segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Um bom apelo
O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, manifestou hoje preocupação com a situação da Guiné-Bissau e pediu apoio para o povo guineense. O chefe do governo timorense falava na sessão de abertura da VII reunião do Conselho de Chefes da Polícia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realiza em Díli entre hoje e quinta-feira.
"Os nossos irmãos guineenses estão também a enfrentar grandes dificuldades. Manifestamos aqui o nosso empenho para que a Guiné-Bissau rapidamente regresse à comunidade dos países onde a ordem pública e o respeito pelas decisões populares sejam a regra", afirmou Xanana Gusmão. No discurso, o primeiro-ministro timorense apelou também para que não se permita que o "povo guineense fique abandonado à sua sorte". A 12 de abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.
Para memória futura - 2009
"A ONU É QUE DEVIA INVESTIGAR"
Uma semana após o duplo assassínio, de Nino Vieira e Tagmé Na Waié, as circunstâncias em que se deram as mortes continuam na boca do povo mas o medo de represálias impede que o façam abertamente. O jornalista António Aly Silva é um dos poucos que se atrevem a fazê-lo. "O que se passou é intolerável e não pode continuar. Estes acontecimentos ultrapassam o nosso próprio Estado, observou, apontando soluções: "A questão devia ser tomada pela ONU, abrir-se um inquérito internacional e criarmos uma comissão de reconciliação, como aconteceu na África do Sul."
Há heróis em Bissau
A elite política e militar da Guiné-Bissau tem provado que o palco mais intenso da guerra colonial deu origem a um estado falhado. Um dos países mais pobres do Mundo onde o acesso ao poder significa a fuga à miséria e a obtenção de rendas provenientes dos cheques da ajuda internacional e do dinheiro dos narcotraficantes.
É por isso que Bissau tem sido palco de vários golpes que decidem quais os militares com acesso ao pote. Mas neste cenário desolador há muitos guineenses que resistem. Como o jornalista António Aly Silva, detido e agredido pelos golpistas, que ontem escrevia no seu blogue: "O primeiro grau do heroísmo é vencer o medo." Ainda há sinais de esperança no país sonhado por Amílcar Cabral.
Armando Esteves Pereira,
Director-Adjunto do Correio da Manhã
Vamos lá ser realistas
Sr MB,
Começo por te dizer que sou Fernando Mbali Tchuda, da etnia Balanta mas acima de tudo sou Humano e orgulhosamente Guineense, por favor simplifique o seu nome, porque MB são inicias e pode não significar nada. O Sr é que é um grande mentiroso, o Aly Silva tem sido um Homem Lutador pela JUSTIÇA, contra o tribalismo. Devo dizer-lhe que os processos do Aly Silva e de Cadogo ainda estão em abertos para que possam, caso entenderem, avançarem para a Justiça.
Por favor vamos ser realistas, se na realidade amamos a nossa Guiné. Quem é que não sabe que foi o António Iinjai e com a participação do agora (prisioneiro) Pansau Intchama mais 6 pessoas é que mataram o então Presidente Nino Vieira? Eu sou Militar e sou com todo orgulho da etnia Balanta, mas não concordo com o que alguns Balantas estão fazer neste momento. Estou completamente desgostoso com as atrocidades que tenho visto, mas Deus é grande.
O António Injai e os que lhe seguem, tais como o Governo dos golpistas não escaparão a uma verdadeira Justiça. Este é o momento de os familiares destes senhores lhes chamarem atenção, porque depois será tarde e não venham a dizer, (Coitadi flano gora i era bom dimas).
Viva a Paz na Guiné-Bissau e Viva o Povo Guineense.
Fernando Mbali Tchuda
Vulnerabilidade
Determinadas notícias conseguem avivar conteúdos de reflexões antigas mas muito actuais. É que, quando se fala da Guiné-Bissau, os dois mundos, passado e presente, se entrechocam e coabitam. Ninguém sabe onde acaba um e se inicia o outro, o que se carrega do passado e o que foi deixado de lado. Deste modo, na procura do fio da meada, olha-se para trás e, de repente, faz-se um pouco do balanço da situação.
Na Guiné-Bissau, todos acreditam que são profundamente vulneráveis embora saibam que existem graus de vulnerabilidade. Porque é o estado da vulnerabilidade profunda que caracteriza a vivência do cidadão guineense neste pleno século vinte e um: não sabe quando é que uma bala pode ceifar-lhe a vida, quando é possível ser furtado, espancado e morto, sabe que mesmo com dinheiro suficiente (quase sempre não o tem) para se curar não o pode fazer porque não existe um quadro hospitalar de qualidade a nivel nacional e o exterior é sua solução (e custa caro!), não consegue custear a educação dos filhos etc., etc. E, tudo isso porque as instituições estão indevidamente organizadas e funcionando para assegurar aos cidadãos os direitos que lhes são devidos.
O estado é o responsável para assegurar os direitos de cada cidadão e para o efeito estrutura o país de forma a assegurar a realização dos mesmos.
O cidadão cumpre com as suas obrigações, é o que espera dele. Essas são as condições sina qua none para banir a vulnerabilidade. Os direitos sociais de base são o pilar e se constituem dos direitos a educação, a saúde, a segurança social. Por vontade própria, abordarei apenas a questão da segurança social e físico-individual (na sua interligação) porque são as situações que vivem os cidadãos guineenses neste momento que me interpelam. A segurança social e física vai para além de um sistema de assistência social e de proteção económica. Ela constitui-se de regras, práticas e comportamentos institucionalizados e globalmente interiorizados sob forma de cultura e que dignificam o cidadão e o seu país. Imaginem, a trajetoria de um individuo: ex-militar, ex-ministro, ex-assessor do Presidente da República, político no ativo, chefe de ONG, e que devido a insegurança se encontra numa situação de extrema vulnerabilidade.
O que é que faz dele vitima da vulnerabilidade? A segurança social e fisica inexistentes, que se traduz entre outros, por cidadãos expostos a agressões alheias e de grupos marginais e empodeirados, cidadãos expostos ao asilo, pela incapacidade ou dificuldade, em caso de necessidade, de se curar, pela falta de um emprego e de um salário digno, pela exposição de qualquer cidadão às tentações levianas e de corrupção, e, isso como possível consequência de falta de segurança social, física mas também económica.
Na Guiné-Bissau actual, quem pode afirmar que não pertence a esse grupo de vulneráveis ameaçado pela falta de segurança social e físico? Provavelmente os funcionários das Nações Unidas e das organizações internacionais. Isso, quaisquer que sejam as condições de trabalho e as excepções que confirmam a regra. As causas da vulnerabilidade do guineense são sem dúvidas, o caráter das instituições de segurança social, da defesa e segurança que funcionam de forma primária e precária resultantes da falta incontestável de uma visão de organização estatal no respeito para com os direitos humanos o que, aliás, abriu portas grandes à corrupção, muitas vezes promovida pela actuação do estado, e finalmente ao surgimento de novos actores que impõem regras outras que àquelas normalmente ditadas pela cultura institucional.
