sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tensões internas de cunho religioso estalam no PAIGC


Um clima de desconfianças pessoais e políticas, já a degenerar em clivagens, que opõe círculos de muçulmanos do PAIGC a outros, cristãos, tem vindo a ser notado internamente, no seguimento da apresentação, por um grupo de dirigentes históricos, de uma proposta de alteração dos estatutos de acordo com a qual o presidente do partido, a eleger no próximo congresso, passará a dedicar-se apenas à actividade partidária.

A chefia do governo, em caso de vitória eleitoral do partido, seria confiada a outra personalidade, também eleita no congresso, mas como candidato a PM. Apoiantes de Braima Camará e aparentemente também o próprio, vêem a iniciativa como um artifício inspirado nos “cristons” (cristãos, em crioulo), destinado a impedir que um “fundinho” (muçulmano, na gíria) se torne presidente do PAIGC. É apontado, a propósito, um alegado “forcing” posto em marcha no passado para contrariar a eleição de Malam Bacai Sanhá – que em momentos diferentes perdeu para Nino Vieira e Carlos Gomes Jr, ambos “cristons” – como também o foram os seus antecessores, Luís Cabral e Amílcar Cabral.

Braima Camará, muçulmano, é o candidato considerado melhor colocado para vir a ser eleito presidente do PAIGC no congresso que se avizinha, mas cuja marcação definitiva está a ser prejudicada pelas actuais tensões. A sua facção alega que uma alteração de regras como as que os históricos propõem agora visa levá-lo a desistir ou, pelo menos, a pressioná-lo a apresentar-se apenas como candidato a PM. Manuel Saturnino, Carlos Correia, Luis Oliveira Sanca e Manuel Santos são alguns dos dirigentes históricos subscritores da proposta. AM