terça-feira, 5 de novembro de 2013

OPINIÃO: Aprés moi, le déluge


«Caríssimo Aly,

Mais uma vez as minhas felicitações pelo teu inconformismo que se reflecte na qualidade e profundidade das tuas informações. Refiro-me aos factos complementares que relataste sobre o "extraordinário" e preocupante caso do recrutamento privado recentemente realizado pelo General António Indjai em Cumeré.

E também minha opinião de que esse inusitado acto de desrespeito das instituições politicas (mesmo que golpistas e transitórias), é grave e merece a mais ampla reflexão sobre o comportamento de um homem que não traça limites sobre os seus actos e as suas ambições desmedidas de ditador.

Alguém já terá escrito no teu blog de que, o General se sente cada dia que passa mais isolado e acossado, não tendo a mínima confiança na sua entourage mais próxima. Esse alguém tem plena razão sobre o estado de espirito que pavoneia a mente do "matchu dunu di Bissau".

Ciente dessa situação de isolamento cada vez mais acentuado, o General decidiu unilateralmente e a sua maneira, promover esse recrutamento que, por um lado resolvia os seus compromissos assumidos com os operacionais do golpe, como bem indicastes na tua analise, e por outro lado, permitia-lhe "renovar" e fidelizar a sua guarda pretoriana incorporando elementos novos, mais fieis e obedientes ao projeto de sobrevivência do chefe.

O General esta consciente de que muitos querem abandonar o barco desastroso que reflete o estado em que irresponsavelmente colocaram a Guiné-Bissau após o golpe de 12 de abril. Um deles, o Presidente Interino que, em tempos afirmou sic, "fui chamado para tentar remediar uma situação lamentavelmente criada com o golpe de estado, e que deixou o pais no estado em que esta. E, eu como patriota, não poderia deixar de dar a minha contribuição para tentar remediar o mal que foi causado"...ai, ai, ai. Sabe-se de fontes fidedignas, que estas palavras de "sacudir a agua do capote" do seu comparsa golpista que "pilota" a transição, deixou o General fora de si e, para tal, começou a precaver-se para o que der e vier, tanto mais, cada vez que Nhamadjo viaja para NY, fica com as orelhas a arder devido a pressão dos Norte-Americanos junto a Nhamadjo para obter a sua cabeça.

Assim, compreende-se o reforço do seu circulo de segurança para face a quaisquer tentativas de captura pelos norte-americanos, de um golpe de força interno ou mesmo de uma ação de captura engendrada pela ECOMIG. Perante estes cenários que se vislumbram a curto prazo para o seu futuro, o General, deixou passar uma mensagem bem clara junto dos seus círculos mais próximos : em quaisquer das eventualidades, ele não cairia sozinho, e que, levaria com ele na sua queda, todos aqueles que, direta ou diretamente o instigaram a dar o golpe de estado, assim como todos aqueles que, com ele beneficiaram nesse período de transição.

Resumindo, que se ponham a pau, o PRT, o PMT, Kumba Yala e demais individualidades civis e militares golpistas, sinal claro de que, mais sangue podera correr brevemente na Guiné-Bissau, por obra e graça do General AI.

Parafraseando Louis XV, o General re-dixit, "après moi, le déluge"...

Estamos para ver.

Um leitor assíduo do DC
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