A desorganização social é de tal modo grande que a confusão dos papeis levou os militares e os narcotraficantes a regular a convivência social, económica e política, os parlamentares a se substituir aos eleitores ao mesmo tempo que as instituições fragilizam-se cada vez mais e os cidadãos nelas perderam confiança. A jogada de fragilização institucional (pratica exercida por todos os governos) em favor de implantação de normas que favorecem a ditadura e o favoretismo foi sempre e é uma faca de dois gumes. Cá entre nós, a situação de vulnerabilidade tem suas vantagens: mais cidadão bajulador e corruptível, mais possibilidades de comprar consciência e de instaurar o clientelismo, mais fáceis os desvios de fundos públicos para fins pessoais e paridários (afinal para onde vão os milhões que a previdência social/ seguros colecta no bolso do contribuinte) e, muitas mais coisas como a própria instalação do narcotráfico. As suas desvantagens?
É o que se vive actualmente na Guiné-Bissau: qualquer um pode assaltar o poder e qualquer um não está ao abrigo da vulnerabilidade. Mas, assim mesmo se vai acreditando na mudança. A seu favor, claro. Parece que já é parte do imaginário colectivo guineense: Será que não se diz na Guiné-Bissau: “ten ta kamba!”. Pois é, até os que parecem mais iluminados políticamente estão sempre a espera de uma qualquer mudança, de onde quer que venha, o importante é que caia o grupo no poder e se ascendam, colocando-se, enfim, fora do alcance da vulnerabilide (Que ingenuidade!). Por isso, em situação de crise surgem atitudes e comportamentos de saudação, de colaboração e de denúncias vergonhosas porque se acaricia o sonho de, enfim, vir a ser parte do elenco senhorial. Mas, neste vento de mudanças por vezes intempestivas, a tábua de salvação, meus amigos, é trabalhar para construir um estado de direito: que a justiça seja feita e as instituições restruturadas para o seu funcionamento no respeito dos direitos humanos.
QES
A RESIGNAÇÃO DE TODO UM POVO ABANDONADO À SUA SORTE
Que povo é este que permite que, sempre que é chamado a votar, aparecerem uns criminosos de armas nas mãos para subverter o seu veredito e esse povo não reage!?
Que povo é este que permite que uma minoria de criminosos o domine, apenas porque estão na posse de armas de fogo, subtraindo-os a maioria dos direitos constantes da carta internacional dos direitos humanos e esse povo não reage, ou reage timidamente!?
Que povo é este com tamanha resignação, que não é capaz de se levantar e dizer “BASTA”, demonstrar por atos que o país não pode ser pertença de meia-centena de pessoas com armas na mão e seus comparsas, mas sim do milhão e meio que constitui a sua população?
Que povo é este que assiste os seus irmãos a serem aterrorizados, torturados e até mortos, por criminosos armados, sem se levantarem e digam “BASTA, se é para morrer, vamos todos morrer, para salvar o país”!?
Que povo é este que teme mais um grupo de criminosos armados, do que toda a consequência que os atos desses criminosos os possa causar? É como ver um barco a dirigir-se para se estalar contra uma rocha e os seus ocupantes continuarem quietos e com medo da tripulação que os conduz rumo a essa tragédia, apesar de saberem que o futuro é o naufrágio e a morte!?
Que povo é este que não consegue aperceber-se que foi abandonado à sua sorte, pela dita comunidade internacional e que o seu futuro está agora nas suas mãos e, quanto mais tarde reagir, mais grave será o problema e de mais difícil resolução será?
Que povo é este permite ter no seu seio e na diáspora, irmãos letrados que pactuam, ativa ou passivamente, com o ambiente de terror a que os seus irmãos estão submetidos no país e ainda outros limitam-se a alternância de um ativismo feroz com um silêncio ensurdecedor, de forma seletiva, conforme suas posições e interesses… !?
Que povo é este que tem um irmão a exercer um dos mais altos cargos das Nações Unidas, sem que consiga influenciar os responsáveis dessa instituição a serem mais interventivos, em relação aos problemas do seu país e dos seus irmãos!?
Que povo é este que não consegue aperceber-se que chegou a hora de agir, de lutar para que a sua voz seja ouvida e respeitada e o seu voto se tornar soberano!?
Que povo é este que não consegue organizar-se para responder com os mesmos atos, contra aqueles que os privam das liberdades essenciais e contra os familiares dos mesmo que se encontram dentro ou fora da Guiné-Bissau?
Que povo é este!? Será o mesmo povo que lutou com valentia e abnegação, durante mais de uma década para se tornar livre? Será esse o povo guineense a que pertenço, com muito orgulho?
Para terminar, gostaria de lançar um desafio a qualquer guineense que domine a tecnologia informática, para a criação de uma base de dados disponível on-line, onde constaria o nome e o local da residência de todos os golpistas e transacionistas e, ainda, de todos os seus familiares diretos, o respetivo grau de parentesco e o eventual benefício direto ou indireto que poderá estar a usufruir com a atual situação do país… Para evitar injustiças e calúnias, deverá existir um espaço para que os que acharem que os seus nomes constam da lista de forma injusta, possam defender-se, explicar-se e exigir a retirada do nome da lista…
Devemos começar a envergonhá-los on-line e depois de longa a lista, pensar em passar para outras formas de luta…
Bem haja.
Jorge Herbert
Olha quem nos quer dar lição
Meus irmãos,
A CEDEAO, guiada pela Nigéria, foi quem legitimou o golpe de estado de 12 de abril, através da nomeação de um Presidente e de um governo propostos pelos militares golpistas. A inveja dos sucessos que Angola tem estado a alcançar não só em àfrica, mas também no mundo, fez com que este país, que nem o seu vasto território consegue controlar, tomasse a decisão que tomou em relação ao nosso país sem pensar nas consequências negativas deste povo.
Mas é curioso um país sem norte, como a Nigéria, esteja a querer dar lição à Guiné-Bissau.
Olhem só um exemplo: Os gajos nem as suas crianças conseguem dar uma minima qualidade de vida. Prova disto é que, num estudo conduzido pela Unidade de Inteligência Económica(EIU) que avalia a qualidade de vida em 80 países do mundo, publicada pela revista The Economist (inglaterra), a Nigéria é o país que proporciona pior qualidade de vida as crinças, isto numa previsão económica que vai de 2013 a 2030. No topo da lista estão a Suiça, a Austrália e a Noruega. Portugal está situado no no 30.º lugar.
