sábado, 2 de junho de 2012

Obedecer, ou não - eis a questão



"Caro Aly,
 
Não queria deixar de mostrar a minha perplexidade pelo apelo à desobediencia civil feito pela FRENAGOLPE, a Frente Nacional Anti-Golpe. Que fique claro que uma alteração da Ordem constitucional por via da força é sempre condenável seja em que circunstâncias for. Porém acho que já é momento de enterrarmos o machado de guerra e "lambermos as feridas", porque de nada adiantará ao país esta luta cega e absurda de argumentos pró e contra Carlos Gomes Junior, uns defendendo nele a figura de um bom gestor de coisa pública e pessoa capaz de estabilizar e desenvolver a Guiné-Bissau e outros vendo-o como um oportunista, capaz de usar de todos os meios para permanecer no poder com vista a enriquicer-se a si e aos seus com os miseráveis recursos do Estado.

Contudo, uma coisa parece mais que certa, independentemente da nossa vontade e opinião: O retorno ao status quo antes do 12 de Abril é impossível! O leite está derramado e não vale a pena chorarmos sobre ele. É preciso sabermos caminhar para um objectivo em comum em vez de incentivos à desobidiencia civil e ao desentendimento nacional. Aliás, essas pessoas da FRENAGOLPE se são mesmo nacionalistas deveriam perceber que uma guerra nunca deve ser solucionada com outra guerra, pois todos sabemos que quem sofrerá com isso será a nossa pátria e o seu povo já de si muito martirizado...

A FRENAGOLPE que hoje existe em Bissau e que apareceu para fazer face ao golpe de estado e de reclamar a ordem constitucional, na minha opinião é uma ideia louvável, mas se calhar deveria ter sido antecipado de uma  FRENAMORTE, por exemplo, pois se assim fosse de certeza não chegariamos onde estamos hoje... Lutemos pela Guiné-bissau, mas sempre ao lado do povo e defendendo os interesses do país, pois o interesse nacional é superior a todos os outros interesses mesquinhos. Saibamos trabalhar com base na união para tirarmos o nosso país no lamaçal em que se encontra.
 
Abraço,
Ismael F."