sexta-feira, 8 de junho de 2012
Ponto sem nó
O secretário-executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, disse hoje que a reunião dos parceiros internacionais em Abidjan sobre a crise na Guiné-Bissau não produziu medidas concretas, mas mostrou otimismo em relação a uma saída comum para a situação do país africano. "Infelizmente não houve muita coisa concreta. Ficou evidente que continuamos a ter muita coisa a dividir-nos na avaliação da situação da Guiné-Bissau", declarou à agência Lusa o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Domingos Simões Pereira.
Os parceiros internacionais que tentam solucionar a crise político-militar na Guiné-Bissau voltaram a reunir-se na quinta-feira, em Abidjan, na Costa do Marfim. Segundo Simões Pereira, durante a reunião discutiram "muito sobre a aplicação da resolução 2048 do Conselho de Segurança da ONU (que aplicou sanções à Guiné-Bissau)" e avançaram "no sentido da convocação de uma reunião de alto nível por parte das Nações Unidas".
O golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de abril, na véspera do início da campanha para a segunda volta das eleições presidenciais. Um governo de transição, negociado com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano. No entanto, as autoridades de transição -- lideradas pelo Presidente Serifo Nhamadjo e pelo primeiro-ministro Rui Duarte de Barros - não são reconhecidas pela restante comunidade internacional, nomeadamente pela CPLP.
"Durante as discussões, a orientação foi no sentido de, na semana de 18 a 21 (de junho), haver uma reunião de técnicos para preparar uma reunião de alto nível. Essas reuniões devem ser coordenadas no sistema das Nações Unidas, que em contacto com as partes, deverá criar as condições para esse efeito", informou hoje Domingos Simões Pereira. Em relação a essas reuniões, o responsável da CPLP destacou ainda que não foi possível estabelecer "como um compromisso escrito e assinado por todas as partes, porque o conjunto de propostas que uma ou outra parte fizeram não permitiu chegar a um consenso".
"Na verdade, essa reunião (de alto nível) seria, preferencialmente, para sentar à mesa aquelas instituições de caráter multilateral que têm assumido uma posição bastante mais forte em relação ao processo, portanto, CEDEAO, CPLP, União Africana, União Europeia, sob a coordenação das Nações Unidas", destacou. O secretário-executivo da CPLP mostrou-se otimista sobre o encontro de uma saída concertada entre as organizações multilaterais para a crise na Guiné-Bissau. "Estamos a falar de um assunto que tem a ver com um país, membro da nossa organização (CPLP), também membro de todas as organizações que participaram na reunião, com a exceção da União Europeia", indicou.
"Nós temos a obrigação de continuar a acreditar que agora, cientes das dificuldades e das diferenças em relação ao processo, temos de mobilizar outros recursos, outros apoios para tentarmos lá chegar. Penso que estas dificuldades são espelho da própria complexidade do processo", acrescentou. Segundo Domingos Simões Pereira, participaram na reunião em Abidjan todos os membros do grupo internacional de contacto para a Guiné-Bissau, que é copresidido pela CPLP e pela CEDEAO, incluindo representantes da União Africana, da União Europeia, da ONU, e vários países, como Brasil, Portugal e Cabo Verde.