Bolingo Cá
A entrevista que vale duas buzinadelas
Só hoje vi, e ouvi a entrevista/encomenda feita ao 'presidente de transição' da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, e que passou ontem no programa 'Sociedade das Nações' na Sic Notícias. Para poupar atalhos, devo desde já dizer que essa entrevista não tem ponta por onde se lhe pegar. Foi um Serifo Nhamadjo bastante nervoso aquele a quem meteram um microfone à frente para debitar postas de pescada.
Acho que Serifo Nhamadjo perdeu uma boa oportunidade para pedir solenemente desculpas ao povo da Guiné-Bissau e admitir a sua quota parte de responsabilidade no golpe de Estado de 12 de Abril, e a interrupção, de forma violenta, do processo eleitoral que estava em curso e que culminou com a implantação de uma ditadura militar feroz, que vive da perseguição, do rapto, de espancamentos e de assassinatos de cidadãos guineenses - a quem o Estado devia garantir protecção e segurança, como diz a nossa Constituição.
Acho que Serifo Nhamadjo devia igualmente ter pedido desculpas a Portugal, e a Angola. A Portugal, pela acusação irreflectida e irresponsável, de conivência com Pansau Ntchama na 'tentativa' do assalto ao quartel dos para-comandos e que teve um saldo trágico: dezenas de guineenses foram chacinados! Outra desculpa a Portugal, pela desavergonhada encenação que foi a 'operação' de 'captura' do Pansau Ntchama, pateticamente encenada e em que este aparece envolto numa bandeira deste país nosso amigo, maior contribuinte líquido e o principal parceiro bilateral da Guiné-Bissau - como se Portugal tivesse alguma coisa a ver com o assunto. Lá está, Serifo não fez o trabalho de casa. Em vez de dar a mão à palmatória, decidiu afundar um pouco mais a Guiné-Bissau. E um pouco mais é... muito mau.
Acho que Serifo Nhamadjo deve igualmente um pedido de desculpa a Angola, por ter contribuido decisivamente para a interrupção abrupta e à base de calúnias, da brilhante reforma nos sectores da Defesa e da Segurança (em que a própria União Europeia queimou dezenas de milhões de euros dos seus contribuintes e depois admitiu que fora "um fiasco"...) que Angola, um país nosso irmão estava a levar a cabo. Preferiu a má-língua: que "Angola tinha mais material bélico que as nossas forças armadas", disse-o com todas as letras - 53 letras, para ser preciso. Mas não disse que era Angola que alimentava as forças armadas da Guiné-Bissau, que era Angola que estava a construir e a reconstruir todos os quartéis da Guiné-Bissau (para que os quartéis passassem a ter água canalizada, telhados, tudo em condições); não disse o 'presidente de transição', que o dinheiro de Angola serviu para formar perto de 700 homens e mulheres para a polícia e para a Guarda Nacional, que o dinheiro de Angola serviu para encher o bandulho a muita gentalha. Assim, a entrevista do 'presidente de transição'... Esta entrevista vale duas buzinadelas: uma para o entrevistado, outra para o entrevistador...
Serifo Nhamadjo aparece sem rede. Não tem atrás (no 'seu' gabinete de trabalho) uma bandeira da Guiné-Bissau. E, desconfortável, disparava contra os mesmos alvos: Angola e, voilá!, Portugal. Que Portugal apoiou a guerra civil (que TODO o povo guineense apoiou, como TODO o povo guineense condenou o golpe de 12 de abril). "Há muita desinformação, até disseram que eu dormia com o CEMGFA António Indjai na Presidência". Veja só, senhor jornalista! Antes isso, sr. 'presidente de transição'. Antes isso. Fazem um belo par, não haja dúvidas.
Que Serifo Nhamadjo não se preparou para a entrevista, isso foi por demais evidente; agora que o jornalista estivesse à altura do entrevistado... isso é imperdoável. Estou à espera para ouvir, se é que também houve, a entrevista com o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas, perdão, do António Indjai, aliás, do 'governo de transição'...
Convido-vos, e ao 'presidente de transição', a ouvirem como deve falar um Chefe de Estado... AQUI MESMO
António Aly Silva
domingo, 25 de novembro de 2012
Si bu sta dianti na luta
Prezado compatriota Aly Silva,
Tenho estado a acompanhar desde ha muito tempo a sua/nossa luta atravês do seu blog e devo-lhe dizer que tem valido pena, pois dá a conhecer ao mundo a realidade do nosso quotidiano. O método que escolheu para combater o mal que nos encalha, escrevendo ciberneticatmente, é eficaz! Nunca desista... estamos carentes de um lider, creia! O povo guineense clama por um contramestre astuto, capaz de uma visao diferenciada; capaz de se distanciar dos demais armados em falsos Cabralistas, mas que napão passam de descendentes de Judas!
Claro que está no seu direito não querer medalhas, aliás, isso só vem reforçar a humildade que só está ao alcance dos bons! Mas por favor não páre! "Se por acaso não poder mais voar, corra. Se não poder andar, rasteje. Mas continue em frente de qualquer jeito" (Martin Luther King)!
Continue, o povo está consigo!
Humildemente,
Dartanha Na Bantaba
PRECISAM-SE NOVAS ESTRATÉGIAS DE LUTA!
Nada melhor do que iniciar este artigo com as palavras de um dos pioneiros do movimento de direitos civis nos Estados Unidos Martin Luther King:
“Quando reflectirmos sobre nosso século, o que nos parecerá mais grave não serão os erros dos maus, mas o silêncio dos bons”.
A proclamação da independência da Guiné-Bissau (Há 40 anos) foi um acto heróico mas, infelizmente marcada por conflitos cíclicos que em nada abonaram a consolidação da mesma. O poder politico, motor dos processos democráticos e de integração nacional, é responsável pelas forças e fracassos do país. Os políticos devem apostar na construção duma nação sem exclusão de grupos linguísticos, religiosos e regionais criando uma identidade comum a todos; devem implantar a homogeneidade étnica em toda a esfera da sociedade guineense.
É necessário modernizar, adoptar novas estratégias de luta, separando a carne, do osso, a casca, do caroço. Há que saber enfrentar os desafios musculados dos tempos modernos sem uso de violência. Tomada de posse por via de armas, para além de ser tão vergonhosa para o país, é sempre uma humilhação para o povo guineense que vê o futuro comprometido, a esperança enforcada e a dignidade pisoteada.
Os partidos políticos devem reestruturar-se para não correrem o risco de prevalecer os interesses pessoais ou de grupos que possam promover o desvio das linhas políticas traçadas. Interesses esses, que poderão conduzir o país para uma governação autocrática e o fará cair nas garras do neocolonialismo.
A Guiné-Bissau, como um estado de direito democrático, políticos desestabilizadores com comportamentos desviados, potencialmente nocivos ao país, deviam por lei, serem proibidos de exercer funções públicas quer nos respectivos partidos, quer no governo. Indivíduos desta natureza, infelizmente estão presentes na sociedade guineense. São cidadãos insensíveis as dores e aspirações do povo. Urge, identificá-los e desmascará-los!
