sábado, 12 de março de 2016

OPINIÃO: Adeus, Gibril


Permita-me falar do Gibril Mané, o seu lado intelectual. Das pessoas que conhecem o Gibril Mané, sabem que ele não era de fugir aos temas em debate, para ele qualquer assunto era debatido. Ele tinha este fascínio para a discussão e era onde se sentia bem.

Eu (Catio) e Gibril Mané gostávamos de discutir a cultura Mandinga, a ciência que mais me fascina por influência da minha mãe e também porque fui educado pelos meus avós e tios na grande morança Mandingas de gan Sani.

Uma vez perguntei ao Gibril Mané, sobre a origem dos Mandingas na nossa sub-região e outros países de África, ele fez-me uma pequena resenha da história: Disse ele, com a queda do império de Gabú (a derrota dos Mandingas), houve uma emigração maciça que deu origens aos Mandingas do Senegal, Gambia, Costa de Marfim, Serra Leoa e outros países da sub região.\

Contou-me uma história fascinante, que todas as grandes morangas de Mandingas tinha mulheres da etnia balança e perguntei-lhe porquê? Ele disse porque são bonitas e belas, disse que os chefes mandavam raptar as moças balanças, todas com os seios grandes e eram depois conduzidas para o chefe grande que as desposavam imediatamente e de seguida eram baptizadas com nomes muçulmanos. Que os balantas, por tradição, quando uma filha não voltava a casa no final da tarde era porque tinha sido raptada para o casamento e não exigiam o regresso da filha. Homens antigos Mandingas tinham fascínio por uma bela donzela balança.

Falou da grande rivalidade na luta de libertação nacional entre a etnia mandinga e a balanta. São duas etnias conhecidas pelas suas façanhas de grandes guerreiros, Mandingas com grandes histórias de guerreiros lendários na história da África, e esta cultura de guerreiros foi transportada para luta de libertação e que ofereceu grandes nomes nessa luta onde os nomes míticos da guerra deram a conhecer grandes comandantes.

Em contraste com grandes combatentes da etnia balanta que reivindicavam grandes feitos nas matas da Guiné e não eram devidamente enaltecidos e reconhecidos com o destaque dados aos comandante-chefes Mandingas. Esta rivalidade existiu após a independência e continua a existir.

Tínhamos gosto pela música kora, o Gibril deu-me nomes sonantes de grandes músicos da Gambia e do Mali. Ele lamentou que a Guiné-Bissau não esteja a preservar e a salvar este valioso património cultural que é a música e instrumento kora.

Criticou que não tenha sido criada nenhuma escola de kora em contraste com o que aconteceu nos outros países de África. Entristecia-lhe que para ouvir um clássico de kora tenha que ir pesquisar na internet para ouvir uma bom acorde. E disse que as grandes famílias de KORA na Guiné, deixaram uma geração que nada está a fazer para preservar e salvar o kora e criticava a pouca qualidade que ouvia pelo país.

E nessas nossas conversas deu-me nomes sonantes para eu procurar, para ouvir uma boa música, nomes de Deli Baba Cissoko, Toumani Diabete, Sory Sandia, Kasse Mady Diabate, Sunjata Bazoumana e Ballaké Sissoko.

Obrigado meu menino, és o meu irmão mais novo vi-te crescer e brinquei contigo e tinha uma estima enorme por ti. Paz à tua alma e que sejas feliz no Céu.

Do teu mano Djoe Bell (como ele gostava de me chamar).

Catio Baldé