terça-feira, 16 de julho de 2013
E esta, hein?
Numa altura em que se está a notar tanta complacência do representante de Ban Ki-moon em relação ao general António Indjai, é interessante reler este artigo surgido pouco depois do golpe e no qual se diz como o Comando Militar gostava de colocar as coisas nas mãos do senhor Ramos-Horta.
O Comando Militar na Guiné-Bissau telefonou (pouco depois do golpe do ano passado) ao então presidente de Timor-Leste a pedir-lhe para mediar a crise no país, informou então em Díli aos jornalistas José Ramos-Horta, que disse ter aceitado sob condições o convite. O chefe de Estado timorense, que se encontra(va) em fim de mandato, ofereceu-se para mediar, no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a crise na Guiné-Bissau, onde um golpe militar depôs o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, ambos em parte incerta desde então.
"Fui contactado diretamente pelas autoridades militares da Guiné-Bissau, o porta-voz da junta militar, se assim se pode chamar, manifestando da parte deles desejo que eu me desloque à Guiné-Bissau para facilitar o diálogo", afirmou José Ramos-Horta, que disse estar "disponível" desde que seja no quadro da CPLP. "Mas quero, sobretudo, frisar que a condição 'sine qua non' para qualquer diálogo, seja dirigida por mim ou outro mediador da CPLP, tem de ser a libertação do senhor primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e de todos os outros que estejam detidos", salientou.
José Ramos-Horta quer também garantias de que os detidos não estão a sofrer "quaisquer sevícias, quaisquer atos de violência física ou psicológica, porque não há a mais pequena razão para a sua detenção". "Estes seriam os primeiros gestos indispensáveis que a junta militar tem de fazer para que da parte da CPLP possa vir alguma vontade de querer contribuir para o desenlace da situação que foi criada por uma ação militar, no meio do quadro eleitoral", afirmou.
"Faço um apelo aos meus amigos na Guiné-Bissau, faço um apelo aos militares para que libertem de imediato todos os que foram detidos nesses dias para que possa haver o mínimo de condições para que a comunidade internacional e a CPLP possam de alguma forma ajudar no diálogo", disse.
A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de estado na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.
Um Conselho Nacional de Transição foi criado no domingo pelos partidos de oposição, numa reunião em que o PAIGC, partido no poder, não participou. O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu ampla condenação internacional, incluindo da CPLP que, após uma reunião de ministros no sábado em Lisboa, decidiu propor uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas. Jorge Heitor