terça-feira, 8 de março de 2016
HOMENAGEM: Carta para o Djibril MANÉ
"Há dias que não nos apetece acordar de manhã só para não ouvir coisas desagradáveis da vida. Este foi o dia, quando senti o maldito toque do telemóvel quando entrou a mensagem Nunca sabemos o que vamos ler, pode ser aviso de corte de água, luz, tv cabo ou cobrança da renda mensal do banco ou um simples amo-te.
Preferia receber umas dessas mensagens hoje, infelizmente recebi a notícia da morte do meu menino Djibril Mané. Estou chocado e frustrado. Com tanta gente desgraçada que temos na Guiné-Bissau que devem morrer, foi logo morrer um menino puro.
Djibril Mané, irmão dos meus colegas de infância, Farocono Mané e Bissora-Lato, era o nosso menino. O que tanto me choca neste momento, é o investimento brutal que este menino fez na sua formação académica, licenciado e com mestrado e ainda sonhava fazer o doutoramento.
Rebelde do Pilum:
Vem-me à cabeça neste momento, e lembro da rebeldia desse menino. Ainda criança, tinha a mania de ser grande e com opinião própria. Discutia com seja quem for e gostava impor e não se importava de tantas porradas que levava, eu no meu caso concreto, cada vez que nos encontrávamos, atacava-me logo com insultos impróprios e oferecia logo o seu corpo para a porrada porque não tinha medo de nada.
Tínhamos uma relação de conflitos permanente com o Djibril, eu e Uni Soare. Gostávamos muito de o gozar e brincar com ele e as nossas mães sofriam com os impropérios que tirava da boca.
Não há ninguém que não gostava desse menino nos bairros de Pilum e praça, cultivava amizades por todo o lado, ainda criança era amigos de gente importante, ele não tinha problema de parar carros de ministros para os falar.
O Djibril Mané, investiu na sua formação académica, ele que tem na tradição familiar académicos/manos Mané e Manbacar. Não tenho dúvidas que a geração mais nova perdeu um activo muito importante, conhecia a sua potencialidade e sabia do seu interesse pela política e assuntos da sua terra.
Djibril Mané, a minha única tristeza é não puder despedir de ti pessoalmente, sei como gostas de mim e me respeitas como o teu mano mais velho, estou triste e frustrado por ver partir um jovem cheio de vida e dinâmica. Agora não vou puder mais dizer-ti Djibril, cala boca bu disse alguim Tambi papia.
Vai com Deus
Catio Balde"