domingo, 17 de novembro de 2013
DENÚNCIA
«Aly,
Em relação à notícia que escreveste sobre os salários em atraso nas missões diplomáticas, falta algo. São 16 meses de salários em atraso. O golpe deu-se a 12 de Abril de 2012 e desde aí foram pagos em 2012 só dois meses e este ano de 2013 somente uma - em Janeiro - pelo que totalizam 16 meses de salários em atraso.
Pergunto-me: será que o ministro Delfim da Silva se preocupa em saber como os seus emissários (diplomatas) sobrevivem no exterior com rendas para pagar, com famílias para manter e compromissos para honrar? Será que ele sabe que ainda assim os funcionários vão trabalhar todo os santos dia, e sendo constantemente difamados pelos seus próprios concidadãos...
Será que ele, no lugar dos que estão durante todo esse tempo sem receber o salário que é um direito consagrado a quem trabalha, será que sobreviveria?, será, senhor ministro Delfim?
E não obstante não pagarem os salários há 16 meses, não terem enviado os orçamentos para que as missões diplomáticas e os consulados tenham o seu fundo de maneio... estão a entupir as Embaixadas de funcionários. Falo do exemplo de Lisboa, que é o que conheço e bem.
Qual a necessidade da embaixada ter 30 funcionários actualmente? Quando ela sempre, até ao golpe, teve entre 15 a 20? Até porque só tem 10 gabinetes. Conheço vários casos que são compromissos pessoais e se for preciso posso desenvolver e até chamar nomes mas nesta primeira fase somente deixo este alerta...não valeria mais a pena serem poucos os funcionários (até porque tem muitos nada fazem para além de receberem documentos consulares, sem que estejam afectos a esse serviço) e proporcionarem a esses condições de trabalho dignas recebendo eles todos com as receitas próprias já que o país os renegou.
Desses 30 funcionários imaginem quantos são licenciados? Quantos frequentaram e finalizaram o ensino superior que lhes deve o justo direito de serem chamados Dr. Imaginem.... só seis. A Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa, sendo das mais importantes no exterior, devia fazer-se valer de graus de exigência maiores e não ao contrário...
Ministro Delfim da Silva, diga-me quais os critérios em que se baseia para enviar um funcionário para trabalhar numa embaixada? O ser filho de alguém, ou ser mulher de alguém ou até ter estado à frente no golpe de Estado de 12 de abril de 2012?
Na embaixada em Lisboa tem o caso de uma funcionária administrativa, filha de uma figura de proa do PAIGC com um ano de casa, um ano apenas de embaixada e logo após o golpe foi exigido que ela passasse a diplomata mas sem sequer ter ensino superior feito mas sim porque a mãe assim exigiu. Mais uma vez posso chamar nomes se duvidarem da veracidade do que digo! Tantas outras histórias eu poderia contar.
Por exemplo, da filha da chefe de gabinete do ministro que veio apenas fazer estágio e que a mãe, não contente com o fim de estágio, exigiu que a recrutassem mesmo sabendo que ela não tem perfil para estar na embaixada, nem tempo, pois entrou este ano para a faculdade.
E tantos outros casos que eu poderia falar mas por falta de tempo deixo para uma outra oportunidade. Por estas e por outras que vamos ficar sempre na cauda do mundo. Por estes amiguismos e familiaridades. Fico triste com coisas assim.
Aly, se achar pertinente publique, acredito que é bom para as pessoas saberem o que se passa naquela casa que é de todos nós.
Bem haja a todos.
Cidadão descontente mas esperançado»
NOTA DO EDITOR: Agradecia que chamasse os nomes, mantendo eu, claro!, a confidencialidade. AAS