quinta-feira, 31 de março de 2016

OPINIÃO: Futebol da Guiné-Bissau em festa


"O futebol é o ópio do povo"
Estudioso do fenómeno desportivo Argentino

Por esses dias o povo mártir da Guiné-Bissau esquece os problemas da situação política do país. O futebol tem dessas coisas. As duas excelentes vitórias em Bissau e Nairobi/Quénia foram uma injeção de moral e orgulho para a Guiné-Bissau.

Estamos perante um facto inédito a possibilidade sérias de nós apurámos para o CAN, coisa impensável para a maioria dos amantes do desporto na Guiné-Bissau. Esta realidade existe e devemos acreditar e apostar fortemente que é possível concretizar esse sonho. Apesar de todas as contingências e a nossa crónica falta de organização, devemos nesta altura juntar os esforços colectivos para cada um ajudar no concretizar desse sonho.


Eleições na FFGB

Brevemente vai haver eleições para presidente da FFGB, as movimentações já começaram e os candidatos estão na rua. O cargo para presidente da FFGB tem suscitado grande interesse nos últimos anos comparável só ao posto de presidente da República. Esse é o período de todas as movimentações, intrigas, conspirações, parcerias, traições e bajulação.

Há candidatos por iniciativa própria e candidatos escolhidos por algumas figuras que se movimentam com alguma influências no meio. Normalmente, os candidatos por iniciativa própria estão condenados ao fracasso. Os candidatos escolhidos por estes lobistas é que ganham - foi assim sempre nesses últimos anos.

O futebol na Guiné-Bissau já viveu o seu melhor período, no pôs independência ofereceu do melhor no que toca a dirigentes, praticantes, jogadores.

Esta corrida desenfreada para o cargo de presidente da FFGB tem candidatos para todos os gostos, inquieta-me o surgimento ou a continuação de algumas figuras nesta teimosia quase doentia de ser presidente. Gente sem nenhuma qualidade e sem qualquer preparo para desempenhar cargo da tamanha envergadura. Alguns porque jogaram futebol e sem expressão nenhuma e outros se intitulam como homens do desporto e dirigentes desportivos.

Muito sinceramente estou deveras preocupado com o cenário com que provavelmente vamos ser brindados brevemente. Os critérios para ser candidato a presidente da FFGB é limitativo, é ilegal. Só pode candidatar quem é dirigente ou foi dirigente desportivo. Fecha-se a porta a qualquer intruso que queira concorrer a um posto da utilidade pública. Isto é inconstitucional. Alguém que queira concorrer a um posto de utilidade pública não pode estar limitado.

Apesar da renúncia de muitos cidadãos honrados e válidos na luta ou servir coisa pública, gente com conhecimento que muito poderiam emprestar ao desporto nacional. Os seus conhecimentos para melhoria substancial do nosso futebol, seria de todo saudável essa abertura dando assim possibilidades a candidaturas independentes.

A indústria do futebol hoje requer conhecimentos em várias áreas, o principal é ser um bom gestor e com competências. O futebol gere milhões, para conseguir estes milhões tem que ser um gestor competente, ter estratégia, relações internacionais e visionário.

O presidente tem que ser aquele que vai elaborar planos estratégicos de desenvolvimento de futebol nacional, criar projetos desportivos, fazer parcerias com o governo central e governos regionais, fazer lobby junto do governo na construção das estruturas desportivas em todo o país. Fazer parcerias com escolas e incentivar a prática desportiva nos jovens. Ter um bom relacionamento internacional para influenciar a FIFA e outros órgãos do desporto internacional para o apoio financeiro para melhoria dos nossos parques desportivos.

Guiné-Bissau dispõe hoje de uma oportunidade única de ombrear com grandes potências desportivas do continente africano, dispomos hoje de geração de jogadores que foram formados desde os seus 13 anos na Europa. A maioria cumpriu toda as trajetórias nas seleções de Portugal, e a maioria deles sabendo da pouca possibilidade de atingirem seleção principal portuguesa, e estes jogadores todos estão disponíveis para representarem o seu país de origem.

No final do mundial da Colômbia há 5 anos, nos sub-20 de Portugal, jogaram a final 5 jogadores originários da Guiné-Bissau. No mundial da Turquia, também nos sub-20, alinharam 5 jogadores oriundos da Guiné Bissau.

Com organização e gente competente, a Guiné-Bissau tem matéria prima para os próximos anos. Todos esses jovens estão na casa de 20, 21 e 23 anos. Acontece que estes jovens foram educados nas melhores academias de futebol de Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra. Por isso, com dirigentes amadores e sem visão e organização, dificilmente estes jovens vão aceitar emprestar e servir a Guiné Bissau.

Ainda não pronunciei sobre nenhum candidato, prometo no momento certo apoiar publicamente o candidato que eu achar que melhor pode servir o futebol da Guiné Bissau.

Justa homenagem à selecção nacional, ao corpo técnico e jogadores pelas brilhantes vitórias.

Catio Baldé
Empresário de futebol