Curiosamente, palavras bonitas como: “desenvolvimento,” “justiça,” “liberdade,” “bem-estar,” não faltam no dicionário inventado pelos partidos políticos mas na realidade, triste realidade, este pacote de palavras mágicas é ignorado deixando a sensação de impotência da parte daqueles que mais sofrem, mais precisam desses bens preciosos.
Caros compatriotas, vamos unir os nossos esforços e combater sem tréguas para derrotar definitivamente as forças do retrocesso! Olhemos com seriedade para a situação nefasta do nosso país e do nosso povo! Temos que aceitar que estamos a beira do abismo e perante uma ameaça de colapso total! Devemos estar todos, na linha da frente da defesa do nosso país que se quer livre independente e democratic!
Estamos desesperados a aguardar pela oportunidade de mudança na vida política económica e social do país. O futuro tem nos reservado muitas surpresas, oxalá que desta vez seja para o bem desta nação abandonada pelo mundo e maltratada até pelos próprios filhos.
Londres, 24/11/2012
Vasco Barros.
sábado, 24 de novembro de 2012
Dignidade
Caro Aly Silva
Acompanho, como sabe, a sua luta. Tanta dignidade e coragem deveria envergonhar o mundo. Não parece ser o caso. A sua empreitada é enorme, saiba que rezo por si e pelo seu povo. Como diria CARNE ROSS:
"não existe maior satisfação do que lutar por uma causa em que acreditamos"
Que Deus o abençõe a si, aos seus filhos e à Guiné-Bissau.
Abraço,
Mário Santos
Orgulho
Caro Aly,
Como é que tu vais? Foi com uma grande alegria que soubemos que conseguiste sair da Guiné-Bissau e que estas agora longe dos assassinos que governam a nossa terra. Tu és um herói para a juventude guineense na Diáspora. Amilcar Cabral, Titina Sila e Domingos Ramos devem estar cheios de orgulho de ter um neto como tu. Foi para isso que eles lutaram, e não para termos estes palhaços que nos governam.
Abraço.
Mágoa
Com muita mágoa lhe escrevo estas palavras e para lhe dizer que sinto muito você ter de sair da sua terra e nao dizer e fazer aquilo que gosta - informar as pessoas. Tenho pena mas a vida é mesmo isso: nao se pode ser democrata. Ser democrata é um risco e eu como seu simples leitor, fiquei triste por voce e pelo povo indefeso da Guine-Bissau. As crianças e os idosos, sao os que sofrem na pele esta luta desigual.
Sou um simples cidadao portugues que nos anos 60 e 70 passou pela Guiné e fiquei sempre um apaixonado por essa terra. Tenho lá muitos amigos, é por isso que estou triste com toda a situaçao. Por isso te envio um abraço muito solidario, e nunca desistas da luta contra os tiranos. O meu bem-haja para ti e para tua familia, e muitas felicidades meu amigo Aly.
Alexandre Cardoso
Porque...
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner
Mais mentiras
O MUNDO ANIMAL a que pertencemos, não obstante como HOMENS Racionais, o que nos destaca na planeta terra dos outros animais. Não devemos contentar ou autoproclamarmos absolutos e mais justos do que os nossos semelhantes, também detentores da Razão.
- A fome do poder levar certas pessoas a cometer falhas sem precedentes.
Gostaria de chamar atenção ao Sr. Fernando Vaz–Dito Ministro Porta-Voz do Governo de Transição na Guiné-Bissau (Nosso Pais), para as afirmações que tem vindo a fazer nas suas entrevistas.
Como por exemplo quando acusa o governo do Sr. Carlos Gomes Jr., de ter sido tendencioso ao assinar o contrato para a exploração da Bauxite entre a Guiné-Bissau e Angola, entre outras.
Quero deixar as seguintes interrogações:
- Será que o Sr Fernando Vaz sabe quem assinou o Contrato de Bauxite com Angola em 2007?
- Será que o Sr. Fernando Vaz pensa que acusar o Governo do Sr. Carlos Gomes Jr., de todas as irregularidades poderá tirar o país na crise em que se encontra?
- Por favor, decumente-se nos arquivos do Estado e do Governo para depois tornar publico certas acusações.
- Nôs na diaspora queremos desmentir a sua afirmação de que o 1° Ministro Carlos Gomes Jr., tivesse assinado o acordo com Angola, porque sabemos que o signatario foi o Sr. Soares Sambu, no ano de 2007, durante a presidencia do falecido Presidente João Bernardo Vieira. Entretanto, se existe uma dupla assinatura do mesmo acordo, gostariamos de vé-la publicada nos orgãos de comunicação social, para então sim validar as suas acusações contra o Sr. Carlos Gomes Jr.
- Nós constatamos na diaspora que apos o golpe de 12/04/2012, que culmina com a designação do Presidente e consequentemente com um governo de transição, temos registados que a produção efectiva do pais baixou de 5.3% em 2011 para os 2.1% previstos para 2012. Tudo leva a crer que o destino do contra-valor das vossas acções vai mergulhar a Guiné-Bissau numa crise economica sem precedentes!!! Não ha confiança nos usurpadores o poder para facilitar o crescimento!!! Isto porque, sem a taxa de crescimento e sem a criação de riqueza nacional, não se pode criar empregos e nem sustentar um plano do desenvolvimento efectivo para o povo da Guiné-Bissau. Mas parece que isto não vos importa!!!
- Concluimos que toda a vossa acção é vergonhosa e irresponsavel perante o povo Guineense e a comunidade internacional e sobretudo, malfetoria para a geração de jovens que deveriam ser ensinados outros comportamentos e acções benéficas para a aquisisão dos valores uteis.
A juventude e a diaspora observa-vos e a Historia julgar-vos-á. A luta continua para a Verdade e Prosperidade do Povo da Guiné-Bissau.
TAMBA NA N’TCHUTO
INSTABILIDADE POLÍTICA: ACÇÃO DA SOCIEDADE OU TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE?
Se nos anos 50 e 60 praticamente todos os movimento culturais que lutaram contra a exploração e dominação colonial foram criados na Diáspora. A ideia dos lideres africanos para libertar o continente africano surgiu noutro lado do continente, antes a África era dominado, massacrado e reprimido pelos europeus. Mas hoje são os próprios africanos quem massacra seus próprios povos.
A aplicação da lei seria e será sempre um problema na história na Guiné-Bissau.
Há um ditado que os filósofos gregos costumam usar, quando não a punição, a tendência é voltar àquela mesma coisa. Como é o caso dos mentores da instabilidade política na Guiné-Bissau.
