segunda-feira, 18 de maio de 2015

ORANGE: Um esclarecimento do Aristides Gomes


"Aqui estou novamente Aly Silva a convidar me, à mim mesmo, ao debate enriquecedor à proposito do novo artigo anonimo denominado “ A causa das coisas” e que pretende explicar a “ causa” da actual situaçao da empresa Orange na Guiné-Bissau. O objectivo aqui é de reorientar o debate, na busca da verdade, contra as acusaçoes sobre os supostos “desvios” do meu governo, na atribuiçao da licença à essa empreza.

Infelizmente até agora nao tenho razoes de dirigir-me directamente ao autor da carta supra referida porquanto, nao so ela continua anonima, mas, sobretudo, porque a mesma ainda està longe de lançar os dados de um verdadeiro debate à saber: a identificaçao confirmavel do autor desse artigo; os dados sobre o concurso em que Orange participou (o envelope financeiro que estava em questao, os organismos nacionais e internacionais que homologaram o concurso etc); as provas documentais sobre os montantes que entraram nos cofres do Estado, enfim todo o dispositivo de provas.

Com efeito o publico alvo que me interessa é a opiniao publica que gostaria ver melhor orientada para um debate sobre as intervençoes na governaçao politica e economica do pais. Nao me interessa a capacidade de insultar, quer venham de pessoas identificadas ou mesmo de anonimos, pois nao existe atributo mais facil e cobarde que esse.

O inmportante é a capacidade de critica, na base de dispositivos probantes, nao panfletarias, condiçao fundamental para que as mesmas sejam frutiferas. Quer dizer que sejam operatorias no sentido de desmontar eventuais redes “mafiosas” dotando portanto o Estado de instituiçoes fortes e transparentes.

A esse proposito, desnecessario se torna repizar que as acusaçoes deveriam ser o resultado de apresentaçao de provas e nao o contrario, apesar de ainda nao ser tarde: estou à espera das mesmas? Talvez o anonimo tenha provas. Mesmo que assim fosse, o anonimato nao justifica, na actual situaçao em que eu, o acusado pelo anonimo, estou despido de qualquer capacidade para eventuais represalias. Alias, nao existem indicios que a qualquer momento eu tenha feito intervençoes, dessa natureza, no decurso da minha longa carreira politica.

Conclusao: é inutil insultar pois seria um mero sinal de fraqueza na argumentaçao e na capacidade de problematizaçao. Por outro lado devo lembrar que nunca fiz parte de nenhun governo ilegal ou ilegitimo ou mesmo de ditadura mas sim sempre integrei governos constitucionalmente estabelecidos em regimes democraticos. A esse respeito prontifico-me ainda para um debate publico e a minha posiçao poderia ser homologada por uma leitura do direito, por orgaos legalmente constituidos.

E mais a minha intençao nao é de defender a minha idoneidade mas sim de sugerir uma reorientaçao do debate neste pais, uma vez por todas, para o bem da verdade que nao se compadece, em situaçoes de democracia, com o simples “coba mal” anonimo.

Aristides Gomes, sociologo, investigador do INEP, Director de Estudos Estratégicos e Internacionais, Consultor senior e ex-Primeiro Ministro de um dos governos legitimos da Guinée-Bissau. Nao estou no anonimato."