sexta-feira, 8 de junho de 2012

MISSANG deixa Bissau



A missão militar angolana na Guiné-Bissau (Missang) começou quarta-feira (6) o regresso a Angola, num processo que vai durar quatro dias, revelou o director para África, Médio Oriente e Organizações Regionais, embaixador Espírito Santo. O regresso dos 270 homens e o material está a ser assegurado por um navio e quatro aviões militares. O processo é supervisionado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

O Executivo decidiu acabar com a missão na Guiné-Bissau, na sequência de atritos com as forças armadas guineenses, que acusaram as forças angolanas de se reforçarem com material bélico que nunca entregaram às Forças Armadas da Guiné-Bissau, informa nesta quinta-feira (7) o Jornal de Angola. O embaixador Espírito Santo esclareceu que as relações diplomáticas entre Angola e a Guiné-Bissau se mantêm, apesar da suspensão unilateral da cooperação técnica e militar. Ainda ontem, o secretário de Estado da Defesa de Portugal, Paulo Braga Lino, afirmou que não estão criadas as condições para reactivar o programa de cooperação militar com a Guiné-Bissau, ressalvando que se mantém uma "presença minimalista".

Em Janeiro, Angola disponibilizou 13,2 milhões de euros para a recuperação de infra-estruturas das Forças Armadas, especialmente para recuperação de casernas. A Missang estava também a recuperar e construir estruturas para as forças de segurança, um projecto de 5,7 milhões de euros e que incluía a construção de um Centro de Instrução da Polícia de Ordem Pública. Do programa, constava também a construção de instalações da Polícia de Trânsito, reabilitação dos edifícios para a instalação da Polícia de Intervenção Rápida, armazéns de logística, o Ministério do Interior e o Comissariado Geral da Polícia de Ordem Pública.

No dia 9 de Abril, Angola enviou a Bissau o ministro das Relações Exteriores, Georges Chicoti, no mesmo dia em que o porta-voz das Forças Armadas da Guiné-Bissau, Daba Na Walna, dava uma conferência de imprensa para negar qualquer responsabilidade dos militares na saída da Missang. Três dias depois (12 de Abril), os militares guineenses davam um golpe de estado, prendendo o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. A justificação foi a defesa contra uma alegada agressão externa. A 13 de Abril, em comunicado, o Comando Militar (autor do golpe) disse que foi forçado a agir para defender as Forças Armadas guineenses de uma agressão, que seria conduzida pelas Forças Armadas de Angola, no âmbito da União Africana.

Jornal de Angola.