O país precisa urgentemente apresentar leis que pune severamente penas de prisão que poderão ir de acordo com lei para todos aqueles que forem considerados culpados pelos atos de instabilidade que paira na sociedade. Esta onda de violência que começou e ninguém sabem quando vai parar. Não podemos ser intimidado pelos próprios “irmãos”, só pelo fato de serem militares. O artigo 20º da Constituição do país deixa claro que os militares têm a função de defender a soberania e a integridade territorial. Mas em Bissau, a situação é inversa, são eles que estão a arruinar o país. Violências aterrorizam cada vez mais a população guineense. Basta de agressões, não é possível que a sociedade civil, que é quem mais ordena que estejam todos os dias a passar por tal situação.
A Guiné-Bissau atravessa momentos de divergência dividida por conflitos e tentativas de sucessão, muito especialmente o período pós-queda do regime de Nino Vieira. Só após conflito interno de 07 de junho de 1998 a 1999, cessam as tentativas de revolta. Mesmo assim, considera-se que a “centralização do poder nas mãos dos militares” foi suficientemente forte para dar instabilidade ao país. Uma instabilidade que conseguiu adiar sempre alguns passos importantes, dando afinal o ar da crise latente e crônica. As mais graves tensões vieram sempre á tona de diversas formas.
Do inicio, a sociedade guineense não tem muita noção de quanto o conflito interno de 07 de junho foi surpreendente nos anos de 1998 a 1999. Pois tal conflito serve meramente como veiculo de transporte entre causas e efeitos de longo prazo, como resultado, o surgimento de intrigas, invejas, ambição e traição que passou a ser visto como uma consequência inevitável para sociedade civil.
Tendo em conta este contexto histórico, o conflito interno de 07 de junho de 1998 a 1999, liderado por ex- Chefe de Estado Maior Ansumane Mané marcou o fim do domínio da era Vieira e instituiu um regime tão mais violento, acentuado e instrumentalizado as clivagens e étnica (exílio, prisão, tortura e execução de quadros de referencia) e levando o país á ruína econômica. Tendo sofrido inúmeras tentativas de usurpação de poder por parte dos militares.
A forma súbita como as sucessivas tentativas de golpes de Estado se intensificam num curto período de tempo no país impõe algumas indagações. Qual é o melhor caminho para inibir tal situação que aterroriza a sociedade civil? Será que ação ou transformação da sociedade é o caminho viável para contornar tal problema. Investir na Educação é outro caminho para acenar essa cultura de violência que paira no país.
“Nós só podemos seguir crescendo na atividade que abraçamos e amamos se os compromissos forem mantidos, se o ideal for renovado e se nossa capacidade de sonhar não se limitar aos problemas e for sempre maior que eles”.
Rolim Adolfo Amaro
Quem ama a Guiné-Bissau de verdade constrói a PAZ.
A.B.F.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Guiné-Bissau: A SIDA em risco
O Secretariado Nacional de Luta contra a Sida (SNLCS) da Guiné-Bissau lamentou, na terça-feira, que mais de 20 anos após o primeiro caso notificado no país “o estigma continua a ser um dos maiores obstáculos” no combate à pandemia. João Silva Monteiro, secretário executivo do SNLCS, disse que, até hoje, nunca alguma figura pública se assumiu como seropositiva, porque, apesar de todas as campanhas, se “teme a exclusão”.
“Outro sinal triste da estigmatização prende-se com o facto de muitos guineenses escolherem a calada da noite para procurar anti-retrovirais”, disse o responsável, que criticou “os próprios serviços do Estado que praticam a estigmatização” quando exigem o teste de Sida a candidatos a bolsas de estudo no exterior. João Monteiro disse à agência Lusa que há países, como a China ou a Rússia, que exigem esse teste, mas que os serviços competentes o fazem mesmo para candidatos a bolsas para países como Brasil ou Portugal, que não têm essa exigência.
“É contra a lei e é desumano”, disse, acrescentando que é também “monstruoso” que se tenha chegado ao ponto de impedir uma pessoa de ser jornalista por ser seropositiva. O SNLS começou na terça-feira em Bissau um encontro para debater a lei 5/2007, de prevenção e tratamento da Sida, na tentativa de, através de melhoramentos na lei, se chegar “à realização plena e universal dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais”. O secretário executivo referiu que, “se há discriminação, é porque a lei ou não foi suficientemente divulgada ou porque tem lacunas ou está desactualizada”.
Um relatório divulgado na terça-feira pelas Nações Unidas aponta que pelo menos 2,5 milhões de pessoas contraíram o vírus da Sida em 2011, com a África subsaariana a ser a mais afectada. A Guiné-Bissau está no grupo de países onde houve um aumento de pelo menos 25 por cento de novas infecções. Em Setembro passado, as organizações de luta contra a Sida na Guiné-Bissau já tinham alertado para a situação “muito delicada” em que estava o país, quase sem apoios depois de o Fundo Global (organização internacional de apoio à luta contra a malária, tuberculose e SIDA) ter cancelado a cooperação.
Os cortes começaram há um ano, mas agudizaram-se depois do golpe de Estado de 12 de Abril passado, referiram. O país ficou durante algum tempo quase sem reservas de medicamentos e de suplementos alimentares. João Monteiro disse, na terça-feira, que os problemas começaram antes, por alegadas irregularidades na gestão do dinheiro do Fundo Global, mas considerou que o país viveu “uma sanção” (pelo golpe). “O Fundo anunciou que vinha. Antes, diziam que não vinham por motivos de segurança”, disse, precisando que a delegação do fundo chega a Bissau no início do próximo mês para negociar um novo programa, mas mais reduzido”. LUSA
ANP: PAIGC ocupa lugares
A situação de impasse que se registava no parlamento da Guiné-Bissau foi hoje ultrapassada com a indigitação de dois deputados do partido maioritário, PAIGC, para a mesa do órgão. Após três dias de impasse desde a reabertura da sessão parlamentar, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) indigitou os nomes dos deputados Augusto Olivais e Isabel Buscardine para os lugares de primeiro e segundo vice-presidentes do Parlamento.
O líder do grupo parlamentar do PAIGC, Rui Diã de Sousa, considerou que o seu partido decidiu abdicar do lugar de presidente do Parlamento, deixando-o para Sory Djaló, do Partido da Renovação Social (PRS), e ficar com os cargos de vice-presidentes do órgão. LUSA
ANGOLA: Golpistas não entram
É O SEGUNDO PAÍS QUE RECUSA A ENTRADA DO MESMO MINISTRO NO ÂMBITO DO EMBARGO AO ACTUAL REGIME GUINEENSE. DEPOIS DE PORTUGAL, AGORA FOI A VEZ DE ANGOLA.
