevado" na Guiné-Bissau


A possibilidade de surgimento de violência política na Guiné-Bissau mantém-se alta, segundo o Mapa de Risco Político da consultora britânica Aon. O primeiro-ministro diz que o seu Governo "está tranquilo e a trabalhar".

A instabilidade na Guiné-Bissau continua e as consequências são cada vez mais visíveis. O Mapa de Risco Político da Aon voltou a considerar o país como de risco político "muito elevado". A classificação feita pela consultora britânica especializada em gestão de risco baseia-se principalmente na possibilidade de violência política e no facto de a Guiné-Bissau ser um pólo de narcotráfico.

Para reverter esta situação, a Guiné-Bissau deveria atrair mais investimento estrangeiro, defende Pedro Pinheiro, da Aon Portugal. "Um forte investimento externo que vai desde o investimento nos setores de atividade em que é mais forte até às próprias infraestruturas, para depois os produtos poderem chegar mais baratos a quem necessita deles ", explica. "O investimento direto estrangeiro é fundamental", sublinha o consultor, lembrando que quando existe um risco político muito elevado "os investidores perdem o interesse".

A Guiné-Bissau atravessa um período conturbado, consequência de vários anos de instabilidade política. Apesar da recente presença das Nações Unidas e da União Africana (UA) no país, os problemas não se resolveraam internamente. A UA admitiu mesmo a hipótese de poder vir a tomar as rédeas do país, caso não sejam encontradas soluções internas.

Ainda de acordo com o mapa realizado pela corretora com sede no Reino Unido, a economia guineense está a recuperar muito lentamente da suspensão de ajuda externa e dos anos de instabilidade política. O aumento do investimento que é necessário para impulsionar o crescimento e a economia interna ainda se depara com muitos obstáculos, afirma Pedro Pinheiro.

"Quem quer investir no país não consegue aferir se vai poder cumprir o seu plano de investimento, sem que exista quer interferência do Estado, através de legislação, através de embargo ou do que quer que seja, quer através de violência política, de tumultos ou de nacionalizações", explica.

Existe um grau de incerteza muito grande que leva a que a Guiné-Bissau seja continuamente considerado um país de risco. Mesmo após dois anos depois das eleições presidenciais, não foram criadas todas as condições suficientes para atrair investimento estrangeiro, salienta o analista.

"A Guiné-Bissau deveria desenvolver setores onde possa ser competitiva relativamente aos países vizinhos. Neste momento, a castanha de caju é a base de exportações e só com isso, não se pode fazer muito". Além disso, lembra ainda Pedro Pinheiro, o país também continua muitos dependente da importação de matérias-primas, como o petróleo e o arroz, entre outros. Deutsche Welle