segunda-feira, 11 de junho de 2012
Direito em causa
A possível reavaliação pela Faculdade de Direito de Lisboa, devido à situação política na Guiné-Bissau, do apoio que dá à Faculdade de Direito de Bissau está a preocupar os alunos da instituição guineense. A 16 de Maio, o Instituto de Cooperação Jurídica da Faculdade de Direito de Lisboa, instituição que criou há mais de 20 anos e apoia a Faculdade de Direito de Bissau, emitiu um comunicado em que ressalva que a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa não tenciona abandonar o projecto da Faculdade de Direito de Bissau, mas ainda assim "reserva-se ao direito de reavaliar a sua disponibilidade para a participação no projecto de cooperação da Faculdade de Direito de Bissau".
O comunicado sublinha que a continuidade dos apoios dependerá da evolução da situação política na Guiné-Bissau, onde se realizou a 12 de Abril um golpe de Estado, e também das decisões que o Estado português venha a tomar relativamente a sua cooperação com o país. Em Bissau, numa visita à Faculdade de Direito, a Agência Lusa constatou a preocupação entre os alunos com a possibilidade do abandono do apoio proveniente de Lisboa, que é tema recorrente nos corredores da instituição. "Esta Faculdade é a menina dos olhos da cooperação portuguesa. Mas se um dia Portugal deixar de apoiar-nos não quero pensar no que vai ser de nós", dizia o aluno Pedro Sambu, da Faculdade de Direito de Bissau.
Os receios dos alunos devem-se à dependência da Faculdade de Direito de Bissau desde a sua fundação - em 1989 -- em termos financeiros, científicos e pedagógicos da Faculdade de Direito de Lisboa. O golpe de Estado na Guiné-Bissau foi condenado pela generalidade da comunidade internacional. Portugal defende a reposição da normalidade constitucional e o regresso ao poder dos dirigentes depostos e a concretização das eleições presidenciais, interrompidas pelo golpe militar. Na Guiné-Bissau foram entretanto nomeadas autoridades de transição, com apoio da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental, mas não reconhecidas pela restante comunidade internacional. AngolaPress