COMECEMOS POR ESTE ÚLTIMO:
AGOSTINHO KÁ, QUE GARANTIU AO JORNALISTA DA RDP-ÁFRICA, WALDIR ARAÚJO, TER SIDO FORMALMENTE CONVIDADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, OMS, PARA PARTICIPAR NO ENCONTRO DO COMITÉ REGIONAL AFRICANO DA ORGANIZAÇÃO, QUE DECORRE EM LUANDA, APENAS CHEGOU ATÉ MARROCOS, TENDO JÁ REGRESSADO À GUINÉ-BISSAU. ISTO PORQUE, UMA VEZ NA CIDADE MARROQUINA DE CASABLANCA, ONDE SE PREPARAVA PARA SEGUIR VIAGEM PARA LUANDA VIA LIBREVILLE, O MINISTRO DA SAÚDE DA GUINÉ-BISSAU E RESPECTIVA COMITIVA, FORAM AVISADOS QUE NÃO PODERIAM VIAJAR PARA ANGOLA POR ORDENS EXPRESSAS DO GOVERNO DE LUANDA.
ADMIRADO COM A SITUAÇÃO, UMA VEZ QUE AGOSTINHO KÁ GARANTE TER RECEBIDO NÃO SÓ UMA “CARTA – CONVITE” DE LUIS GOMES SAMBO, DIRECTOR REGIONAL DA O.M.S. PARA ÁFRICA, ASSIM COMO UMA NOTA DO PRÓPRIO MINISTRO DA SAÚDE DE ANGOLA, JOSÉ VAN DÚNEM, A CONFIRMAR O CONVITE E A VIAGEM, O EMBAIXADOR DA GUINÉ-BISSAU EM MARROCOS TEVE QUE AGIR. ASSIM, ABUBACAR LI, LIGOU PARA O SEU HOMÓLOGO ANGOLANO EM RABÁT, DE QUEM RECEBEU A CONFIRMAÇÃO DE QUE O MINISTRO E A SUA DELEGAÇÃO NÃO DEVIAM MESMO SEGUIR PARA ANGOLA, POIS NÃO TÊM AUTORIZAÇÃO PARA ENTRAR NAQUELE PAÍS DA CPLP.
DE REFERIR QUE O MINISTRO DA SAÚDE GUINEENSE SEGUIA PARA O ENCONTRO DA OMS COM PLENOS PODERES DE REPRESENTAÇÃO DO PRESIDENTE DE TRANSIÇÃO, SERIFO NHMAMADJO, TAMBÉM CONVIDADO PARA O ENCONTRO, AO QUAL NÃO TERÁ IDO POR MOTIVOS DE AGENDA POLITICA. NA COMITIVA DO MINISTRO AGOSTINHO KÁ SEGUIAM AINDA O DIRECTOR GERAL DA SAÚDE PÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU, UMARU BÁ E O ASSESSOR JURÍDICO DO MINISTÉRIO, O ADVOGADO JOÃOZINHO VIEIRA CÓ. RECORDE-SE QUE RECENTEMENTE O MESMO MINISTRO, AGOSTINHO KÁ, VIU RECUSADA A SUA ENTRADA EM PORTUGAL, ONDE VIRIA PARTICIPAR NUM ENCONTRO COM MÉDICOS GUINEENSES NA DIÁSPORA.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
CEDEAO: O mal maior
A intervenção desacertada e nebulosa da CEDEAO no processo da crise da Guiné-Bissau acabou por reforçar em mim a convicção de que, essa organização regional, mais do que resolver os problemas dos paises membros, cria-os e os agudiza ainda mais, tal é a incompetência e a incapacidade que demostram no terreno dos acontecimentos, seja dos seus orgãos, seja das suas estruturas, quando se trata de resolver a minima crise regional que seja. Tal como o seu estado-mater, a Nigéria, a CEDEAO é o cumulo da desorganização e de interesses mafiosos.
A crise guineense, traz à luz a fragilidade e a desorganização dessa instituição no capitulo da resolução de conflitos e da gestão de crises dos paises membros. Alias, essa fragilidade estrutural organizacional ja era evidenciado pelo não cumprimento arreigado de varios dos seus membros dos principios comunitarios de base apregoada por essa organização, como é o caso do principio da livre circulação de pessoas e bens no espaço comunitario. Basta sair de Bissau para ir a Dakar ou vice-versa para se sentir no bolso o peso da incoerência de principios, dessa organização. No minimo dos minimos, por cada um dos sete chek-points de contrôlo terrestre estratégicamente instalados, os policias senegaleses e gambianos de um lado e do outro, subtiram aos pobres cidadão guineenses 1.000 Francos Cfas (1,6 euros) por carimbo. Se se recusar a pagar, o cidadão corre o risco de ali ficar dias... ou, para melhor convencê-lo a pagar, ameaçam-os com a cadeia ou recâmbio.
Essa conclusão, decerto têm-no também neste momento a maioria dos guineenses que, assistem impotentes e incrédulos o seu pais ser desbaratado e anarquizado por uma sanha tribal e criminal sem precedentes na historia do seu pais mercê de uma decisão politica aberrante, roçando o banditismo de estado que foi tomada pela CEDEAO, ao apoiarem e abençoarem o golpe de estado de 12 de abril de 2012 levado a cabo por Antonio Injai e Kumba Yala.
O que ainda é mais paradoxal, na crise guineense, é que, ela esta a ser tratada de uma forma sectaria mente enfeudada por um grupo de quatro chefes de estado da organização (Nigéria, Senegal, Burkina e Costa do Marfim), os quais de uma forma ou outra possuem interesses inconfessaveis sobre a Guiné-Bissau. Diz-se enfeudada, pois não se compreende que uma comunidade constituida de quinze paises é deixada refém do ego-centrismo de interesses de quatro chefes de estado mafiosos que, prevalecendo-se oportunisticamente da sua condição delegada de «mediadores» de um conflito entregaram irresponsavelmente um pais aos desmandos da anarquia e a brutalidade de uma elite militar sanguinaria com ligações comprovadas ao narcotrafico e o banditismo armado. O Burkina-Faso que faz parte do Bando dos Quatro, embora não sendo estado mediador, foi o pais chave no golpe de estado, porquanto, o aval da acção interruptiva do processo eleitoral para impedir Carlos Gomes Junior ganhar as eleições presidenciais em curso, veio comprovadamente desse pais.
O incômodo que o posicionamento e a importância que a acção de Angola junto ao Estado da Guiné-Bissau estavam a criar a esses paises, em particular a Nigéria e Senegal, face ao contexto geo-politico e de interesses de recursos regionais em disputa, de forma alguma, podera servir de pretexto de tão aberrante e desencontrada intervenção que, catastrôficamente e contra todas as previsões, acabou por mandar as calendas gregas a propalada «tolerância zero contra golpes de estado» para..., paradoxalmente premiar golpistas militares, caucionando um golpe de estado e a tomada do poder pela força. Enfim, uma decisão de gravidade extrema e por demais razões que possam existir incompreensivel e injusticiavel perante o direito e a democracia que paulatinamente se estava edificando no nosso marterizado pais.
