Dr. Carlos Lopes, nomeado Secretário Executivo da Comissão Económica para a África das Nações Unidas.
Carlos Lopes, da Guiné-Bissau, foi nomeado na sexta feira dia 23 de Março pelo Secretário Geral das Nações Unidas para o cargo de Secretário Geral Adjunto da organização concomitantemente com a posição de Secretário Executivo da Comissão Económica para a Africa, com sede em Addis Abeba. O órgão é a principal estrutura dedicada ao continente com mais de 300 economistas entre os cerca de 800 funcionários que possui. A CEA têm como vocação principal apoiar as estratégias de desenvolvimento do continente e Lopes já assegurou que sua prioridade será de a transformar no maior think tank do continente. Lopes passará a ser o Africano mais elevado na hierarquia da organização a partir de Julho quando assumir o posto. É a primeira vez que um Africano lusófono passa a categoria de Secretario geral Adjunto e chefe de um órgão principal.
Lopes criou várias instituições, incluindo o principal Instituto de pesquisa do seu país, e esteve associado aos grandes processos de reforma do sistema das Nações Unidas. Neste momento serve em vários Comités de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU, incluindo o relativo às mudanças e reforma. Lopes é considerado um especialista de reformas e desenvolvimento institucional.
Lopes trabalhou no Instituto Nórdico de Estudos Africanos, desempenhou as funções de Representante da ONU no Zimbabué e no Brasil, foi responsável pelo Departamento de políticas de desenvolvimento do PNUD, Diretor Político do Secretário-Geral Kofi Annan, dirigindo até ao momento duas instituições de formação e pesquisa da ONU: a UNITAR em Genebra e o UN Staff College em Turim. Carlos Lopes foi o artífice da implantação dos sofisticados programas de Knowledge Systems do PNUD a nível mundial. Liderou a reflexão sobre reforço de capacidades, incluindo a co-organização do livro referência “Capacity for Development”, que contou com a contribuição do Prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. Durante mais de 4 anos dirigiu um portfolio de projetos do PNUD à volta de mil milhões de dólares. Desde de 2006 têm o nível de Sub-Secretário Geral da ONU.
A sua formação principal em estudos do desenvolvimento foi obtida no conhecido Graduate Institute for International and Development Studies, de Genebra. Possui também um Doutoramento em História da África pela Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne.
Carlos Lopes têm publicados mais de 20 livros, como autor ou organizador, e cerca de 180 artigos académicos. Criou e faz parte de Comités editoriais de várias revistas académicas. Foi, o impulsionador do primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano da África Austral que contou com um prefácio de Nelson Mandela. Recebeu vários prémios e reconhecimentos, incluindo duas comendas brasileiras (Cruzeiro do Sul e Mérito Cultural), um Doutorado Honoris Causa da Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, e a nomeação vitalícia para a Academia de Ciências de Lisboa. É membro de instituições e redes africanas como o CODESRIA (Conselho para o Desenvolvimento das Ciências Sociais em África), que lhe deu um reconhecimento especial público em 2008, e integra o seu Comité Científico. Faz parte do Conselho do Instituto Africano da Governança, apoiado pela Comissão Económica para a África. Também integra a direção das revistas Géopolitiques Africaines, African Sociologial Review e African Identities, e a rede brasileira de economistas “Crises e Oportunidades”.
Lopes é muito solicitado para funções diretivas, fazendo parte neste momento de doze órgãos de direção, incluindo a presidência do Conselho Geral do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. É organizador de vários fora de alto nível, nomeadamente os Encontros Mundiais de Genebra, que já tiveram a presença de vários Prémios Nobel, incluindo o Nigeriano Wole Soyinka. É convidado frequente para ser orador principal em ocasiões como a Aula Magna da Politécnica de Maputo, Congresso da Confederação das Indústrias Brasileiras, Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Congresso Nórdico de Estudos de Desenvolvimento ou o Congresso da Associação Germânica de estudos africanos, para citar os casos mais recentes. Lopes já deu aulas em Universidades de ponta de mais de duas dezenas de países, da França ao Japão, do México à China, passando por uma multitude de países africanos.