segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Plantação de cajueiros tem ser reordenada


A plantação de cajueiros na Guiné-Bissau tem de ser reordenada, uma vez que essa actividade está a destruir floresta e a conduzir o país a uma situação de monocultura de rendimento, afirmou em Bissau um antigo dirigente do sector.

Constantino Correia, engenheiro florestal que dirigiu o sector entre 2004 e 2005 e que agora acompanha projectos de auto-suficiência alimentar, disse à agência noticiosa Lusa que todos os anos são abatidos entre 30 mil e 80 mil hectares de floresta para obter lenha, carvão, madeira para diferentes usos e para plantar árvores de fruto ou outros trabalhos agrícolas.

O número pode ser conservador, uma vez que tem por base o inventário florestal de 1985, o único de que o país dispõe, mas as visitas ao terreno mostram que o avanço do cajueiro lidera a pressão sobre a floresta, adiantou.

O caroço do fruto, depois de seco, é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau (que é um dos maiores produtores mundiais) e a principal fonte de rendimento de uma população em que quase 70% das pessoas vivem na pobreza (dados da ONU).

O engenheiro florestal argumentou não estar contra a produção de caju mas sim contra o facto de estar a ser mal cultivado, dizendo “não temos pomares de caju, temos matos de caju.”

Esta situação faz com que a produtividade seja muito baixa, de 500 quilogramas de castanha por hectare, contra duas toneladas por hectare na Nigéria e quase três toneladas por hectare no Vietname.

Estimativas oficiais apontam para uma exportação de 200 mil toneladas até ao final de 2015, estando o preço por quilograma pago este ano pelos compradores a atingir valores recorde, entre 670 e mil francos CFA (entre 1 e 1,65 dólares). Macauhub