Porém, em tudo isso, é preciso tentar encontrar as razões, o clik detonador, que deve estar na base dessa decisão incrédula da CEDEAO que conheceu o ponto de reviravolta no encontro de Dakar em maio ultimo, em que uma suposta reunião do grupo de mediação parab a Guiné-Bissau fora surpreendentemente transformada em mini-cimeira de chefes de estado por representação delegada. Efectivamente, entre o periodo que mediou o golpe de abril e essa reunião, algo de muito grave se decerto se tera passado e, é mais do que certo que, jogadas de bastidores maquiavelicamente montadas acabaram por traçar esse inusitado e inesperado desfecho de apoiar o golpe.
Sobre essa ante-câmara do golpe, é bom lembrar que, como consequência dessa cimeira da discordia, registaram-se posições contraditorias não negligenciaveis, tal como, a colérica reacção do chefe de estado gambiano, Yaya Jhyamey ao constactar a montagem de Dakar, assim como o abandono putativo do presidente da Guiné-Conakry da chefia de mediação do processo bissau-guineense, que se diz, devido as interferências grosseiras e constantes de Blaise Campaoré no processo. Por tudo isso, cada vez mais me convenço de que a crise guineense, não foi um caso tratado de forma normal e pelas vias da coerência pelas instâncias da CEDEAO.
Como um mal não vem so, também a instalação ilegal e abusiva das forças da CEDEAO na Guiné-Bissau, em nada veio alterar no sentido positivo a situação de crise na Guiné-Bissau..., pelo contrario piorou ainda mais com a sua presença, pois com ela no terreno, as manifestações politicas foram proibidas, os politicos e activistas dos direitos humanos e associações da soceidade civil continuam a ser perseguidos e amedrontados, as pessoas são presas diariamente de forma arbitraria, pessoas (civis e militares) são raptados à luz do dia ou a calada da noite, politicos e contestatarios do golpe são espancados e abandonados a sua sorte, pessoas comuns são assassinadas a um ritmo de serial killer, algumas desses assassinatos foram executadas sumariamente, o numero de presos e desaparecidos em parte incerta aumentam a cada dia... devido a perseguição e temerem pelas suas vidas as fugas para o estrangeiro de politicos e de altos quadros acentua-se todos os dias. Enfim, cada um a seu jeito, a CEDEAO ensombra o pais com a sua inutil presença, enquanto os militares se divertem a matar o Povo e a afundar o pais.
Este estado de coisas, por culpa e cumplicidade da CEDEAO, que esta a conduzir o pais a um autentico atoleiro regional, como palco de crimes, da impunidade e do narcotrafico, respalda a forma, leviana, irresponsavel, roçando mesmo o menosprezo, com que essa organização que não se respeita a si mesma, trata as questões da Guiné-Bissau, das nossas populações e das nossas instituições.
Somos tratados de uma forma porca e desrespeitosa pelos nossos supostos estados-pares, isto é, como um estado membro de segunda categoria, um povo mal-adoptado, um autentico out-sider numa sociedade, qual hidra de cabeças vampiricas maioritariamente francofonas e anglofonas.
Ainda assim, o que me deixa mais triste, é ver e constatar de que, ha guineenses que, na vã ansia de mandar servem cegamente de séquitos e cumplices dos criminosos do seu Povo.
Porém, estou certo de que, um dia a justiça lhes batera à porta.
Carlos Té
Ameaças no parlamento
PAIGC apresentou há pouco a sua proposta para o preenchimento de vagas na mesa da ANP - Augusto Olivais para presidente, e Isabel Buscardine para vice-presidente, mas a resposta do Sory Djaló, actual usurpador do lugar, foi claro: "Si bu na bai tchur, si bu sibi kuma baka ku bu dibi di leba, anta ka bu lambu galinha". E rematou: "Este é um assunto que nem vai ser discutido".
Sory Djaló, que é do PRS, "quer" que seja Seidi Bá, do PAIGC, a subir para o lugar de 1º vice-presidente e a Aurora para 2º vice-presidente...que já está ocupado pelo próprio Sory Djaó... Entretanto, o PAIGC abandonou a plenária para concertação. AAS
Amnistia Internacional
Amnistia Internacional - Panorama Regional/África
Estejam atentos aos países que hoje ocupam a Guiné-Bissau... AAS
Uma entrevista absolutamente a não perder
Rádio Morabeza, Cabo Verde
António Aly Silva em Primeira Pessoa. O jornalista e activista guineense é o convidado da grande entrevista de Nuno Andrade Ferreira, para ouvir esta sexta-feira, depois do Jornal das 5, com repetição sábado, a seguir ao meio-dia.
Djumbai de Cidadania de Lisboa
"Como os jovens guineenses na diáspora podem mobilizar-se em favor da Guiné-Bissau?"
Realizou-se em Lisboa, no passado dia 17 de Novembro, o primeiro Djumbai da Cidadania organizado pelo MAC em Portugal, a convite da Associação de Estudantes Guineenses em Lisboa e com a participação da “Musqueba - Movimento de Mulheres”. Cerca de três dezenas de guineenses e lusoguineenses, entre os quais ex-dirigentes estudantis, reuniram-se durante seis (6) horas na Faculdade de Direito de Lisboa para uma reflexão conjunta sobre a situação política e o estado atual da Nação Guineense. A instabilidade política, fruto dos sucessivos golpes de estado, estiveram no centro da discussão.
A sessão teve início com os participantes a manifestarem cada um sonho para com a Guiné-Bissau, dos quais destacam-se: paz, diálogo, sossego, educação, saúde, desenvolvimento sustentável, felicidade, harmonia, harmonia …
Este exercício serviu para que o grupo refletisse no que é necessário fazer, ou mais concretamente, no que a comunidade guineense na diáspora poderá fazer para que esses sonhos sejam alcançados, para que isso deixe de ser uma utopia e passem a fazer parte de um Estado verdadeiramente de direito e democrático em que se viva em harmonia.
Marcado pela reflexão acerca do estado da democracia e da complexidade da situação política na Guiné-Bissau, o djumbai evoluiu no sentido de perceber os seguintes elementos:
De que forma a comunidade guineense em Lisboa tiveram conhecimento do Golpe de 12 de Abril? E quais foram os pedidos que receberam (se receberam), dos familiares e/ou amigos que residem na Guiné?
Verificou-se que a maioria dos participantes recebeu a notícia do Golpe de Estado de 12 de Abril através dos meios de comunicação social (RDP-África e RTP-África), ou por via dos familiares e amigos (residentes na Guiné-Bissau ou não) que os contactaram via telefone, mas a esmagadora maioria afirmou ter acesso à informação por via do Blog “Ditadura do Consenso”. Quanto aos pedidos feitos pelos familiares, existem aqueles que pediram medicamentos; informação sobre o que se estava a passar no país (nessas alturas muitos são os que ficam sem acesso à informação e quem está fora do país, por vezes, sabe mais do que se passa do que a população residente), pediram também documentos e dinheiro/bilhetes de passagens para saírem do país.
Ainda com base no mesmo tema, os participantes, organizados em dois grupos de trabalho, partilharam as suas perceções e sentimentos sobre:
Como viveram o Golpe de 12 de Abril?
O Golpe de 12 de Abril foi vivido em lisboa, segundo os participantes, com sentimentos de revolta, medo, angustia, tristeza/depressão e vergonha.
Quais as causas da contínua instabilidade política e sucessivos Golpes de Estado na Guiné-Bissau?
Foram evidenciadas: o narcotráfico, inversão dos valores, ambição desmedida, cultura de “matchundadi” e fragilidade das Instituições do Estado. Sendo este ultimo, fator impulsionador desta condição de fragilidade em que o país de encontra.
O que se pode fazer para evitar os Golpes?
Com esta reflexão concluiu-se que os golpes de Estado podem ser evitados através de: - Justiça social; - Respeito pelos Direitos Humanos; - Educação; - Reformas nas FARP, no sistema político (CNE, ANP e lei dos partidos).
O que a comunidade guineense na diáspora pode fazer para evitar um novo golpe de Estado na Guiné-Bissau?
Os grupos de trabalho concluíram que é urgente:
- “Nô boca ten ku sta la”!: implicação, participação, compromisso e responsabilização com maior efetividade na resolução dos problemas do país, pois esteja onde estiverem, se o país não está bem, a sua diáspora também não está!;
- Produzir e disseminar informações mobilizadoras sobre a Guiné-Bissau em prol da união e das mudanças desejáveis no país;
- Intervenção organizada e coordenada das associações na diáspora, baseadas em dinâmicas interventivas e de consciencialização quer no contexto de origem (Guiné-Bissau) como no de chegada (Portugal);
- Fazer-se incluir a diáspora no processo de recenseamento biométrico de modo poder participar nas próximas eleições.
Neste djumbai, foi abordado também a pouca participação feminina na sociedade e nas questões políticas. Foram identificados alguns factores de impedimento de uma maior participação feminina tais como:
As questões culturais e religiosas, a ocupação doméstica (altos níveis de sobrecarga desde a infância face a quase que ausência de exigências relativamente aos homens no que diz respeito à participação na vida doméstica), a falta de oportunidades às mulheres e favorecimento dos homens, numa sociedade machista/patriarcal e que reproduz modelos (educação) de valores e atitudes machistas.
Salientou-se assim, a necessidade de haver mais informação e sensibilização para as questões do género e envolvimento dos homens. Devendo o Estado apostar em Políticas de Açãões Afirmativas em setores cruciais como a Educação, Saúde, Providência Social e no Mercado de Trabalho, defendendo-se a necessidade de uma discriminação positiva das mulheres, sendo a introdução das quotas, como um dos exemplos.
As jovens raparigas presentes demonstraram claramente o engajamento na luta para a reconhecimento e afirmação social da mulher guineense tanto no contexto de origem (a Guiné-Bissau) como na diáspora. Nessa base, exortaram que deverão ser, principalmente as mulheres a lutarem pelo reconhecimento dos seus direitos.
Com este Djumbai, os jovens guineenses na diáspora, em especial os estudantes, perceberam que é necessário “Resgatar e refazer a história da Guiné-Bissau”.
Guiné-Bissau: Os militares espezinham os direitos humanos. A CEDEAO tem que reagir
Federação Internacional dos Direitos do Homem
21 de Novembro de 2012
Desde o ataque fracasado dirigido por militares contra o quartel de uma unidade de elite no dia 21 de outubro de 2012, membros do exército têm sido responsáveis de maus-tratos infligidos a líderes de partidos politicos e de graves ameaças contra jornalistas e representantes da sociedade civil. Algumas informações também revelam execuções sumárias.
Embora os motivos do ataque do 21 de outubro sigam incertos, as autoridades de transição que resultaram do golpe do 12 de abril de 2012, o qualificaram imediatemente de tentativa de golpe de Estado orquestrado pelo antigo primeiro ministro, Carlos Gomes Junior, no exílio.
No dia 22 de outubro, dois líderes políticos conhecidos por suas críticas para com a governança, os Sres. Yancuba Djola Indja, presidente do Partido da Solidariedade e Trabalho, quem é também líder da Frente Nacional Anti-golpe, e Silvestre Alves, presidente do partido Movimento Democrático, foram sequestrados e brutalmente golpeados por um grupo de militares.
No dia 27 de outubro, as autoridades militares anunciaram a detenção, em Bolama, no arquipélago dos Bijagos, do principal suposto responsável do ataque do 21, o capitão Pansau N’Tchama. Segundo algumas informações, durante essa detenção, 5 pessoas, 3 civis e 2 militares, acusados de ser cúmplices de Pansau N’Tchama, foram executados. No quadro da perseguição dos supostos responsáveis do ataque, vários agentes teriam sido detidos em lugar desconhecido.
Adicionalmente, no dia 6 de novembro de 2012, o Sr. Luís Ocante Da Silva, funcionário da empresa Guiné Telecom e amigo do General José Zamora Induta, antigo Chefe do Estado-Maior do exército, foi sequestrado na sua casa por um grupo de militares. O seu corpo sem vida foi encontrado dois dias depois no morgue do principal hospital do país.
Nesse contexto, as organizações da sociedade civil denunciam ameaças dirigidas a qualquer pessoa que se atreve a denunciar as violações dos direitos humanos cometidas pelos militares ou a criticar a governança das autoridades de transição. Jornalistas, blogueiros e defensores dos direitos humanos são particularmente afectados, o que leva alguns deles a fugir do país.
Enquanto a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está a enviar a sua missão na Guiné-Bissau (ECOMIB), em aplicação do acordo relativo á Reforma do Sector da Defesa e da Segurança, e exorta as União Africana que reconheça as autoridades de transição, as nossas organizações instam o organismo regional a denunciar publicamente as violações dos direitos humanos cometidas pelos militares, a contribuir para a protecção dos líderes de partidos políticos e dos representantes da sociedade civil, e a manter uma forte pressão sobre as autoridades de transição para que a ordem constitucional seja restaurado o mais rapidamente possível e em condições serenas.
As nossas organizações exigimos a apertura de investigações imparciais sobre o ataque do cuartel, sobre as alegações de execuções sumárias por ocasião da detenção de Pansau N’Tchama e sobre os actos de violência perpetrados contra os líderes de partidos políticos, para levar os autores de violações dos direitos humanos a tribunal e julgá-los em conformidade com o direito internacional dos direitos humanos.
As nossas organizações exortamos as autoridades de transição a que respeitem estritamente o disposto nas convenções internacionais e regionais de protecção dos direitos humanos ratificadas pela Guiné-Bissau, incluindo o relativo á libertade de expressão, de informação e de reunião, e pedimos que elas tomem todas as medidas necessárias para garantir a segurança das pessoas.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
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